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09/12/2012 - 20h00

"TV Folha" mostra tendências e perfil do consumidor da 25 de março; veja

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DE SÃO PAULO

A tradição comercial da rua 25 de Março começou ainda no século 19, com a abertura das primeiras lojas de tecido pelos imigrantes árabes. A vocação têxtil estreitou laços com fornecedores e criou um polo atacadista na região, que ganhou fama nacional. Até hoje, 60% dos frequentadores vêm de fora da capital.

Preço baixo, variedade e tradição atraem 1 milhão de pessoas por dia à 25 de Março

Mas o renome pelos bons preços só surgiu nos anos 1960, ao cabo de uma grande enchente. "Foi o pulo do gato dos árabes", explica o economista Lineu Francisco de Oliveira, autor do livro "Mascates e Sacoleiros" (ed. Scortecci), sobre a história da região. "Como os tecidos acabaram inundados, os comerciantes foram forçados a fazer liquidação das mercadorias. Virou uma estratégia de venda."

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"Quem nunca ouviu falar da 25? Ela tem uma grife que se reforçou ao longo dos anos", diz Heliana Vargas, professora de arquitetura da USP e especialista em comércio e desenvolvimento urbano. "Existe uma imagem, e ela é real, de que ali se compra em quantidade, variedade e em conta."

Para sustentar essa reputação positiva, os comerciantes locais se valem da economia de escala. Isso significa que, diante do afluxo médio de

400 mil pessoas por dia (em períodos não festivos), as lojas podem reduzir o percentual de lucro na venda de cada peça para ganhar no volume total.

A estratégia tem dado certo. Em 2011, o comércio local faturou cerca de R$ 17 bilhões, valor que representa quase um quinto do auferido por todas as lojas de shopping do Brasil. A cifra tem se mantido estável e deve ter leve alta neste ano, apesar do alto endividamento das famílias e do baixo crescimento do país.

"O volume de clientes é muito grande, o que permite oferecer preços mais interessantes", explica o economista Claudio Felisoni de Angelo, professor da USP especializado em varejo.

DO POP AO LUXO

Engana-se quem pensa que a 25 só atrai as classes mais baixas. Cada vez mais a região vê uma clientela A e B circular em meio a ambulantes que anunciam bolsas "lui vitão" (no lugar de Louis Vuitton ) e "cabelo natural". Segundo pesquisa Datafolha de 2011, 84% dos paulistanos com renda familiar superior a dez salários mínimos por mês já fizeram compras na 25.

A pesquisadora de tendências Camila Toledo transita bem entre esses dois mundos, prestando consultoria tanto para butiques dos Jardins quanto para lojas da 25. "O que muda é o luxo dos materiais. O acesso ao design está mais democratizado", afirma a diretora do birô internacional Style Sight. "A sandália gladiadora [com tiras que sobem até a canela] tem em todo lugar. Em alguns, com peças mais baratas, e, em outros, com peças mais caras."

"A indústria vive aqui porque a 25 é uma aula sobre o que é tendência", diz Mouawad, diretor da Semaan. Para ele, o grande movimento de clientes dita o termômetro da moda para os lojistas, sempre antenados.

Oliveira, que resgatou a história daquele comércio, concorda. "Mesmo que um certo item não seja tendência, ele acaba virando uma só por ter sido exposto a um preço baixo e vendido em larga escala."

"Tem madame que fala que não vem, mas vem", garante Solange Chohfi, que dirige a Niazi Chohfi, loja que começou ali há 85 anos vendendo tecidos e já se expandiu para artesanato, roupa íntima e utilidades domésticas. "O público quis mais diversidade, e a gente teve que ir atrás", diz. Desde o ano passado funciona no nono andar do prédio um café com vista para a rua e que serve até sorvete de grife.

 

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