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Chuvas matam dois e desalojam 3.500 famílias em Pernambuco
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RAFAEL GREGORIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Subiu para dois o número de mortos em decorrência das fortes chuvas que atingem o leste do Estado de Pernambuco desde a última quinta-feira. Mais de 3.500 famílias foram desalojadas nos 31 municípios afetados, incluindo a capital, Recife, e a cidade histórica de Olinda.
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Segundo a Codecipe (Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Estado), 943 famílias tiveram as residências destruídas e estão desabrigadas.
Em nota, a Codecipe afirmou que "não há nenhuma cidade em estado de emergência ou de calamidade". Barreiros, Ribeirão, Limoeiro, Escada e Catende tiveram o maior número de famílias afetadas.
Em Camaragibe, Lídia Almeida da Silva, 21, morreu durante a madrugada após o deslizamento de uma barreira sobre uma casa. No último sábado, uma mulher de 77 anos sofreu hemorragia após uma queda e morreu, em Paulista, quando tentava salvar os móveis da casa inundada.
Um dos municípios mais afetados, Palmares esteve entre os assuntos mais comentados no ranking nacional do Twitter durante toda a manhã.
RIOS ACIMA DO NORMAL
Segundo Olivio Bahia do Sacramento Neto, 43, meteorologista do Cptec/Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), as precipitações naquela cidade totalizaram 252 mm entre as 16h de segunda-feira e as 16h de hoje. O resultado é mais de três vezes maior que o volume diário esperado de 80 mm para a região, e quase 80% da expectativa para o mês inteiro na vizinha Recife. Cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado.
Para o especialista, as chuvas acima do normal foram causadas pela soma entre uma zona de convergência intertropical na altura do equador, que retém o calor, e ondas de vento vindas da África, chamadas de "distúrbios de leste", que atravessam o oceano Atlântico e trazem umidade à costa brasileira.
Neto diz que, embora não consiga determinar com precisão os municípios vulneráveis, o órgão é capaz de prever instabilidades regionais. "Estamos emitindo avisos [com antecedência] de ao menos 48 horas desde a semana passada", afirmou. Segundo ele, previsões mais precisas e em prazos menores dependem de monitoramento com radares regionais dos Estados.
O secretário de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, João Bosco de Almeida, confirmou o recebimento dos informes e os seus processamentos "junto ao sistema de monitoramento com transmissão de dados por satélite". Ele afirmou que foram emitidos alertas às prefeituras, mas que o problema se agrava por características sociais da região, cortada pelos rios Uma, Capibaribe e Mundaú, todos acima do nível normal. "Todo inverno temos problema porque não há estruturas de contenção de cheias e algumas cidades são muito próximas das margens", afirmou.
Segundo Almeida, estão programadas obras "que acabarão com os problemas até 2013, mas até lá precisaremos conviver [com as inundações]". Ele afirmou ainda que na próxima terça-feira o governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), irá inaugurar uma "sala de situação" com um sistema de simulação de enchentes. A ideia, segundo o secretário, é "informar as prefeituras qual a previsão de inundação além da margem dos rios para cada nível de chuva" e "retirar as pessoas antecipadamente, diminuindo a perda física e humana".
MAIS CHUVA
As previsões do Cptec apontam para mais chuva ao menos até quinta-feira. "A situação não deve mudar do recôncavo baiano até o Rio Grande do Norte, do Ceará até o Maranhão", afirmou Neto. Os Estados de Alagoas, Pernambuco e Pará são os mais propensos a sofrer com as precipitações. Para o secretário, porém, o pior já passou: "Esperamos chuvas menos intensas e um quadro de melhoria".
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