Cruzeiros no Caribe têm lazer além de opções a bordo

Excursões levam a ilhas com picos vulcânicos, praias cinematográficas e bairros históricos

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A imagem mostra uma praia com areia clara e águas calmas e transparentes. No horizonte, há colinas e alguns barcos ancorados na água. O céu está azul com algumas nuvens brancas esparsas.

Magens Bay, nas Ilhas Virgens Americanas - Elvis Pereira/Folhapress

San Juan (Porto Rico)

A mensagem de "bem-vindo ao paraíso" da guia turística soa pretensiosa. Mas, na manhã de uma terça, quem a ouve está num catamarã ocupado confortavelmente por mais 19 passageiros. Bebidas são servidas à vontade antes das opções de entrada e de almoço, preparadas na hora. Da embarcação, que avança deixando a capital, Castries, rumo a outro ponto da Ilha de Santa Lúcia, pode-se apreciar a paisagem do mar caribenho.

Ok, isso não é o Éden. Porém, entre os meros mortais, aquela guia tampouco cometeu uma blasfêmia.

Todos os passageiros ali são originalmente de outra embarcação, o Viva, que de dezembro a abril faz um cruzeiro de sete dias pelo Caribe tendo San Juan, a capital de Porto Rico, como ponto de partida e de chegada.

Voltando ao catamarã, o destino é a região dos Pitons, dois picos vulcânicos que ficam numa área considerada patrimônio da humanidade pela Unesco e com pouco mais de 700 metros de altura a partir do mar (há trilhas para se chegar ao topo depois de duas horas de caminhada). São cerca de 40 minutos até um porto, cercado por água cristalina.

Em terra, o roteiro prevê a visita a um empreendimento familiar no qual é adotada a técnica de aquaponia, que consiste num sistema que une produção de peixes e agricultura, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis. A ideia ali é ter brevemente contato com um local, que com orgulho mostra sua propriedade.

Ao longo do trajeto pela ilha, formado por uma rodovia de pista simples e sinuosa, é possível conhecer os picos Gros Piton e Petit Piton de diferentes ângulos —a última erupção na ilha foi em 1766—, as porções de floresta ao seu redor e, também, deparar-se com alguns pontos em que há vapor saindo do solo.

De volta ao catamarã, o próximo ponto de passagem é a pequena baía Marigot, onde se veem placas com o nome Dr. Dolittle por todos os lados. A referência é ao filme homônimo, mas não com Eddie Murphy ou Robert Downey Jr., e sim à primeira versão de 1967.

A embarcação sai da baía e, passados poucos minutos, para em um ponto em que o mar está calmo. Os ocupantes do barco ganham, então, 20 minutos para mergulhar. Aqueles com mais fôlego recolhem um snorkel e nadam até um ponto no qual são vistos peixes.

Encerrado o tempo, todos sobem novamente no catamarã, que retorna na hora do pôr do sol ao porto em que está atracado o navio da Norwegian.

Esse é um dos 127 passeios oferecidos aos passageiros do cruzeiro, que prevê paradas em seis destinos caribenhos, um por dia. Na maioria deles, ao turista é dado o período de 8h30 para conhecer os locais —recomenda-se, aliás, estar de volta ao menos meia hora antes do fim do prazo, pois o navio parte religiosamente no horário marcado.

Os preços desses passeios, cobrados à parte, variam de US$ 49 (R$ 250) a US$ 459 (R$ 2.320) por adulto. Também é possível dispensá-los e explorar as ilhas por conta própria, contanto que se atenha ao horário: só no caso dos passeios associados ao cruzeiro, se houver atrasos, o navio esperará. Nos demais, partirá e deixará os retardatários para trás.

Estima-se que, a cada dia desse cruzeiro, metade dos cerca de 3.000 passageiros não arrede o pé do navio. Nesse grupo, a maioria é de porto-riquenhos, acostumados com as atrações caribenhas e que se mantêm ocupados com as opções a bordo, entre as quais spa, karaoke, piscina, kart, bares, restaurantes, musical da Broadway, shows e cassino.

A outra metade não perde a chance de desembarcar a cada parada. Para esse grupo, há a possibilidade, por exemplo, de conhecer praias como a Long Bay, nas Ilhas Virgens Britânicas. Na praia de água esverdeada e cercada por vegetação, as poucas dezenas de turistas –famílias e casais– dispensam o aluguel de cadeiras com guarda-sol e se acomodam na areia limpa.

Outra praia, Magens Bay, noutras ilhas virgens, as Americanas, atrai público parecido e é um pouco mais cheia, mas bem longe da lotação de uma Copacabana num domingo quente. Ali o cenário é de borboletas brancas voando e aves mergulhando. Dentro do mar, sem ondas, enxerga-se com nitidez o solo, mesmo estando a mais de dois metros deste.

Para chegar a essas duas praias, é necessário usar um carro. Já em São Martinho, dá para seguir a pé do porto em que o navio atraca até uma praia vizinha, Great Bay, que repete o cenário de água esverdeada e calma para banho. Outra opção é ir de bicicleta, como parte de um tour histórico que cruza parte da ilha, onde uma metade é ligada a franceses e a outra, a holandeses e cujo Carnaval, dizem por lá, dura seis semanas.

Igualmente carrega uma veia histórica um passeio por Barbados, mas não sobre as origens da cantora Rihanna, homenageada, por exemplo, com um monumento em uma praça de Bridgetown. A meia hora de carro do porto, fica a Sunbury Plantation House, uma casa construída por volta de 1660 em uma fazenda de cana-de-açúcar.

No imóvel, preservam-se itens de mobília do século 19, com quartos e salas configurados como se seus antigos moradores ainda vivessem por lá. Na entrada do imóvel, formam o piso tijolos que um dia serviram de lastro em navios que saiam da Europa rumo à ilha caribenha.

Ainda no clima histórico, o bairro Old San Juan, na capital porto-riquenha, pode ser visitado antes de embarcar no cruzeiro ou depois de desembarcar. Com suas ruas estreitas repletas de lojas e restaurantes em imóveis coloridos, a área reúne duas fortalezas, uma cujas obras começaram no século 16 e outra no século 17. Ambas ficam abertas à visitação.

Com tantas opções, talvez a melhor maneira de se aproveitar um cruzeiro seja não ficar dentro do navio o tempo inteiro.

O jornalista viajou a convite da Norwegian Cruise Line

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