Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

A definição de qualidade de vida varia de acordo com a época e o local

Qualidade de vida é um conceito que vem gerando muito interesse nos últimos anos, mas não existe um consenso sobre como ela deve ser definida. O conceito é complexo, multidimensional e envolve diferentes perspectivas. Existem mais de 100 definições presentes na literatura.

De qualquer forma, parece haver concordância de que não é possível alcançar qualidade de vida sem que as necessidades e as aspirações das pessoas sejam preenchidas, devendo ser considerados a época e o local determinados, além do contexto cultural específico.

Portanto, para o melhor entendimento do que seja qualidade de vida, seria necessário decodificar as necessidades e as aspirações das pessoas nos locais onde vivem.

Recente estudo publicado pelo centro de pesquisas da Comissão Europeia investigou aspectos da qualidade de vida nas cidades do continente europeu. A pesquisa coletou a opinião de 41 mil habitantes de 83 cidades, procurando analisar as seguintes dimensões, potencialmente relacionadas com qualidade de vida: disponibilidade de serviços, aspectos ambientais e sociais, fatores sociodemográficos e características das cidades, tais como desenvolvimento econômico, tamanho, localização, qualidade das instituições, pressões nos mercados de trabalho e segurança.

Os resultados demonstraram que a satisfação com a vida nas cidades varia consideravelmente. Mas o que torna os habitantes das cidades europeias mais insatisfeitos, segundo o estudo, são transporte público, facilidades culturais, espaços verdes, confiabilidade das pessoas e eficiência da administração pública.

Aproximadamente 80% dos entrevistados responderam que estão satisfeitos vivendo em suas cidades. Os fatores de satisfação incluíram o sentimento de segurança, a situação financeira e o local de moradia.

Por outro lado, não causaram insatisfação nem influenciaram na satisfação os serviços de saúde, espaços públicos e limpeza.

Interessante notar a confirmação de que a definição de qualidade de vida está fortemente ligada a uma época e um local determinados, além do contexto cultural específico. As situações que deixam os europeus insatisfeitos ou não influenciam na sua satisfação são exemplos positivos a serem perseguidos.

Principalmente nos países em desenvolvimento, o uso do solo urbano e sua distribuição espacial têm influência direta na saúde e na qualidade de vida dos habitantes das cidades, pois determinam o padrão do tráfego urbano e, portanto, a qualidade do ar.

Além disso, podem permitir que as pessoas estejam mais bem localizadas no espaço urbano e, com isso, possam ter melhor acesso às amenidades sociais e às oportunidades econômicas.

Em que pese a dificuldade em definir qualidade de vida, principalmente urbana, sabemos que ela deve estar relacionada com os aspectos ambientais locais e com as facilidades vinculadas ao tecido urbano, como serviços e infraestrutura.

Deve estar relacionada também à mobilidade, aos mecanismos de interação social e ao sentimento de pertencimento local da sociedade, além de modelos de atividade econômica que aumentem as oportunidades de emprego e minimizem o custo de vida.

Buscar qualidade de vida é um objetivo em todas as sociedades organizadas do mundo e, independentemente do que os estudos e pesquisas determinem com relação ao que isso possa significar para uma ou outra cultura, algo é certo: as pessoas desejam ser felizes.

E isso devemos buscar no âmbito do planejamento das cidades, que abrigarão num futuro próximo a grande maioria da população mundial.

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