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28/07/2011 - 22h23

Autópsia de brasileiros mortos no Peru é inconclusiva, diz Itamaraty

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PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que as autopsias realizadas nos corpos dos brasileiros encontrados mortos no Peru nesta quarta-feira (27) não foram conclusivas. Segundo o órgão, somente em um mês deverão ser conhecidos os resultados dos exames que podem indicar o motivo das mortes.

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O engenheiro Mário Bittencourt, 61, e o geólogo Mário Guedes, 57, funcionários da Leme Engenharia, foram achados mortos no norte do Peru.

O Itamaraty reafirmou o que há havia dito ontem: que na análise externa dos corpos não foram encontrados vestígios que possam levar a suspeitas de que os brasileiros foram vítimas de violência. O governo brasileiro vai esperar o resultado dos exames.

"Não é possível especular. É preciso aguardar as análises e os resultados da investigação policial em curso", afirmou o órgão.

As famílias dos brasileiros rejeitam a versão de hipotermia dada pelas autoridades peruanas e brasileiras.

A mulher do geólogo, Liliana Guedes, suspeita que os dois tenham sido assassinados, por causa da resistência local à construção de uma usina hidrelétrica. O engenheiro e o geólogo estavam hospedados na região peruana de Bagua e Jaén.

A construção da usina já foi motivo de um conflito em 2009 que resultou em ao menos 32 mortes de policiais e civis.

De Uberlândia (MG), onde vive com os dois filhos, Liliana, emocionada, disse: "Sinto é que ele foi jogado lá e nem acho que a empresa dele sabia onde estavam metendo os dois funcionários. E foram mortos com um aviso: quantos mais chegarem, mais serão mortos".

Para ela, é um a "absurdo" a versão de hipotermia passada pelas autoridades, porque a temperatura no local é de 8ºC a 18ºC, segundo informações pesquisadas pela Leme. Ela afirma ainda que seu marido tinha experiência suficiente.

Cláudio Bittencourt, irmão do engenheiro morto, também não considera válida a versão de hipotermia ou ar rarefeito (devido à altitude).

No final da tarde de ontem, ele acompanhava, por meio de videoconferência, a tentativa de um legista brasileiro de falar com a legista peruana que examinou os corpos. Bittencourt disse duvidar da versão de que os corpos estavam sem sinais de violência.

"Por que não mandam as fotos dos corpos?", questiona, dizendo que seu irmão era bastante experiente em construção de hidrelétricas. Ele afirma ainda que a área onde os brasileiros sumiram era descampada e, por isso, não acredita que seu irmão ficaria perdido no lugar.

A Folha questionou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro acerca da suspeita de homicídio levantada pelas famílias. "Não vamos conversar sobre hipóteses. Não há nenhum indício que leve a isso", afirmou o órgão.

A situação em que os brasileiros desapareceram está cercada de mistérios, pelo relato passado às famílias.

Bittencourt e Guedes caminhavam por uma trilha aberta com mais dois engenheiros e geólogos peruanos, para fazer medições no local, quando o engenheiro brasileiro teria ficado para trás para descansar. Era início da tarde de segunda-feira.

O geólogo seguiu com os peruanos até que eles desceram para fotografar uma área. Guedes ficou na trilha esperando, sem perder Bittencourt de vista. Quando os peruanos voltaram, uma hora depois, não viram os dois. Os corpos foram achados na última quarta, a 300 metros um do outro.

Em nota, a Leme não comentou a suspeita das famílias e disse que continua aguardando informações das autoridades. Informou que contratou um médico-perito particular, que já está em Bagua para a "coleta de amostras suplementares".

Não há previsão para o traslado dos corpos para o Brasil, que, segundo o Itamaraty, será feito pela Leme Engenharia. Um funcionário da empresa está no país providenciando as remoções para o Brasil.

 

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