OpenAI fecha acordo de pagamento por notícias com Vox, New York Magazine e The Atlantic

Criadora do ChatGPT já celebrou contratos com LeMonde, El País, Financial Times, Wall Street Journal, Associated Press, Politico e o alemão Bild

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São Paulo

A OpenAI, criadora do ChatGPT, anunciou nesta quarta-feira (29) dois novos acordos para pagar pelo uso de notícias no treinamento de seu chatbot de inteligência artificial generativa.

O grupo de jornalismo digital Vox Media —dono de Vox, The Verge, New York Magazine e The Cut, entre outros— e a revista de longas reportagens The Atlantic chegaram a um consenso com a startup de IA nas negociações sobre licenciamento de conteúdo.

A OpenAI não divulgou os valores envolvidos na operação. De acordo com a Bloomberg, os valores serão proporcionais ao número de veículos jornalísticos envolvidos na negociação.

A empresa fechou, nos últimos meses, acordos com News Corp (dona de The Wall Street Journal e The Sun), LeMonde, Prisa (dona de El País), Financial Times e com a editora alemã Axel Springer, dona do site Politico e do jornal alemão Bild. Os contratos ficam na casa dos milhões de dólares, de acordo com a imprensa internacional.

O logotipo da OpenAI brilha em azul contra um fundo escuro, projetado em uma tela com um teclado de computador iluminado em primeiro plano
Notebook com logo da OpenAI na tela, sobre teclado iluminado, em foto ilustrativa - Dado Ruvic/Reuters

Os grupos de imprensa que se entenderam com a OpenAI também receberão consultoria da criadora do ChatGPT para implementar ferramentas de inteligência artificial na redação.

A Atlantic usará o apoio para manter um site chamado Atlantic Labs, com objetivo de desenvolver ferramentas de inteligência artificial para ajudar a atividade jornalística e os leitores. A Vox, por sua vez, quer melhorar sua plataforma de dados publicitários, a Forte, e seu algoritmo de recomendação de presentes, The Strategist Gift Scout.

O acordo com The Atlantic também inclui a obrigação da OpenAI de divulgar o link para a reportagem original, quando o ChatGPT citar material da revista.

A empresa se antecipa ao risco de processos judiciais por uso indevido de material protegido por direitos autorais durante o desenvolvimento de modelos de IA.

O treinamento das atuais inteligências artificiais generativas usaram textos e imagens disponíveis na internet, sem comunicação prévia aos donos do conteúdo. Países ainda discutem se o fim do desenvolvimento tecnológico justifica a prática, como no caso da pesquisa científica, ou se a remuneração em respeito aos direitos autorais era necessária.

Por enquanto, a União Europeia definiu, em modelo já aprovado de regulação de inteligência artificial, que os donos de site devem ser notificados do uso de textos, imagens, áudios ou vídeos para treinar modelos de inteligência artificial. Também terão o direito de retirar seus conteúdos de plataformas de IA.

No Brasil, a proposta de marco regulatório em tramitação no Senado vai por um caminho similar e define necessidade de pagamento, com negociações entre desenvolvedora e produtores de conteúdo mediadas por uma autoridade própria, a SIA (Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial).

O New York Times já acionou a Justiça americana contra a startup americana e a Microsoft, principal patrocinadora da OpenAI, por violação de direitos autorias. A petição do jornal nova-iorquino, além de compensação financeira, pede que o ChatGPT seja retirado do ar, se o material do jornal não for excluído da memória do modelo de IA.

Mais grupos de mídia americanos, como The Intercept, ingressaram com ações parecidas.

Google e Meta, que citam textos de toda a internet como fonte para desenvolvimento de modelos de inteligência artificial, não anunciaram planos para licenciar reportagens usadas no processo.

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