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Joab D. Silva (1969-2011) - Poeta que analisava pesquisas
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ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISA DO DATAFOLHA
Quando se perguntava a Joab Dantas da Silva como ele estava, a resposta vinha ardida: "Breathing". Desejar-lhe um bom dia seria fatal: "Se você consegue perceber algo de bom neste dia".
Caso alguém quisesse saber seu nome, teria que se contentar com "262137", seu código de funcionário do Grupo Folha.
Nascido em Natal (RN), ele migrou com os pais e caiu jovem na Cohab de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Autodidata em muita coisa, aluno de escola pública e leitor voraz, fez história na USP.
Quando entrou no Datafolha, destacou-se rapidamente nas equipes de campo. Escrevia como poucos e, por anos, foi o analista de pesquisas eleitorais do instituto.
Em 2006, durante a corrida presidencial, o candidato que viria a ser derrotado entrou de repente no bar onde Joab tomava uma cerveja. Olhou para a edição da Folha que ele trazia, com a manchete do Datafolha, e disparou: "Mas você acredita em pesquisas, meu rapaz?".
O texto seco, com a leitura imparcial dos números nos relatórios, reprimia sua poesia. Nem sempre a alma lidava bem com as instituições do mundo prático.
Descarregou seu drama em uma banda de rock, os Gooks. De Nietzsche a Bukowski, passando por Fernando Pessoa, Pierre Mérot, Dalton Trevisan e Hunter Thompson, as referências literárias pipocavam em suas canções. Mas Joab só não disfarçava o deslumbramento quando o comparavam a Ian Curtis, do Joy Division.
Ele morreu na quarta, aos 41 anos, como queria: mergulhado em personagens da poesia crua de seus ídolos.
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