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02/03/2013 - 15h21

Preso um dos suspeitos por atentados em Santa Catarina

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DA AGÊNCIA BRASIL
DE SÃO PAULO

A Polícia Militar de Santa Catarina prendeu, no fim da tarde dessa sexta-feira (1º), em Criciúma, Fernando Rosevelt Peres da Silva, 29, conhecido como Boquinha.

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Segundo a assessoria da PM, as investigações indicam que Boquinha é líder do PGC (Primeiro Grupo Catarinense) na cidade e suspeito de ser um dos responsáveis pela articulação dos atentados na região sul do estado.

Duas tentativas de ataques foram registradas ontem em Santa Catarina. Às 21h35, no município de São Francisco do Sul, dois homens tentaram incendiar um ônibus com uma garrafa de coquetel molotov. A garrafa não atingiu o ônibus e caiu em um terreno baldio, sem provocar danos.

Os homens fugiram em seguida, não sendo mais localizados. Em Chapecó, por volta das 23h, um menor de idade tentou incendiar um carro que estava estacionado no bairro Santo Antônio. O fogo foi contido por pessoas que estavam no local. Segundo testemunhas, o menor aparentava ser uma criança.

A onda de atentados em Santa Catarina completa 31 dias. Até o momento, foram 113 atentados em 37 municípios.

A população de quatro municípios do estado voltará às urnas para nova eleição. Em Balneário Rincão, Campo Erê, Criciúma e Tangará, os prefeitos eleitos foram julgados e tiveram a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nazareno Marcineiro, disse que a segurança será reforçada nesses municípios "Estaremos de sobreaviso para qualquer eventualidade e atuaremos com firmeza em todo o estado. Nas quatro cidades estaremos de prontidão para o evento e a segurança será reforçada devido às eleições".

ATENTADOS E VANDALISMO

Santa Catarina sofreu desde o último dia 30 de janeiro ao menos 113 atentados e atos de vandalismo supostamente realizados por membros do PGC. A maioria das ações registradas foram incêndio de veículos e disparos contra edifícios públicos e órgãos da polícia.

A presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB-SC, Cynthia Pinto da Luz, afirmou à BBC Brasil que o aumento da letalidade policial pode contribuir para o aumento da violência relacionada ao crime organizado, em especial ao PGC, no Estado.

Ela disse também que ainda não é possível fazer uma conexão direta entre as ondas de ataques no Estado e o fato da polícia estar matando mais.

Os atentados, entre outros fatores, estariam ligados a supostos maus tratos de agentes do Estado contra detentos do sistema prisional catarinense.

Os policiais militares da Força Nacional de Segurança ajudaram no processo de transferência de lideranças do PGC para presídios federais.

MORTES SUSPEITAS

Cynthia Pinto da Luz afirmou que a comissão de direitos humanos da OAB suspeita que nem todos os assassinatos praticados por policiais nos últimos dois anos tenham ocorrido com o objetivo de defesa, como alega o governo.

Segundo ela, o órgão tem recebido denúncias de que entre os casos de "resistências seguidas de morte" podem ter ocorrido casos de abuso da violência e até eventuais execuções de suspeitos.

A secretaria de comunicação do governo do Estado afirmou que a corregedoria das polícias militar e civil "investiga e pune qualquer desvio de conduta".

Um dos mais recentes casos investigados pela comissão de direitos humanos da OAB - a partir de uma suspeita de abuso de violência por parte de policiais militares - é o do assassinato do auxiliar de produção Jean de Oliveira, de 22 anos, na cidade de Joinville, no dia 3 de fevereiro.

Ele foi morto com um tiro na cabeça, disparado por policiais militares, enquanto andava de moto com um amigo. Segundo a OAB, ele não estava armado e pode ter sido confundido por PMs com um criminoso ligado aos ataques do PGC.

"O meu filho foi morto como um bandido e enterrado como um bandido, mas ele não era. Podem me matar, mas eu vou provar que ele era inocente", disse à BBC Brasil a mãe da vítima, a auxiliar de serviços gerais Sueli Messias Onofre, de 42 anos.

OUTRO LADO

No mesmo período em que registrou aumento da letalidade da polícia, Santa Catarina teve uma queda no número geral de homicídios. Em 2012 foram registrados 728 casos - uma redução de 5% em relação ao ano de 2010.

O governo catarinense afirmou por meio de nota que o aumento dos assassinatos cometidos por policiais deve ser contextualizado em um cenário de explosão demográfica no Estado, que acontece acompanhado pelo aumento do trabalho informal e do tráfico de entorpecentes. Segundo o governo, "se hoje os indicadores de letalidade das polícias civil e militar crescerem é por conta do crime organizado".

"O policial é obrigado a agir de forma estratégica para enfrentar um criminoso que tem uma arma de alto poder bélico e que está despreparado para usá-la. Dificilmente um criminoso morre num confronto com a polícia portando uma arma de calibre 22 ou 38. Normalmente são pistolas, submetralhadoras, fuzis", diz a nota.

O governo catarinense afirmou ainda que mantém um sistema de corregedorias para identificar e penalizar eventuais abusos comedidos por suas forças de segurança.

"Quaisquer excessos cometidos por policiais civis ou militares são investigado e punidos com rigor por suas corregedorias", afirma a nota.

Especificamente sobre a morte de Oliveira, o governo afirmou que "quando um policial se envolve em alguma ação que suscite qualquer dúvida sobre a legalidade de sua atuação, imediatamente é instaurado inquérito policial. Se comprovado algum desvio de conduta, há punição prevista em lei. Este inquérito ainda não está concluído".

 

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