Condenação de Lula deve levar a debate jurídico, avaliam repórteres
O teor da decisão do juiz Sergio Moro de condenar, por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, deve render discussões jurídicas, na avaliação de jornalistas da Folha que acompanham o caso.
A condenação, divulgada na tarde desta quarta-feira (12), foi tema de debate promovido pela TV Folha entre Igor Gielow, repórter especial do jornal, e Flávio Ferreira, repórter de "Poder".
Ferreira destacou que a sentença foi uma das maiores escritas por Moro na Lava Jato, graças a descrições detalhadas de documentos e provas, mas ressaltou que o "link" usado pelo magistrado para conectar o esquema de corrupção na Petrobras e a denúncia de que o tríplex de Guarujá (SP) era mesmo de Lula deve ser questionado.
"Acho que vai abrir margem para uma grande discussão jurídica, ele não entrou em pormenores da teoria do domínio do fato", disse o repórter de "Poder". "Devemos ter gente questionando esse argumento."
Gielow afirmou que Lula "está carimbado na testa" com uma sentença de corrupto e que deve adotar como estratégia usar a decisão de Moro como uma prova de que ele é "um mártir", vítima de perseguição pela Lava Jato para que não volte ao poder. O petista lidera as pesquisas de intenção de voto para 2018.
"Isso pode reforçar a população que já é convertida ao PT", disse. "Mas seu patamar de rejeição, que já é grande, pode piorar muito. Até o Judiciário, no TRF-4 pode ser pressionado."