'Instalação' na estátua do herói traduz o humor em Glasgow

Com aprovação da população, cone de trânsito está há décadas sobre a cabeça do Duque de Wellington

Estátua de homem montado em cavalo, com cone na cabeça
Estátua do Duque de Wellington no centro de Glasgow, na Escócia - Everton Lopes Batista/Folhapress
Everton Lopes Batista
Glasgow (Escócia)

​Letras gigantescas na parede de um prédio podem ser vistas de diversos pontos do centro de Glasgow, a maior cidade da Escócia. "People Make Glasgow" (as pessoas fazem Glasgow), diz a inscrição.

E basta interagir com alguns dos 620 mil habitantes da cidade para entender totalmente o significado da frase. Sempre sorrindo para o visitante, eles demonstram uma disposição imensa para ajudar e um refinado senso de humor.

No centro da cidade está um símbolo que traduz muito bem esse humor dos nativos: a estátua do Duque de Wellington, que derrotou Napoleão em Waterloo, em 1815. Sobre a cabeça do herói, um cone de sinalização de trânsito.

Segundo uma das versões da história, o objeto foi colocado ali na década de 1980, por um estudante bêbado que escalou o monumento. E permanece lá desde então, com o apoio da maior parte da população.

Em 2013, a prefeitura tentou remover o cone da cabeça do Duque, como a estátua é conhecida. Depois de uma petição com milhares de assinaturas e ações nas redes sociais, o plano foi derrubado.

Quem vai conhecer a "instalação" na estátua do Duque deve aproveitar para ver também a Galeria de Arte Moderna, bem atrás da estátua. E a poucos passos está um dos marcos locais, a George Square, praça rodeada pelos edifícios mais bonitos da região.

Para chegar ao centro, a estação de metrô mais bem localizada é a Buchanan Street, que tem saída para a rua homônima, principal área de comércio por ali.

Andando por 20 minutos a partir do centro, ladeira acima, o visitante encontra a catedral de Glasgow, construção medieval de mais de 800 anos.

A visitação ao local é gratuita, e a Necropolis, cemitério vitoriano no topo da colina, atrás da igreja, atrai também muitos turistas. Dali é possível ver toda a cidade e encontrar ângulos da catedral que só podem ser vistos de cima.

Roteiro gratuito une ciência e mundo de Harry Potter

Glasgow mistura o moderno e o antigo. Construções centenárias convivem com grafites espalhados por bairros cheios de jovens, que vêm do mundo todo para estudar em suas universidades.

A mais conhecida, a Universidade de Glasgow, fundada em 1451, é a quarta mais antiga do Reino Unido e foi a casa de um dos físicos mais famosos do mundo, lorde Kelvin, criador da escala de temperatura que leva seu nome.

Na área de Hillhead, onde fica o campus da universidade, as principais atrações turísticas levam o nome do cientista, que carregou em vida o título de barão de Kelvin em referência ao rio que passa ao lado de seu laboratório.

Para fazer um roteiro gratuito pela instituição, o visitante recebe, na loja da entrada principal da universidade, um panfleto com todas as atrações do local.

Na loja, estão à venda artigos que levam a marca da instituição, mas há também produtos do mundo de Harry Potter. Isso porque, ao andar por ali, é quase inevitável não se lembrar do castelo de Hogwarts.

Embora J. K. Rowling morasse em Edimburgo (a 80 km dali) quando começou a escrever a série, Glasgow também tenta pegar a onda do turismo inspirado no bruxo.

No mundo real, a universidade abriga a casa de Kelvin, ponto de peregrinação para estudiosos da termodinâmica, principal área de pesquisa do cientista.

O personagem ilustre, porém, nasceu em Belfast, na Irlanda do Norte, e só se mudou para Glasgow com oito anos.

Outro estudioso rivaliza com lorde Kelvin por prestígio dentro da instituição. Quase cem anos antes da chegada do físico, Adam Smith se matriculava para cursar filosofia moral na Universidade de Glasgow.

Anos mais tarde, Smith se tornaria um economista famoso, escreveria "A Riqueza das Nações" (1776) e seria eleito reitor da universidade.

