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Equipe aeropolicial improvisa e arrisca para resgatar vítimas das chuvas no RJ
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GABRIELA CANSECO
DO RIO
Pilotos e operadores do SAER (Serviço Aeropolicial da Polícia Civil do Rio) retornaram de operação na região serrana do Rio certos de que foi a pior tragédia já vista pelo grupo e com o maior nível de dificuldade nos trabalhos de socorro. Um dos resgates mais arriscados, segundo eles, foi o de um casal idoso e de um jovem em Teresópolis.
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Durante sobrevoo em área isolada, avistaram os três na sacada de uma casa praticamente destruída. No entorno, havia apenas rochas e um abismo que havia se formado na área devastada. Não havia condição de pouso e o local era de difícil acesso. Mas resolveram arriscar. Em uma manobra complicada, fizeram a aeronave pairar sobre um deck de piscina. Conseguiram assim, mas com muito custo, retirar os três.
"Sobrevoamos a região e só o que a gente via era corpos. Havia sumido tudo. Quando avistamos aquelas pessoas, bateu uma vontade enorme de fazer algo. Nem sei dizer como conseguimos. Acho que foi resultado de 100% de vontade de salvar", contou o operador e coordenador de logística da operação, Glenn Ortega.
A equipe perdeu as contas de quantos resgates fizeram e quanto de alimentos e água levaram até as áreas isoladas. De acordo com eles, o helicóptero, modelo especial com grande capacidade de transporte de pessoas e cargas, trabalhava dia e noite.
"Avistava muita gente acenando e pedindo ajuda. Mas não dava para fazer tudo ao mesmo tempo. Uma sensação de frustração. Mas a gente gritava: espera que vamos voltar", disse o piloto policial, Adonis Lopes de Oliveira.
Caio Guatelli-19.jan.2011/Folhapress | ||
Escombros e lama cobrem área onde antes havia casas e fábrica na região serrana do Rio |
O SAER teve que improvisar para conseguir atuar na região devastada, que não oferecia condições de suporte. Usaram os próprios celulares, comeram na chuva, fizeram pista de pouso improvisada em campo de futebol CBF e até pediram lanche na sede da confederação. "Não tinha logística. Tinha que providenciar a logística", afirmou Ortega.
As ações não se limitavam ao próprio trabalho. Relataram também ajuda que ofereceram a pessoas que embarcavam em helicópteros particulares para resgates de familiares, como por exemplo, de uma mulher de 98 anos. Os integrantes do SAER também se deslocavam para aeronaves dos Bombeiros ou do Exército quando havia necessidade.
As operações do Serviço Aeropolicial foram interrompidas para manutenção obrigatória da aeronave principal usada nos resgates. Os pilotos, médicos e operadores da equipe devem retomar os trabalhos na semana que vem.
VÍTIMAS
As chuvas da semana passada causaram estragos em municípios da região serrana e provocaram mortes em quatro cidades: Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro. Ao todo, mais de 740 pessoas morreram.
Os órgãos municipais informaram que não há mais áreas totalmente isoladas nas cidades atingidas. Muitas ainda continuam com difícil acesso, mas já estão recebendo socorro.
Segundo levantamento do Ministério Público, há mais de 200 pessoas desaparecidas. Há desalojados (temporariamente em casa de amigos ou parentes) e desabrigados (aqueles que perderam suas casas e dependem de abrigos públicos).
O PIV (Programa de Identificação de Vítimas), do Ministério Público, cadastra os desaparecidos na região serrana. As informações passadas por parentes e amigos são checadas com dados de hospitais e do IML (Instituto Médico Legal). Ontem, a Promotoria instalou uma central do PIV em Petrópolis. No primeiro dia de funcionamento, o serviço registrou 22 desaparecimentos em consequência das chuvas.
A lista de desaparecidos na região serrana é atualizada frequentemente e pode ser consultada no site do Ministério Público. Familiares e amigos também podem registrar desaparecimentos pela internet ou pelos telefones 0/xx/21/2283-6466, 0/xx/21/2283-6460, 0/xx/21/2283-5674, 0/xx/21/2283-6489 e 0/xx/21/2283-6498, das 8h às 18h.
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