Em 2012 o documentário francês "Os Rebeldes do Futebol", apresentado por Éric Cantona, fez sucesso mundo afora.
Sócrates (Brasil), Didier Drogba (Costa do Marfim), Carlos Caszely (Chile), Rachid Mekhloufi (Argélia) e Predrag Pasic (Bósnia) protagonizam cinco histórias que podem ser vistas completas no YouTube.
Três anos depois, o jornalista francês Bernard Morlino ampliou a ideia e lançou um livro com o mesmo tema e título, além de prefácio de Éric Cantona.
Sem tradução para o português, o livro da Tana Editions, de 152 páginas, elenca 45 personagens do futebol e os classifica segundo diferentes tipos de rebeldia.
São 12 rebeldes políticos, oito virtuosos, sete solidários, oito incompreendidos, cinco desesperados e cinco esquecidos.
Entre os políticos, três são brasileiros: Doutor Sócrates, João Saldanha e Afonsinho.
Para o time dos virtuosos Mané Garrincha foi o eleito.
Nenhum brasileiro está entre os rebeldes solidários ou desesperados, mas dois aparecem entre os incompreendidos: Romário e Yeso Amalfi.
Há, ainda, os cinco protagonistas rapidamente reverenciados na abertura do livro, como rebeldes esquecidos, sem brasileiros.
O trio brasileiro de rebeldes políticos não necessita explicar pelas marcas registradas dos médicos Afonsinho e Sócrates e do comunista Saldanha.
Entre os virtuosos está Mané Garrincha, ao lado do argentinos Alfredo Di Stefano e Diego Maradona; dos franceses Raymond Kopa, Éric Cantona e Zinedine Zidane; do húngaro Ferenc Puskás e do holandês Johan Cruyff.
Antes que você diga, é dito aqui: as escolhas têm natural influência europeia, quiçá francesa, o que, por outro lado, reforça o significado dos brasileiros indicados, ainda mais quando encontramos Yeso Amalfi e Romário entre os rebeldes incompreendidos, os últimos dois brasileiros listados, já que, repita-se, não há nenhum entre os solidários e desesperados ou esquecidos.
Amalfi brilhou nos gramados e na sociedade da França nos anos 1950. É descrito como alguém que jogava com perfeição por dez minutos e deixava o resto do tempo para as tentativas de seus companheiros até que, então, resolvesse decidir a partida.
"Futebolista dandy", Amalfi é posto no mesmo capítulo de Romário, apresentado como combatente dos valores da Fifa, sem papas na língua e destacado por ser do Partido Socialista Brasileiro - claramente porque o autor não distingue o PS francês do brasileiro.
Na última página explica-se a ilustração da capa com os 11 jogadores selecionados como os rebeldes de ouro, com o goleiro francês René Vignal, de quem, perdão pela ignorância, jamais ouvira falar, e mais dez atacantes.
Maradona, o argelino Rachid Mekhloufi, Kopa, o martinense Didier Drogba, Zidane, Garrincha, o norte-irlandês George Best, Sócrates, Cantona e Puskás.
A obrigação do colunista seria a de esmiuçar mais os detalhes sem matar a curiosidade de quem eventualmente se interessar em ler.
Mas bastará indicar a leitura e informar que ainda há disponibilidade em algumas livrarias de Paris que aceitam encomendas pela Internet.
O título é "Les Rebelles du Football". É imperdível!
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