São Carlos (SP) tomba principal palco do movimento negro na cidade

Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, a Prefeitura de São Carlos (232 km de SP) anunciou, na última quinta-feira, o tombamento do Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, clube que foi o principal palco do movimento negro na cidade.

O tombamento foi aprovado pelos membros do Comdephaasc (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos).

De acordo com a presidente da Fundação Pró-Memória de São Carlos, Ana Lúcia Cerávolo, o tombamento envolve o caráter histórico e a importância arquitetônica do local.

O prédio da instituição, localizado na esquina das ruas José Bonifácio e Padre Teixeira, inaugurado nos anos 1950, teve sua fachada e o salão principal incluídos no processo de tombamento.

Com isso, segundo Cerávolo, essas estruturas passam a ser protegidas e só podem sofrer qualquer tipo de alteração mediante aprovação prévia do Comdephaasc.

A história da instituição, no entanto, antecede a inauguração da sede. Fundado em 1928 como um clube social negro, o Flor de Maio surgiu de uma iniciativa de trabalhadores da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Além de um espaço para recreação, o clube tinha como objetivo "ressocializar o negro e tentar eliminar a imagem negativa que carregava", diz o relatório da Fundação Pró-Memória que subsidiou o processo de tombamento.

O documento, elaborado pela historiadora Leila Maria Massarão, diz que o clube sempre teve, ao longo de sua história, preocupação com atividades socioeducativas.

Tanto que uma escola de ensino primário chegou a ser aberta no local --um projeto que, embora tivesse como foco a melhoria da qualidade de vida da população negra, também recebeu alunos brancos de origem humilde.

O Flor de Maio segue na ativa. Atualmente, mantém ações abertas à sociedade em geral e é bastante conhecido em São Carlos por suas atividades dançantes.