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24/09/2011 - 09h32

Agressão escolar virou rotina, afirma sindicato

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FELIPE LUCHETE
FERNANDO SILVA
DE SÃO PAULO

Casos de agressões físicas e verbais de alunos contra professores viraram rotina, dizem profissionais da categoria ouvidos pela Folha.

O sindicato dos professores da rede municipal de São Paulo afirma que há escolas em que funcionários chegam a recolher armas brancas levadas pelos alunos. Tais armas são devolvidas no final da aula, por causa do medo de retaliações.

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Com a condição de não ser identificado, um professor relatou à Folha que já foi ameaçado por um aluno armado com faca em uma escola municipal da zona sul. "[Este tipo de situação] é comum. Conheço colegas ameaçados com armas de fogo", afirma ele.

A Secretaria Municipal de Educação diz que não recebeu comunicados sobre apreensão de armas de qualquer natureza nas dependências de suas escolas.

"Eu nunca mais vou ser a mesma", diz a orientadora educacional Jane Mauss Antunes, 58, que teve os dois braços e seis dentes quebrados em novembro de 2010 por um estudante de um curso técnico de enfermagem.

Quase um ano depois, ela diz que ainda sente dores, toma remédios e precisa ir frequentemente a consultas com dentista, fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Voltou a trabalhar numa escola de Porto Alegre, mas agora só atende professores.

O aluno agressor, Rafael Soares Ferreira, 25, está preso, foi denunciado pelo Ministério Público sob acusação de tentativa de homicídio e irá a júri popular.

Segundo Jane, Ferreira havia sido levado até ela depois de ter discutido em sala de aula com uma professora por causa de uma prova. Nervoso, ele a agrediu com uma cadeira, socos e pontapés.

O advogado dele, Luiz Fernandes Martins, diz que Ferreira admite a agressão, mas que não tentou matá-la.

Outros dois professores ouvidos pela Folha preferiram não voltar ao trabalho.

A professora de matemática Sandra Inês Bontempo, de Guiaimbê (449 km de SP), foi agredida há seis meses por um aluno. Ele atirou uma carteira escolar nela.

Bontempo disse que evita até passar em frente à escola estadual onde dava aulas.

Ela afirma que não sente mais dores na cintura, onde foi atingida, mas tem crises de pânico, continua de licença por recomendação médica e ainda toma remédios.

O adolescente, na época com 16 anos, foi encaminhado à Fundação Casa (ex-Febem) e já liberado, segundo o Conselho Tutelar.

Em Salvador, o professor de artes Marcos Nonato, 46, foi esfaqueado por um aluno de 16 anos em março de 2010 em uma escola pública.

Nonato disse que o jovem lhe apontou uma faca em sala de aula após ter sido encaminhado pelo professor à direção da escola. Os golpes acertaram seu pescoço e seu ombro. Nonato disse que quase morreu.

Depois da agressão, desistiu de lecionar e agora estuda direito. Ouviu relatos de que o aluno foi morto em agosto.

"Toda vez que eu vejo na TV um caso como esse [da professora baleada por um aluno em São Caetano do Sul, anteontem], lembro do que aconteceu comigo, a medalha de honra ao mérito depois de 11 anos de profissão."

 

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