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27/11/2011 - 19h16

Uso irregular de jet ski é prática comum em lagoas do interior

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ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

O domingo passado era para ser um dia de lazer para dois jovens, de 15 e 28 anos, não fosse a situação de imprudência em que se envolveram.

Ambos, sem habilitação para pilotar, pegaram jet skis em uma lagoa no Recreio Internacional, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Pietro Mazzeo, 28, morreu após a batida dos veículos.

Casos como esse, em que pessoas sem autorização conduzem jet skis, são frequentes em rios e lagoas no interior de SP.

Em Rifaina, Guaraci, Miguelópolis e Colômbia, cidades às margens da represa no rio Grande, as secretarias do Turismo são unânimes: há muitos jet skis, mas a fiscalização da Marinha é rara.

Para pilotar um jet ski é preciso ter o arrais amador, documento concedido após realização de prova com noções de navegabilidade e exames de aptidão psicofísica.

"A empolgação gera imprudência. Além da falta de arrais, o problema nos rios é a mistura dos amigos com as bebidas alcoólicas", disse José Luiz Cardoso, comissário técnico da BJSA (sigla em inglês para Associação Brasileira de Jet Ski).

O secretário do Turismo de Rifaina, Cláudio Masson, disse que a prefeitura coloca fiscais e salva-vidas na prainha à beira do rio Grande, na área da represa, durante o verão.

No entanto eles não podem cobrar documentos de quem pilota jet ski ou barco, já que essa fiscalização é de competência da Marinha. Segundo ele, a Capitania dos Portos aparece a cada 30 ou 60 dias.

Já Celso Marques de Oliveira, dono do Porto Marina Farol, em Rifaina, diz que a Marinha aparece apenas "quatro vezes ao ano".

Em Miguelópolis a situação não é diferente. Carlos Alberto Silva, secretário do Turismo da cidade, disse que as vistorias da Capitania dos Portos não são frequentes.

Com a fiscalização falha, proliferam os visitantes sem arrais usando jet skis.

REPRESA CHEIA

Segundo Silva, há 500 jet skis na cidade em períodos de férias e verão. Em Rifaina, a estimativa é de 300.

A maior parte é de turistas que têm os jet skis guardados em suas casas de veraneio ou marinas e os usam nos momentos de lazer, com amigos.

O aluguel desses veículos é mais comum no litoral, onde meia hora de uso nas praias de Guarujá, por exemplo, chega a custar R$ 350.

Um jet ski novo custa de R$ 40 mil a R$ 65 mil, conforme a potência do motor.

A Folha encontrou donos de jet skis que alugam informalmente os veículos próprios para hóspedes de pousadas interessados.

A reportagem fez contato com uma dessas hospedagens em Rifaina. Sem se identificar, perguntou sobre o aluguel de jet ski, que é anunciado no site da pousada.

A atendente repassou o contato do dono do veículo. Por telefone, o homem confirmou que aluga o jet ski, até para quem não tem arrais.

IMPRUDÊNCIA

"Eu coloco o jet na água, mostro como funciona e você pode usar. É difícil a Marinha aparecer, mas se vier, eu acompanho vocês para não ter problema", disse.

Roberto De Angelis, corretor de imóveis especializado na construção de marinas, explica a dinâmica no uso dos jet skis: "Sempre tem o paizão que dá o jet para o filho e deixa pilotar. Por ter o brinquedo na mão, acha que pode tudo", afirmou.

O problema não está só no interior. "Já vi criança pilotando jet ski na represa Billings [em SP], uma imprudência total ", disse Cardoso.

OUTRO LADO

O capitão-de-fragata Luis Fernando Baptistella, da Capitania dos Portos em Barra Mansa, responsável pela fiscalização nos rios da bacia do Tietê-Paraná, nega que usar jet ski sem autorização seja algo comum.

Ele afirma que fiscalizações são frequentes e educativas. No entanto ele confirma que há casos de condutores que usam jet ski sem a necessária permissão da Marinha.

Alegando sigilo de informação, não apresentou os números de casos que foram pedidos pela reportagem.

"Estamos tratando de uma das regiões mais ricas de São Paulo, a Marinha sabe que existe [muito jet ski] em função do alto poder aquisitivo, mas não posso dizer a quantidade de pessoas que conduzem esses veículos sem habilitação", disse Baptistella.

Segundo ele, a demanda pela legalidade supera a ilegalidade. Ele diz que aplicou 10 mil provas de arrais amador na jurisdição do Tietê-Paraná em 2010.

Os secretários do Turismo ouvidos pela Folha confirmam que a Capitania dos Portos faz mutirões para aplicar as provas de arrais amador.

"É uma opção comprar o jet ski e ficar na irregularidade. Damos as condições para todos terem as documentações e fazemos ações educativas e não punitivas", diz.

 

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