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Emirados Árabes são uma festa VIP para quem quer diversão e arte

Se luxo e fantasia definem Dubai, a vizinha Sharjah é um império de museus e galerias

A instalação ‘Rain Room’

A instalação ‘Rain Room’ (sala da chuva), na Sharjah Art Foundation  Bruno Molinero/Folhapress

Sharjah

Os Emirados Árabes Unidos lembram essas festas cujos ingressos custam quase um salário mínimo. Sete regiões administrativas —uma confederação de monarquias— formam o país no Golfo Pérsico onde termômetros marcam quase 45ºC.

Cada emirado tem sua personalidade. Se Dubai pode ser comparada a uma balada VIP, a vizinha Sharjah, que é bem menos conhecida pelos viajantes, é a cena “artsy”.

Enquanto a primeira região se consolidou como a disneylândia dos muito endinheirados, repleta de shoppings centers de luxo e de eventos próprios para quem quer ostentar e ser visto, a segunda se preocupa mais em atrair outro tipo de público —sem abrir mão do estilo árabe suntuoso e dos preços salgados, que são ainda mais impactantes para turistas brasileiros, nestes tempos de dólar alto e real desvalorizado. 

Sharjah está a cerca de 30 quilômetros de Dubai. A cidade, que pode ser facilmente acessada de táxi, é um destino especial para gente interessada em arte e cultura.

Tanto é assim que foi nomeada Capital Cultural do Mundo Árabe pela ONU em 1998.

Por outro lado, a lei islâmica é aplicada com rigor por lá. O emirado, um dos mais restritivos, passa por cima de algumas liberdades individuais que estão consolidadas no mundo ocidental e reprime até roupa de turista.

Sharjah tem um vínculo forte com a literatura. Por isso foi homenageada na Bienal do Livro de São Paulo de 2018, que apresentou 40 livros de autores locais, todos traduzidos para o português e distribuídos no evento. 

Também foi eleita pela Unesco como a Capital Mundial do Livro de 2019 (uma cidade é escolhida todo ano com base no seu incentivo à leitura e indústria editorial).

O governo administra 16 museus, além de bibliotecas, galerias e centros culturais. Há instituições especializadas em caligrafia árabe, descobertas da ciência, história da religião islâmica, arqueologia e carros antigos, por exemplo. O calendário de exposições dura o ano todo e é a principal atração para os visitantes.

O total de museus de Sharjah pode até não impressionar, considerando-se que, em São Paulo, só o Butantã (onde fica a USP) conta hoje com 13. Mas as instalações fazem o queixo do estrangeiro cair. 

Grande parte dos prédios foi construída nos últimos anos. São equipamentos projetados para provocar deslumbramento visual e ajudam a compor um horizonte de edifícios que parecem competir entre si para ver qual é o mais faraônico, o mais alto, o mais espelhado, o mais luxuoso.

Ostentação que não se restringe à arquitetura, mas se estende aos acervos. E não só com peças raras.

Para um país criado na região desértica do Golfo Pérsico, existe algo que reluz mais do que ouro: água. É aí que se destaca o aquário local, que conserva mais de 150 espécies nadando em 1,8 milhão de litros, assim como a mais nova atração da Sharjah Art Foundation, chamada de “Rain Room” (sala da chuva, em português).

A instalação foi desenvolvida em 2012 pela dupla de artistas alemães Hannes Koch e Florian Ortkrass.

Exibida pela primeira vez em Londres, foi destaque no ano seguinte no MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York. 

O espaço nada mais é do que uma sala escura onde água despenca do teto, como se fosse uma chuva forte. Quando visitantes entram no local, sensores de movimento detectam sua presença e suspendem o toró no lugar específico onde eles estão. Assim, é possível caminhar no meio da tempestade artificial sem ficar ensopado.

Neste ano, a obra foi comprada pela Sharjah Art Foundation, onde ficará aberta permanentemente para quem deseja se refugiar do clima sem estações chuvosas do país. Para isso, é preciso desembolsar 25 dirham (cerca de R$ 26) e provar que o velho ditado está errado. É possível, sim, estar na chuva sem se molhar.

Se tanto Sharjah quanto Dubai fazem parte do mesmo país e contam com os mesmos gordos financiamentos vindos dos petrodólares, o que explica a diferença de perfil entre os dois emirados?

A resposta está ligada ao sistema político e a quem está no poder. Cada emirado é governado por um xeque, que tem poderes soberanos.

O xeque de Sharjah é Mohammed Al-Qasimi, 79.

Colecionador de arte, autor de dezenas de livros e garimpeiro de diplomas em universidades internacionais, é um incentivador da cultura. 

É ele quem orienta a compra de obras, a construção de museus, o perfil das universidades e as estratégias na área de cultura, como por exemplo a de montar pequenas bibliotecas nas casas das pessoas e a de patrocinar uma das maiores feiras literárias do Oriente Médio, cuja edição deste ano ocorre de 31 de outubro a 10 de novembro. 

Por outro lado, o xeque é também um fiscalizador das rígidas leis islâmicas em Sharjah. Mulheres e homens, mesmo sendo turistas estrangeiros, não devem vestir em público roupas que permitam a visualização dos joelhos, da barriga ou das costas. 

Além disso, o consumo de álcool é proibido em qualquer circunstância, mesmo dentro dos hotéis. Em compensação, café é servido em toda parte de Sharjah. Mais aguada do que no Brasil, a bebida é preparada com cardamomo, açafrão e outros temperos.

Pacotes de viagem

A Turkish Airlines vai inaugurar, em abril de 2019, uma rota entre São Paulo e Sharjah, nos Emirados Árabes. As passagens de ida e volta, na classe econômica, estão com preço promocional até 24 de novembro: US$ 799 (R$ 2.980), sem taxas
 

US$ 320 (R$ 1.193) 
4 noites em Dubai, na Top Brasil 
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui safári pelo deserto, cruzeiro e traslados. Sem passagem aérea
 

R$ 3.925 
5 noites em Sharjah, na Expedia  
Pacote com saída em 25 de novembro. Hospedagem em quarto duplo, sem regime de alimentação e sem passeios. Inclui passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos, em SP
 

US$ 1.207 (R$ 4.502) 
7 noites em Dubai e em Abu Dhabi, na New Age 
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui visita a Sharjah, traslados e seguro-viagem. Sem passagem aérea
 

US$ 1.320 (R$ 4.923) 
7 noites em Dubai, na Lufthansa  
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui visitas a Abu Dhabi, Sharjah e Ajman e traslados. Sem passagem aérea
 

R$ 5.010 
5 noites em Dubai, na CVC  
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios panorâmicos, ingresso para o parque Ferrari World e traslados. Sem passagem aérea
 

US$ 1.684 (R$ 6.281) 
7 noites em Dubai, na Venice
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeio panorâmico com guia, ingresso para o Museu de Dubai, traslados e seguro-viagem. Sem passagem aérea
 

US$ 1.800 (R$ 6.714) 
5 noites em Dubai e em Abu Dhabi, na Tereza Ferrari
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Sem passagem aérea

O jornalista viajou a convite da Sharjah Book Fair
 

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