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18/01/2011 - 16h35

Na região serrana do Rio, pacientes fazem fila por vacina que não existe

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LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A NOVA FRIBURGO

"Não tem vacina para hepatite. É só para tétano, para quem se feriu. E não existe vacina contra leptospirose", gritava a agente de saúde Soraya Babo para as cercas de 30 pessoas que aguardavam na fila da vacinação de um posto na manhã de segunda-feira (17) em Nova Friburgo, uma das cidades mais atingidas pela chuva na região serrana do Rio.

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Enquanto isso, o professor Igor Fonseca, 27, entrava na sala de vacinação sem ter sofrido nenhum ferimento. Os funcionários perguntaram seu nome e sua idade. Nenhuma menção a cortes ou machucados na pele. "É por precaução, porque eu tive contato com a água", afirmou Fonseca.

Assim como ele, dezenas de pessoas tomaram a vacina ontem sem terem tido ferimentos. Muitas procuravam postos para se vacinar sem saber contra o quê. Também eram frequentes os pedidos por vacina contra a leptospirose, inexistente no país.

Quem queria se prevenir contra a hepatite A saía decepcionado. "As pessoas precisam é evitar o contato com a água contaminada", diz a coordenadora de imunização do município, Luzia Regina. Segundo ela, só estão sendo vacinadas contra hepatite as pessoas que tiveram contato com cadáveres.

O vendedor Juan Vitória, 30, no entanto, foi a dois lugares ontem e não conseguiu a vacina. Voluntário, ele trabalhou no transporte de 150 corpos na cidade.

Segundo o infectologista Juvêncio Furtado, não há indicação específica de vacinação contra tétano para quem não teve ferimentos. Ele destaca, porém, que todas as pessoas devem estar imunizadas contra a doença. A vacinação contra a hepatite A, segundo ele, seria importante no caso, já que a doença é transmitida por ingestão de água contaminada.

Editoria de Arte/Folhapress

LEPTOSPIROSE

A Subsecretaria de Vigilância em Saúde pediu ontem que moradores das localidades atingidas por enchentes na região serrana fiquem atentos quanto ao surgimento de sintomas de doenças comuns após inundações, entre elas a leptospirose. A doença é tratável, mas é importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes.

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria leptospira, presente na urina do rato. Em situações de enchentes e inundações, ela mistura-se à água e pode penetrar no corpo dos moradores pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.

O superintendente de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil, Alexandre Chieppe, lembra que os primeiros sintomas podem aparecer de um a 30 dias depois do contato com a enchente. O mais comum, porém, é que apareçam entre uma e duas semanas após o contato.

As queixas mais frequentes são de febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente na panturrilha. Também pode ocorrer icterícia, coloração amarelada da pele e das mucosas.

O superintendente orientou também que moradores que tiveram suas residências tomadas pelas águas da enchente esperem a água baixar para lavar e desinfetar chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas. Para a limpeza, é recomendado usar uma mistura de água sanitária e água (quatro xícaras de café de água sanitária para cada 20 litros de água). Depois, tudo deve ser enxaguado com água limpa.

Ainda de acordo com a secretaria, os alimentos que tiveram contato com a água da enchente devem ser jogados fora, pois podem transmitir doenças. A caixa d'água também deve ser limpa e desinfetada.

No Brasil não existe nenhuma vacina contra a leptospirose para o homem. Existem vacinas somente para uso animal, como em cães, bovinos e suínos. Eles devem ser vacinados anualmente para que não tenham risco de contrair a doença e transmiti-la ao homem.

Marlene Bergamo-17.jan.2011/Folhapress
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