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Clube ocupa calçada e cria polêmica no bairro de Higienópolis, em SP
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JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Palco de discussões envolvendo intelectuais, artistas e políticos no século 19, quando era residência de dona Veridiana da Silva Prado, mítica figura da história paulistana, o prédio, fincado num ponto nobre de São Paulo, vive outro tipo de polêmica.
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De um lado, o Iate Clube de Santos, dono do imóvel que ocupa quase uma quadra no perímetro formado pela avenida Higienópolis e ruas Dona Veridiana e General Jardim, em Higienópolis.
Do outro, a prefeitura e moradores do bairro --um dos redutos da elite paulistana. No meio, a Universidade Mackenzie e, mais ainda, os seus alunos.
A discórdia: 300 metros de cavaletes metálicos enfileirados pelo clube, formando um biombo que divide a calçada ao meio e deixa só a parte externa livre para o pedestre.
O motivo: afastar os estudantes do Mackenzie (que fica em frente) durante as festas de recepção dos calouros, no início de cada semestre.
Pichações, xixi e câmeras de vigilância quebradas são parte do saldo das festas, diz Valter Gaia, gerente da agremiação. "Não achamos outra solução. Fizemos isso para proteger o patrimônio do clube." O prédio é tombado pelo Condephaat (órgão de proteção do patrimônio estadual).
O imóvel é uma chácara, com jardins e um palacete típico da elite paulistana da virada do século 20, com influências renascentistas.
Segundo Gaia, o expediente não dura mais que uma semana. "Amanhã [hoje], vamos retirar", diz. Antes disso, no entanto, veio a punição: ontem, a Subprefeitura da Sé autuou o clube em R$ 500 por obstrução de passeio.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
Para tentar se proteger de possíveis trotes de estudantes, grades de proteção são colocadas em calçadas clube |
MORADORES
"Privatizaram o lugar", critica a economista Eneida Terra, 59, que passeava pela calçada com seu cachorro. "O espaço deixado para o pedestre não respeita a lei."
Embora boa parte da faixa livre tenha mais que o mínimo de 1,20 m exigido por lei, em alguns pontos --onde há arvores--, ela não permite a passagem de um cadeirante.
"Acho injusto, porque está ocupando metade da calçada", diz o jornalista Thiago Blumenthal, 29, que também passeava com o seu cão.
O Mackenzie disse que faz várias atividades para tentar "segurar os alunos dentro do campus", mas que não tem como controlá-los nas ruas.
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