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Filho de iraniana condenada à morte pede ajuda da ONU
FABRÍCIA PEIXOTO
DA BBC BRASIL EM BRASÍLIA
Um dos filhos da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento pelo crime de adultério, divulgou nesta quinta-feira uma carta endereçada às Nações Unidas (ONU), solicitando a ajuda do organismo internacional no caso.
"Pedimos à ONU que se envolva neste caso, que uma comissão neutra internacional seja enviada ao Irã para analisar todas essas questões", disse o jovem Sajjad, de 22 anos.
Na carta, o filho de Sakineh diz que "há cinco anos tem pesadelos com sua mãe sendo apedrejada" e que tem certeza de sua inocência.
"Temos recorrido à comunidade internacional e às pessoas em todo o mundo que queiram nos ajudar", diz Sajjad.
A condenação de Sakineh vem provocando comoção na comunidade internacional, com pedidos para que o Irã reveja a punição, originalmente pela acusação de adultério.
A previsão inicial era de que tanto a sentença final como a execução da pena ocorreriam ainda nesta semana.
"CONFISSÃO"
Na noite desta quarta-feira, a TV estatal iraniana levou ao ar uma suposta entrevista com Sakineh, em que a iraniana admite ter conspirado para matar o marido.
A "confissão" foi condenada pela Anistia Internacional, organização de defesa dos direitos humanos.
De acordo com a ONG, "confissões desse tipo (transmitidas pele televisão) têm sido repetidamente usada pelas autoridades iranianas para incriminar pessoas que estão sob custódia".
Ainda segundo a Anistia, muitos desses indivíduos acabam "retirando" a confissão tempos depois, com o argumento de que foram "coagidos, às vezes sob tortura".
ASILO
O governo brasileiro confirmou, na última terça-feira, ter feito uma oferta "formal" de asilo à iraniana, mas segundo o Itamaraty, Teerã ainda não deu retorno sobre a proposta.
Mas em entrevista à Agência Brasil nesta quinta-feira, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, negou que seu governo tenha recebido uma oferta formal do Brasil de asilo a Sakineh.
"Nós não recebemos de forma oficial pedido ou oferta alguma [de asilo ou refúgio político] para esta senhora ser enviada para o Brasil. Não houve ofício por escrito, nota oral ou troca de notas, como é a orientação na diplomacia em casos assim", disse o embaixador à agência.
O embaixador também descartou o envio de Sakineh ao Brasil, com o argumento de que a mulher condenada é iraniana, o que, segundo ele, "elimina a possibilidade de outro país ser incluído no processo".
Consultado pela BBC Brasil, o Itamaraty disse que não comentaria como a oferta foi feita se por ofício ou verbalmente.
Nesta quinta-feira, o chanceler Celso Amorim reiterou a "disposição" brasileira em receber a iraniana e que "isso, para nós (do governo brasileiro), é uma comunicação oficial".
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