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Aposta em variedades raras de uvas rende prêmios a produtores de vinhos
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CRISTIANA COUTO
ENVIADA ESPECIAL AO PIEMONTE, NA ITÁLIA
Numa ensolarada manhã de novembro, um grupo de sete produtores do Piemonte reuniu-se na sofisticada adega da vinícola Michele Chiarlo para apresentar seus vinhos à imprensa.
Embora o anfitrião Michele Chiarlo seja conhecido pelos seus Barolos, os vinhos servidos não tinham uma gota sequer da nebbiolo, uva com que se produz esses tintos de fama internacional.
Os tintos e os brancos deitados nas taças dos jornalistas presentes -entre eles, a Folha- eram o resultado de anos de trabalho dos produtores piemonteses na recuperação de antigas castas locais, todas elas com risco de sumir do mapa vinícola.
No século 19, 374 variedades de uvas foram descritas nas montanhas ao redor da cidade de Asti, onde hoje impera a moscato, responsável pelo maior volume de vinhos produzidos no Piemonte.
A filoxera, praga que dizimou os vinhedos da Europa no final daquele século, fez com que a maioria das castas indígenas desaparecesse.
"Algumas sobraram, mas estão reduzidas a pequeníssimos vinhedos", diz o especialista Paul Balke, autor do livro "Piemonte, Wine and Travel Atlas".
Entre as sobreviventes, estão a branca nascetta, produzida em apenas sete hectares (1 hectare equivale a um campo de futebol) por 14 produtores, como Rivetto, e a tinta uvalino, que gera somente 4.000 garrafas por ano.
Só seis produtores, entre eles Cascina Castlet, cultivam a escura gamba di pernice, na sub-região de Calosso.
"Elas são a verdadeira expressão do Piemonte e têm um grande futuro", diz Chiarlo, que investiu na albarossa, fruto de cruzamento feito em 1938 entre uma variedade piemontesa (barbera) e uma francesa (chatus) que quase desapareceu.
Se a jovem albarossa tem um pouco de França em sua origem, a timorasso produz um dos vinhos brancos mais originais do Piemonte. A casta, que no passado foi a mais importante da região de Gavi, foi resgatada por Walter Massa no final dos anos 1980.
Sua aposta no potencial da timorasso levou-o a ganhar prêmios recentes ("Tre Bicchieri", a cotação máxima do importante guia Gambero Rosso) e menções no site da crítica inglesa Jancis Robinson.
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