Drama da cadela do ator Marcelo Médici alerta sobre acidentes em pet shops
Na noite do último dia 31, o ator Marcelo Médici teve que subir ao palco do Teatro Shopping Frei Caneca, onde está em cartaz com a peça "O Mistério de Irma Vap", com outra preocupação, além de ter o texto na ponta da língua.
Três horas antes de o espetáculo começar, Marcelo foi informado de que sua cadela Preta, uma maltês de cinco anos, havia tido parte do rabo amputada durante o procedimento de banho e tosa em um pet shop. "Foi muito difícil apresentar o espetáculo [uma comédia]", afirma. "Se não tivesse um compromisso com 600 pessoas, que compraram um ingresso, teria desmarcado."
Jefferson Coppola/Folha Imagem |
Preta, a cadela maltês do ator Marcelo Médici, teve parte do rabo amputada durante tosa em um pet shop de Higienópolis, em SP |
Às 17h daquele dia, Marcelo pediu para o amigo Ricardo Rathsam, diretor da peça "Cada Um com Seus Pobrema", outro espetáculo do ator em cartaz na cidade, para que levasse Preta e seus outros três cães ao pet shop Yellow, em Higienópolis, para tomarem banho e serem tosados.
Uma hora depois, uma funcionária comunicou a Ricardo que um pedaço do rabo de Preta havia sido cortado ao utilizarem o desembolador, um pente com lâminas que serve para desatar nós em pelos. Segundo o ator, o corte foi de cerca de 5 cm.
Minutos depois, avisado do incidente pelo amigo, Marcelo já se encontrava no pet shop. "Foi ultrajante, como se estivessem me devolvendo uma camisa queimada com um ferro." Preocupado com o estado de Preta, o ator levou a cadela a um pronto-socorro de animais, na avenida Rebouças, onde foi medicada. Tomou um analgésico e um anti-inflamatório. "Pela reação da Preta, as veterinárias constataram que ela não havia recebido nem um anestésico no pet shop."
Procurados pela Revista da Folha, os responsáveis pelo Yellow afirmaram, por e-mail, que não iriam comentar o caso. "As explicações devidas ao proprietário do animal e ao público em geral acerca do involuntário incidente já foram transmitidas e publicadas. Desse modo, visando a resguardar a privacidade de nossos clientes e funcionários, damos o assunto por superado, reservando-nos o direito de rediscuti-lo em juízo, se for o caso."
Em outro e-mail, veiculado na Folha Online, o pet shop explica que o problema foi provocado pela "vivacidade natural do animal", que fez com que Preta abanasse o rabo justamente no momento em que uma funcionária desbastava os pelos da extremidade do rabo.
O caso agora está na Justiça. Na semana passada, Marcelo entrou com uma ação por danos morais e materiais no Juizado Especial Cível de Higienópolis. "O teto [para a indenização] é de 40 salários mínimos, mas sugerimos que o juiz decida o valor", afirma Mario Luiz Augelli Barreiros, advogado do ator.
Audiência de conciliação
Como o julgamento pode demorar mais de um ano, Marcelo espera que o assunto seja resolvido antes, em uma audiência conciliatória, ainda não agendada, entre o ator e os representantes do pet shop. "Existe um limite entre acidente e irresponsabilidade. Não se trata de uma vingança pessoal ou de uma ação pelo dinheiro. Se for o caso, pretendo doar o valor. O objetivo é fazer um alerta à população."
Jefferson Coppola/Folha Imagem |
Um cone de cartolina foi improvisado para que Preta não tire os pontos ao se coçar; o rabo foi cortado ao utilizarem o desembolador |
Tem funcionado. Nos últimos dias, o blog de Marcelo recebeu centenas de mensagens de apoio e de outras pessoas relatando casos parecidos. "Passei por uma situação semelhante com o meu cão", escreveu uma senhora, sobre o caso de Hulck, de 11 anos, que levou a um outro pet shop para aparar o pelo e tomar um simples banho.
"Quando fui buscá-lo, recebi a notícia de que o pequeno tinha levado cinco pontos no pescoço, pois o pelo estava embolado e tiveram que passar a maquininha. Ele ficou afoito com o barulho e cortaram o pescoço dele sem querer."
Para Tatiana Ferraz e Silva Pelucio, veterinária e coordenadora de assuntos profissionais do CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo), que fiscaliza os estabelecimentos, não é raro receber denúncias de acidentes, mas nada parecido com o que aconteceu com Preta.
"Já vi casos em que, durante o banho, o animal se queimou com a água muito quente ou teve parte da orelha cortada com uma tesoura", diz. "Entretanto, nunca tinha ouvido falar em corte de rabo durante a tosa, principalmente de um animal adulto."
Segundo a coordenadora do CRMV, não há uma obrigatoriedade de fazer cursos para que uma pessoa esteja habilitada a dar banho ou tosar um animal. "Cabe ao veterinário responsável avaliar a capacidade do funcionário que exerce essas funções."
No começo da semana passada, o conselho enviou um fiscal ao pet shop Yellow para averiguar as condições do local. "Estava tudo correto. Mas, para apurar esse caso especificamente, que pode acabar até em cassação do registro da veterinária responsável, é preciso uma denúncia formal ao CRMV."
Marcelo, que trabalhou em um pet shop nos anos 1980 e abandonou a "carreira" após ver uma funcionária batendo em um cachorro, ainda não pensou nessa possibilidade. No momento, divide seu tempo entre o palco e os cuidados com Preta.
A cadela ainda pode passar por outra cirurgia para reparar os danos no rabo. Apesar de mal ter deitado ou sentado nos primeiros dias, ela já voltou a brincar com os "irmãos". Até abana o rabinho, que está protegido por um cone de cartolina para evitar que ela tire os pontos com a boca e prejudique a cicatrização.
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