Para ministro alemão, investimento em economia verde é saída para crise

O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier, defende um esforço internacional para que a Rio+20 tenha êxito. "Grandes conferências das Nações Unidas sobre a sustentabilidade só acontecem a cada dez anos", disse Altmaier numa entrevista por email à Folha, a primeira a um jornal brasileiro após assumir o cargo, no dia 22 de maio.

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A Rio+20 "oferece a oportunidade de estabelecer novos padrões no caminho rumo a uma economia sustentável, uma economia verde. E todos sabem que no século 21, temos que superar a contradição destruidora entre economia e ecologia", disse Altmaier.

O ministro afirmou que a conferência pode ser um sucesso porque "todos os participantes estão conscientes da urgência da agenda do Rio".

Mas na sexta-feira Altmaier disse à televisão alemã ZDF que está "cético" quanto ao sucesso da conferência. Disse que o aumento da população mundial e o crescimento econômico de várias regiões do mundo significava aumento no uso de matérias-primas, degradação do ambiente e desmatamento.

Altmaier vai representar a Alemanha na Rio+20 junto com o Ministro de Cooperação Econômica e Ajuda ao Desenvolvimento, Dirk Niebel. A chefe do governo alemão, Angela Merkel, não participa da Rio+20. Sua ausência foi duramente criticada pela oposição alemã e por grupos de preservação do meio ambiente. O ministro embarca no domingo (17) para o Brasil.

Leia os principais trechos da entrevista de Altmaier à Folha:

Economia sustentável:
Segundo Altmaier, os setores da chamada economia verde, como o setor de energia renovável, têm um crescimento entre 5 e 6% por ano. Investir na economia verde seria então "uma saída importante para a crise econômica atual". Afirmou que, no mundo inteiro, a consciência de produzir de forma sustentável vem crescendo.

Resultados da conferência:
Chegar a um acordo sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável seria "não só um sinal importante que estamos levando a sério o desenvolvimento sustentável a nível mundial, mas também uma forma de se poder controlar os progressos feitos".

Criação de uma organização mundial do meio ambiente
O ministro alemão apoia elevar o status do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), posição com a qual alguns países, como Brasil, não concordam.
"Essa organização poderia assumir a liderança na proteção ao meio ambiente, o que falta visivelmente hoje em dia, e avançar nesse sentido", disse. Ele admitiu que ainda há muitas divergências a respeito do tema, mas disse que isso é "absolutamente normal" para uma conferência dessa importância.

A atual estrutura das Nações Unidas nos setores do meio ambiente e da sustentabilidade é, segundo ele, antiquada: "É como usar um computador dos anos 70 para navegar na internet de hoje."

Por isso, também apoia a criação de um conselho de desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas e de um posto de alto comissário da ONU sobre o desenvolvimento sustentável.

Ausência de Merkel na Rio+20:
Altmaier não quis falar sobre a ausência da chanceler, mas negou que a decisão tenha alguma relação com as mudanças no Código Florestal no Brasil, duramente criticado internacionalmente.

Código Florestal:
Altmaier disse que a reforma do Código Florestal deve contribuir para a proteção da mata brasileira e do clima. Ao mesmo tempo, sublinhou que também era necessário controles estritos para que a lei seja cumprida. "Infrações necessitam ser punidas."