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Morador elevou risco que já conhecia, diz prefeitura de SP
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CRISTINA MORENO DE CASTRO
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
O risco de deslizamento era "inerente" ao terreno e os moradores não só foram alertados dessa situação como agravaram as condições do solo com infiltrações provocadas pelas ligações clandestinas de água e esgoto.
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Esses foram os argumentos dados por membro da gestão Gilberto Kassab (PSD) para explicar o deslizamento de terra em uma obra da prefeitura na zona sul de São Paulo, que matou um menino de três anos e uma mulher de 17, grávida. Outros dois adolescentes ficaram feridos.
O deslizamento ocorreu na rua da Saúde, perto da avenida Alda, na região da divisa com Diadema (Grande SP).
Para o secretário da Habitação, Ricardo Pereira Leite, parte dos moradores resiste em deixar a região mesmo sabendo que é área de risco. A intervenção da prefeitura, afirmou, visa justamente acabar com o risco. "O que houve foi um deslizamento de terra em local onde uma obra estava sendo feita."
Segundo ele, a prefeitura retirou 422 das 500 famílias que deveriam ser removidas. "Mas, às vezes, a família não aceita o que é oferecido", diz.
Para ele, não era possível estabelecer ontem uma relação direta entre as movimentações de máquinas e o deslizamento de terra, como afirmavam os moradores.
Já o chefe da Defesa Civil Municipal, coronel Jair Paca de Lima, disse que as condições instáveis do solo, por conta da declividade, foram agravadas por infiltrações. "Vejam os famosos canos brancos", disse, sobre ligações de água das casas.
A prefeitura deve impedir que parte das 50 famílias levadas ontem para hotéis volte para suas casas. As ofertas aos moradores variam de um auxílio-aluguel de R$ 300 mensais a uma indenização --em média, R$ 15 mil.
"Aqui na região não se aluga casa por menos de R$ 500, nem se compra uma com menos de R$ 30 mil", diz Ernando Pimentel, 43, líder de moradores da área afetada.
A desocupação ocorre com ao menos quatro anos de atraso --em 2007, o município havia sido condenado em primeira instância por não remover as famílias.
OBRA
Para o engenheiro Kurt Andre Amann, coordenador do curso de engenharia civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana), "seria impossível ocorrer um sinistro como o registrado no local" se todas as condições ideais para a obra de contenção do morro fossem respeitadas.
Vários testes, diz, podem ser feitos para saber se o morro pode ser realmente cortado no ângulo de inclinação desejado. Para ele, é improvável que só uma escavadeira causasse o acidente.
As empreiteiras Passarelli e Blokos, responsáveis pela obra, não se manifestaram.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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