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Jantares pop-up acontecem em lugares inusitados de São Paulo
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MARÍLIA MIRAGAIA
DE SÃO PAULO
"Aqui tem saída para gás?", pergunta o chef Raphael Despirite em sua primeira visita ao local em que vai cozinhar por três noites.
Ao contrário do Marcel, o sofisticado restaurante francês que comanda, o lugar é rústico: uma copa improvisada para funcionários nos fundos do showroom de móveis do Estúdio Bola, no Alto da Lapa, em São Paulo.
A loja -que ocupa um antigo galpão de fábrica- e os sofás, mesas e cadeiras ali expostos serão o cenário no fim de novembro para o Fechado para Jantar, novo projeto do jovem chef de 28 anos.
A cada mês, ele escolhe um novo (e incomum) ponto de São Paulo para sediar seu evento, que sempre tem duração de apenas três noites.
Já aconteceu em um edifício desocupado no centro da cidade e no vão central do Centro da Cultura Judaica, no bairro do Sumaré.
Despirite é um dos pioneiros dos jantares pop-up em São Paulo. Sim, pop-up.
Acostume-se com a expressão. Ainda são poucas as iniciativas em São Paulo, mas a moda tende a se espalhar pela cidade depois do sucesso no exterior. São comuns em metrópoles como Nova York, Los Angeles, Paris e Milão.
O jantar pode ser servido em uma lavanderia, um escritório, um estacionamento. Os pop-ups procuram reconstruir a atmosfera de um restaurante onde ele jamais existiria.
Além de acontecerem em locais inusitados, há outras características que os definem, como o menu pré-estabelecido e a duração limitada -de um só dia a uma temporada de seis meses.
Já aderiram à empreitada chefs de renome como René Redzepi, do Noma, em Copenhague, o melhor do mundo segundo a revista "Restaurant". E David Chang, com casas em Nova York, Toronto e Sidney.
Em primeira mão à Folha, Alice Waters, vice-presidente do Slow Food, revelou planos de lançar um pop-up em Havana, em Cuba.
UM GRANDE VAZIO
Em Londres, os Young Turks, formado por James Lowe e Isaac McHale, ficaram conhecidos por disputados jantares "relâmpago".
Depois de visitar o Brasil neste ano, Lowe aposta: "São Paulo tem potencial para pop-ups. Na cidade, há um grande vazio entre comida de rua e restaurantes caros".
Além do projeto de Despirite, outra iniciativa -do empresário Alex Tessitore e dos chefs Checho Gonzales e Henrique Fogaça- acontece também no Centro da Cultura Judaica até dezembro. Depois, o endereço deve mudar.
Não duvide que até lá, como num estalo, outros projetos pipoquem por aqui.
CHEFS E CLIENTES SE APROXIMAM
"Nos últimos 20 anos, se você quisesse ser um bom chef deveria ter estrelas 'Michelin', como Gordon Ramsay, e usar talheres de prata. Quando os pop-up surgiram, ajudaram na tarefa de mostrar que comida não é apenas alta gastronomia."
Quem diz é Isaac McHale, integrante dos Young Turks, sobre o movimento que, em Londres, começou há cerca de cinco anos.
A chance de lançar alternativas informais em São Paulo atraiu a cozinheira mexicana Lourdes Hernández a participar do projeto Pop Up Restaurant. "Temos alguns restaurantes frios e armados demais, onde as pessoas não conseguem se sentir em casa", afirma ela, que vive na cidade desde 2001.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Jantar na última quinta no Centro da Cultura Judaica, organizado pelo empresário Alex Tessitore e pelos chefs Checho Gonzales e Henrique Fogaça |
A série de jantares começou na semana passada e, por mais um mês, apresenta outros 13 chefs, entre eles Wagner Resende (do Chef Rouge). Depois disso, muda a programação e o endereço.
No "salão" desse pop-up, no Centro da Cultura Judaica, apenas um balcão estreito separa a cozinha em que os chefs irão cozinhar da longa mesa comunitária onde se acomodam os comensais. Das cadeiras, há uma privilegiada vista das avenidas Sumaré e doutor Arnaldo.
"É como se os chefs estivessem recebendo em suas casas. Essa é a acessibilidade que existe em um pop-up: a proximidade com os clientes", explica Alex Tessitore, um dos organizadores.
Tessitore não é novo no ramo. Em 2009, promoveu o Dinner in the Sky, quando mesas foram suspensas por guindastes para jantares nas alturas em São Paulo.
Divulgação | ||
Pop-up comandado pelo chef Raphael Despirite em setembro em um prédio desocupado do centro de SP |
QUANTO VALE?
Além de chefs, grandes marcas também descobriram em restaurantes pop-up uma fórmula de sucesso. Um exemplo é o Cube, uma estrutura metálica instalada em topos de edifícios. Rodou a Europa com um patrocínio.
A versão londrina fez tamanho sucesso que teve permanência estendida até dezembro deste ano. Os preços da refeição giram em torno de £200 (R$ 640).
Mas esse é um caso atípico. Com frequência, os pop-up foram o modo encontrado por jovens chefs para ganhar exposição sem gastar muito e sem cobrar altos valores.
No Brasil, os preços não são baixos, mas tampouco estão à altura do Cube. Uma experiência na cozinha itinerante de Despirite custa R$ 150. As intervenções no seu evento -como música ao vivo- encarecem um pouco a conta, segundo ele.
Já Tessitore montou uma escala de valores para os jantares, com duas entradas, prato principal e sobremesa.
Os mais baratos, às quartas, custam R$ 70 e sobem para R$ 90 às sexta e sábados.
JANTARES POP-UP EM SÃO PAULO
Fechado para jantar
Quando de 28 a 30 de novembro
Onde Estúdio Bola (r. Presidente Antônio Cândido, 228)
Quanto R$ 150
Reservas contato@fechadoparajantar.com.br
Próxima edição o projeto mensal e itinerante faz uma pausa em dezembro e é retomado a partir de janeiro
Pop-up Restaurant
Quando até 15 de dezembro
Onde arredores da rua Oscar Freire
Quanto às quartas, R$ 70; às quintas, R$ 80; às sextas e sábados, R$ 90
Reservas newdining.com.br
Próxima edição depois de terminada a primeira edição, o projeto vai mudar de endereço e terá uma nova programação
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