Descrição de chapéu Eleições 2022

Eleitor mostrou que ratifica bolsonarismo e lulismo, diz editora sobre disputa nos estados

Jornalistas da Folha comentam, em live da TV Folha, os pleitos regionais e seus reflexos na eleição presidencial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O primeiro turno das eleições deixou um saldo de 12 estados brasileiros que ainda decidirão seus próximos governantes.

Nesses locais, muitos candidatos devem pisar em ovos antes de declarar apoio à disputa presidencial, em assunto que foi tema de transmissão ao vivo da TV Folha nesta quarta (5).

Ex-presidente Lula participa de evento do PT em Brasília (Pedro Ladeira/Folhapress); à dir, o presidente Jair Bolsonaro participa do Dia do Soldado na Concha Acústica do Exército, em Brasília (Gabriela Biló/Folhapress)

Para Juliana Coissi, editora da Agência Folha, o eleitorado deu um sinal muito claro de que quer continuidade. "O eleitor mostrou em muitos estados que ele ratifica a força do bolsonarismo e do lulismo." A jornalista concorda que o bolsonarismo mostrou não ser uma onda que vai passar, mas algo que já está cristalizado no cenário político brasileiro.

Na Bahia, ACM Neto (União) defende que o partido não deve apoiar Bolsonaro no segundo turno e deve optar pela neutralidade, conta João Pedro Pitombo, repórter da Folha em Salvador. "Lula é muito forte na Bahia, o Bolsonarismo ficou no patamar de 24% [no primeiro turno]. Então, desde o primeiro momento, ACM Neto evitou se associar ao presidente Bolsonaro", diz. "Por outro lado, não faz sentido apoiar Lula porque ele tem um adversário 100% lulista [Jerônimo Rodrigues, do PT]."

Em Pernambuco, nenhuma das candidatas que disputam o segundo turno —Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB)— deve sinalizar apoio ao atual presidente, devido à força do lulismo no estado.

Já o Rio Grande do Sul observa um quadro oposto. Eduardo Leite (PSDB) apoiou Simone Tebet (MDB) no primeiro turno. "Há uma cobrança que Leite apoie Lula. Ele tem que fazer um movimento com muita cautela, pois ele não quer perder os votos do eleitor votou simultaneamente nele e em Bolsonaro", diz Pitombo.

"E tem gente dentro da equipe dele declarando voto a Bolsonaro", diz Eduardo Scolese, editor de Política da Folha, sobre as pressões que atuam sobre a campanha de Leite neste segundo turno.

"Mais surpreendente foi Rodrigo Garcia (PSDB), que está fora do segundo turno, que fez sérias críticas ao bolsonarismo, e acabou de forma enfática declarando apoio a Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Bolsonaro", afirma Scolese.

Para Ítalo Nogueira, repórter da Folha no Rio de Janeiro, o apoio dos vencedores das disputas estaduais no primeiro turno é importante, é significativo, mas não necessariamente é decisivo.

Muitos analistas estão atentos ao eleitorado mineiro, uma vez que, historicamente, o candidato a presidente mais votado no estado é quem acaba subindo a rampa do Palácio do Planalto. "Regiões do estado, que mimetizam nordeste, sudeste e sul do país, acabam se espelhando na votação de Minas", diz Juliana Coissi.

"Lula ganhou em Minas, mas se você olhar as 20 cidades mineiras mais populosas, como Belo Horizonte, Uberlândia e Contagem, Bolsonaro ganhou", lembra Coissi.

"Minas Gerais tem um histórico de reproduzir o resultado da eleição nacional", diz Nogueira, que chama atenção para o fenômeno dos votos locais que vão em direção oposta, isto é, uma mesma região vota, em peso e simultaneamente no lulismo na disputa federal e no bolsonarismo na corrida estadual.

Nogueira lembra das eleições de 2006, quando o estado escolheu Lula e Aécio Neves. Por mais que o tucano tenha apoiado o então oponente do líder petista, ele não foi capaz de tirar votos de Lula.

"O peso do governador em MG não é tão forte. O fato do antipetismo ter sido o mote da campanha do Romeu Zema (Novo), é difícil medir qual é a força do posicionamento do governador mineiro nesse sentido", diz Nogueira.

Já no Rio de Janeiro, o segundo turno deve fazer com que a campanha de Bolsonaro adote uma estratégia que por muito tempo foi usada pelo PT: o histórico bom relacionamento do governante fluminense com o governo federal.

Por lá, Cláudio Castro (PL) foi reeleito, tendo sido o mais votado em 91 dos 92 municípios do estado.

Por isso, as terras fluminenses devem representar um desafio para o PT neste segundo turno. "Em Maricá, por exemplo, que é reduto do PT, Bolsonaro ganhou", lembra Ítalo Nogueira.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DE TRANSMISSÕES AO VIVO DA TV FOLHA:

4.out, terça-feira - Participação dos jovens na eleição

Marina Lourenço - repórter da Folha
Mateus Camillo - editor de Interação da Folha
Isaurora Cláudia Martins de Freitas - doutora em sociologia e professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú
Txai Suruí, ativista indígena e colunista da Folha

5.out, quarta-feira - Balanço dos estados

Eduardo Scolese - editor de Política da Folha
Juliana Coissi - editora da Agência Folha
Ítalo Nogueira - repórter da Folha no Rio
João Pedro Pitombo - repórter da Folha em Salvador

6.out, quinta-feira - As eleições na internet

Patrícia Campos Mello - repórter especial da Folha
Francisco Brito Cruz - diretor do InternetLab, mestre em direito pela USP
Camila Mattoso - diretora da sucursal de Brasília da Folha

7.out, sexta-feira - Datafolha 2° turno e estados

Bruno Boghossian - colunista da Folha
Mônica Bergamo - colunista da Folha
Luciana Chong - diretora do Datafolha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.