Eleições na Catalunha devem estimular separatismo; conheça movimentos pró-independência na Europa
Neste domingo (27), a Catalunha vai às urnas em eleições legislativas que, segundo as pesquisas de opinião, deve terminar com a maioria da Casa na mão de partidos pró-independência da região.
Barcelona não é o único foco de movimentos semelhantes na Europa. Conheça outras regiões que ameaçam alterar as linhas do mapa político do continente.
Movimentos separatistas na Europa | ||
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País Basco
O movimento independentista reivindica a autonomia da região cultural basca, entre a Espanha e a França, que engloba as cidades de Bilbao, Navarra (na primeira) e Biarritz (na segunda), entre outras. Uma das organizações separatistas bascas mais conhecidos é o terrorista ETA, que, após diversos atentados ao longo do século 20, decretou cessar-fogo permanente em 2011.
Vincent West - 22.ou.2011/Reuters | ||
Placa diz "O País Basco Quer uma Solução" em frente a multidão em Bilbao durante manifestação a favor da independência da região |
Irlanda do Norte
A Irlanda tem uma história de movimentos separatistas de sua população majoritariamente católica contra o domínio britânico que remonta ao século 19. Após a independência da maior parte da ilha, em 1922, diversos movimentos, muitos de viés terroristas, lutaram pela independência também da Irlanda do Norte.
Um movimento de terceira via também existe, defendendo a independência tanto de Londres quanto de Dublin. A ideia ganhou força a partir do fechamento do Parlamento da Irlanda do Norte, em 1972. Atualmente, a principal organização política dos separatistas é o Ulster Third Way (terceira via do Ulster), liderado por David Kerr.
Cathal McNaughton - 11.set.2015/Reuters | ||
Pintura feita em muro de Belfast, na Irlanda do Norte, reivindica independência do Reino Unido |
Escócia
Um referendo chegou a ser realizado em setembro de 2014 para decidir a independência ou não da Escócia em relação ao Reino Unido. O "Não" venceu com 55,3% dos votos. Os escoceses, que só conseguiram restabelecer um Parlamento próprio em 1999, têm disputas constantes com Londres por mais autonomia.
Andy Buchnan - 21.set.2013/AFP | ||
Manifestantes em Edinburgo fazem campanha em favor do "Sim" no referendo pela independência da Escócia, que terminou com a derrota dos separatistas |
País de Gales
Atualmente, o principal partido pró-separatismo galês, o Plaid Cymru conta com três cadeiras de um total de 40 reservadas ao país no Parlamento britânico, e 11 das 60 cadeiras no Parlamento local. Nas últimas décadas, a corrente principal do nacionalismo do país se concentrou na luta por mais autonomia sobre as decisões regionais. O País de Gales, assim como a Escócia, ganhou um Parlamento próprio após referendo em 1997, aprovado por uma margem pequena de votos: 50,3% a favor da criação da casa.
Leste da Ucrânia
Após a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Moscou, em fevereiro de 2014, Kiev adotou uma linha de governo alinhada com o Ocidente. Desde então, diversos grupos separatistas têm surgido no leste do país. Em Donetsk e Lugansk, grupos armados cercaram prédios governamentais e assumiram o controle administrativo de suas respectivas regiões. Referendos não reconhecidos por Kiev foram realizados. A Rússia nega ter apoiado politica e militarmente os movimentos.
Alexey Filipov - 7.set.2015/AFP | ||
Apoiadores da autodeclarada República Popular de Donetsk desfilam em evento que lembra o fim da ocupação da região pelos nazistas |
Transnístria
A região, uma faixa de terra entre a Ucrânia e o rio Dnieper, tem uma Constituição e uma bandeira próprias, mas não é reconhecida como independente por nenhum Estado-membro da ONU. Ela reivindica sua secessão da Moldávia desde a criação desta, após a dissolução da União Soviética. Uma guerra se encontra oficialmente sob cessar-fogo desde 1992.
9.mai.2014 - Efe | ||
Soldados participam de parada militar em Tiraspol, capital da autodeclarada Transnístria |
Kosovo
A República de Kosovo declarou independência da Sérvia em fevereiro de 2008, tendo recebido o reconhecimento de 108 Estados-membros da ONU —entre os quais não figura o Brasil. A Sérvia, no entanto, enquanto reconhece a autonomia do território, não o considera um Estado separado.
Armend Nimani - 17.fev.2012/AFP | ||
Membros da Força de Segurança de Kosovo participa das comemorações do aniversário da declaração de independência da região, em Pristina |
Flandres
Atualmente, o movimento pela independência flamenga, do norte da Bélgica, em relação à Valônia, no sul, possui uma adesão popular mínima. A principal bandeira do movimento flamengo na Bélgica é a manutenção de sua cultura e do uso corrente da língua holandesa —poucos valões, cuja língua materna é o francês, falam holandês fluentemente.
georges Gobet - 29.mar.2011/AFP | ||
Manifestantes seguram bandeiras da Bélgica contra demora na formação de um governo de coalizão após eleições, em Bruxelas, em 2011; crise aumentou insatisfação de flamengos com governo central na época |
Vêneto
Com o agravamento da crise econômica, a região italiana tem ganhado mais adesões de um movimento separatista, que pretende restaurar os domínios da então próspera República de Veneza do século 16. Até mesmo um referendo, não oficial, feito por internet, chegou a ser organizado em 2014 —o resultado, amplamente contestado, apontou 89,1% de votos a favor da independência.
Chipre do Norte
Em 1974, um golpe de Estado no Chipre orquestrado para que a Grécia anexasse o país resultou na invasão de tropas turcas no norte da ilha. Nove anos depois, o Chipre do Norte declarou independência, mas seu status é reconhecido apenas pela Turquia, país do qual a região é fortemente dependente desde então.
Tarik Tinazay/AFP | ||
Pintura de enorme bandeira turco-cipriota é vista na encosta dos montes Besparmak, ao norte da capital, Nicosia |