Atravessando o rio Kelvin, chega-se ao museu Kelvingrove, um dos mais visitados da Escócia. Com entrada gratuita, o espaço abriga exposições que vão da história natural à arte contemporânea.

Um dos destaques é a exposição permanente "Glasgow Boys", reunião de mais de 60 pinturas de um grupo de artistas que viveu na cidade e ganhou notoriedade na década de 1880.

Para fechar o passeio pelas ruas do entorno, o aconselhável é uma caminhada mais longa na direção da estação de metrô de Hillhead, passando pela Ashton Lane, uma viela com vários restaurantes e um cinema charmoso.

A partir do local, em 15 minutos a pé é possível alcançar o jardim botânico da cidade, que tem duas estufas repletas de espécies de plantas de diversas partes do mundo.

No caminho entre Hillhead e o centro da cidade fica o Science Centre, um museu interativo de ciências.

Construído às margens do rio Clyde, principal curso d'água de Glasgow, o local oferece experiências para quem se interessa por ciências e quer aprender um pouco mais. Os ingressos custam £ 11,50 (R$ 57) para adultos e £ 9,50 (R$ 47) para crianças.

O turista deve estar atento à estação em que pretende ir à cidade. As melhores são a primavera (março a maio), quando os dias já são mais longos e não tão frios (entre 5º C e 20º C), ou o verão, entre junho e agosto (até 27º C).

Mesmo com longos períodos de luz solar, que vão de 5h até perto de 22h, a cidade respeita o horário comercial. A maior parte dos museus, por exemplo, abre entre 10h e 17h.

O recomendado é reservar esses horários para os museus e o comércio e aproveitar o início da noite ensolarada nos parques e praças.

O jornalista viajou a convite da Roche

Sinta-se lá

Eleanor Oliphant Está Muito Bem
Gail Honeyman, ed. Fábrica 231, R$ 49,90 (352 págs.)

Ela é uma mulher solitária, fazendo um trabalho comum em um escritório e usando o álcool para escapar de sua realidade.

Nas primeiras páginas de "Eleanor Oliphant Está Muito Bem", da escritora escocesa Gail Honeyman, a vida da personagem é retratada como monótona.

Após ajudar, por acaso, um estranho que passa mal nas ruas de Glasgow outras camadas da sua trajetória começam a se revelar.

Depois do incidente, ela passa a ter que interagir com desconhecidos, e seu passado volta à superfície.

A disposição e o calor dos habitantes da cidade vão aos poucos quebrando a casca de Eleanor, em episódios às vezes cômicos, às vezes extremamente sensíveis.

A autora, descoberta em uma competição de novas escritoras, recebeu em 2017 o prêmio Costa para romances de estreia por esse livro.

Pacotes para Glasgow

R$ 2.340
5 noites em Glasgow, na Submarino Viagens 
Estadia em acomodação dupla sem café da manhã. Inclui passagem aérea a partir de Guarulhos (SP). Preço por pessoa

US$ 1.365 (R$ 5.227)
8 noites, na New Age 
Roteiro com uma noite em Glasgow e uma em Edimburgo, na Escócia, e três em Londres, duas em Liverpool e uma Harrogate, na Inglaterra. Inclui hospedagem com café da manhã, traslados e seguro-viagem. Sem aéreo

R$ 5.363
12 noites em Glasgow, na CVC 
Hospedagem em quarto duplo, sem café da manhã. Inclui aéreo a partir de Guarulhos (SP). Preço por pessoa

R$ 6.260
4 noites em Glasgow, na Expedia
Pacote com estadia em quarto duplo, sem café da manhã. Inclui passagem aérea a partir de Guarulhos (SP). Embarque em 12 de janeiro de 2019

€ 3.499 (R$ 15.255)
14 noites, na RCA 
Com duas noites em Glasgow, uma em Aviemore e duas em Edimburgo, na Escócia, e cinco em Londres, uma em Stratford-Upon-Avon, duas em Liverpool e uma em York, na Inglaterra. Com estadia e café da manhã, sem passagem aérea

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