Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/08/2000 - 00h00

Primeiro laboratório de ecstasy do país tinha droga equivalente a cerca de R$ 1,2 milhão

Publicidade

FABIANE LEITE
da Folha Online

O primeiro laboratório para fabricar ecstasy descoberto no Brasil tinha quantidade de droga cujo valor no mercado pode chegar a cerca de R$ 1.250.000.

Ex-modelo acusado de tráfico é inocentado

O laboratório, que ficava dentro de uma quitinete na avenida Celso Garcia 885, zona leste de São Paulo, foi invadido na madrugada desta sexta-feira por policiais do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos), comandados pelo delegado Marcelo Gasparino Silva, titular da 4ª delegacia do órgão.

"Para nós é novidade que esta droga esteja sendo fabricada no Brasil", afirmou o delegado. Segundo ele, nas apreensões de ecstasy feitas até hoje a polícia acreditava que a droga era importada.

No apartamento em que funcionava o laboratório mora o espanhol Raul Gonzalez Garcia, 28, apontado como químico e dono do laboratório. Ele não estava no local e está sendo procurado pela polícia. Garcia moraria no Brasil há um ano. Uma foto sua foi achada no laboratório.

No local estavam 2,5 kg da droga MD-MA (metilenodioximetanafetamina), substância de que é feito o ecstasy.

Segundo a polícia, com 1 g da substância é possível fazer 10 comprimidos, que chegam a ser vendidos por até R$ 50 em danceterias e festas. Na casa de Garcia, havia droga suficiente para fazer 25.000 comprimidos.

Investigação

A polícia chegou ao laboratório após uma investigação de cerca de um mês. Um policial se infiltrou em danceterias e festas. Ele acabou conhecendo o estudante de engenharia Thiago Luna Freire Domingos de Oliveira, 21. O policial teria fingido interesse em comprar a droga, oferecendo R$ 3.000.

Na noite de ontem, Oliveira levou o policial ao apartamento do modelo Glauco Caruso Goulart, 23, em um flat na rua Gararu, 140, zona sul de São Paulo, para comprar a droga.

A polícia invadiu o apartamento e no local encontrou 51 comprimidos de ecstasy, que estavam sendo embalados pelo modelo e por seu amigo, o DJ Miguel Ângelo Fusco Júnior, 21.

No flat também estavam a promoter da danceteria Manga Rosa Carla Vieria, 28, que disse que foi ao local para levar convites da boate, e a estudante Danyelly Dias Oliveira, 19, que estaria dormindo.

O DJ acabou indicando que havia comprado a droga de Garcia, e revelou o local em que este morava. Os policiais, ao chegar no laboratório, além da substância para fazer ecstasy, encontraram 1 kg de pasta de cocaína, pouca quantidade de maconha, frascos de éter, acetona e cafeína e equipamento utilizado em laboratórios químicos.

A polícia suspeita que a cocaína seria utilizada para fabricar crack.

Foi realizada também uma apreensão na casa de Oliveira, onde foram achados dois pés de maconha.

As quatro pessoas que estavam no flat foram presas, assim como Oliveira. Eles serão indiciados por tráfico de drogas e formação de quadrilha, cujas penas, somadas, podem chegar a 12 anos de reclusão, segundo o delegado.

De acordo com o delegado, todos serão indiciados por tráfico de drogas porque estavam com quantidade grande de ecstasy. Além disto, a substância estaria sendo embalada. "Se é usuário, não vai embalar", afirmou o policial. O delegado disse que os acusados chegaram a dizer que distribuíam a droga, o que eles negaram em entrevistas.

Consumo

"O que estava no flat é do meu consumo", afirmou o DJ Miguel Ângelo Fusco Júnior. Segundo ele, a polícia lhe prometeu "liberdade" se ele indicasse de quem teria comprado a droga.

Os policiais afirmaram que apenas indicaram que Fusco Júnior corria o risco de ser o único prejudicado caso não indicasse o traficante.

"Estava embalando (a droga) para não extrapolar", afirmou o DJ. Ele disse que decidiu colocar a droga em cápsulas para saber quanto estaria consumindo.

O DJ afirmou conhecer Raul Gonzalez Garcia "da noite".

O modelo Glauco Caruso Goulart disse que chega a ganhar R$ 10 mil por mês com o seu trabalho. "Não preciso vender droga." Ele afirmou já ter feito várias campanhas publicitárias. Goulart, que é gaúcho, chegou há dois meses para trabalhar em São Paulo.

O estudante Thiago Luna Freire Domingos de Oliveira não quis dar entrevista. A promoter Carla Vieria a estudante Danyelly Dias Oliveira estavam prestando depoimento e também não puderam conversar com a reportagem.

Leia também:

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página