Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter

Ribeirão Preto

30/05/2012 - 21h21

A gente não controla o poema, afirma Ferreira Gullar em Ribeirão Preto

Publicidade

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

"O poema nasce do espanto, a gente não controla." Foi assim que o poeta, crítico de arte e colunista da Folha Ferreira Gullar, 81, abriu sua conferência na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto (313 km de SP), onde falou nesta quarta-feira.

Autor da desconstrução do poema, que deu espaço para a poesia concreta dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Gullar disse que se reinventou a partir das experiências linguísticas e literárias enquanto tentava se encontrar em uma nova linguagem.

"Ao me deparar com a poesia moderna vi que o que eu fazia, inspirado nos poemas parnasianos de Olavo Bilac, era o mundo ideal. Conheci Drummond e ele me mostrou a poesia do mundo real", disse.

Silva Junior/Folhapress
O escritor, poeta e jornalista Ferreira Gullar durante conferência na 12ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto
O escritor, poeta e jornalista Ferreira Gullar durante conferência na 12ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto

Nascido em São Luís, no Maranhão, e batizado como José de Ribamar Ferreira, Gullar disse que conheceu o movimento modernista quase duas décadas depois da Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922.

"Eu nasci em Macondo, a cidade criada por [Gabriel] García Márquez [escritor colombiano, autor de 'Cem Anos de Solidão'] onde tudo acontece com 100 anos de atraso", brincou.

A descoberta da poesia moderna lhe trouxe o "espanto" que ele diz ser a força que move o processo de criação do poema. A busca pela expressão exata o levou à criação de uma nova linguagem.

Em 1950 publicou "A Luta Corporal", seu primeiro livro que, segundo ele mesmo, ninguém entendia.

O processo culminou em poemas espaciais, como na obra em que colocou uma base branca, um cubo branco e embaixo dele a palavra "lembra".

Ou quando projetou uma caixa d'água, que foi construída por Hélio Oiticica. "Quando fomos inaugurar, havia chovido na noite anterior. E o que era poema concreto virou só uma caixa com três palmos de água", disse.

"Desisti do poema, da poesia, virei cronista e fui parar no exílio", afirmou ele referindo-se ao período do regime militar brasileiro (1964-85).

Mas foi justamente no exílio em que o poeta criou o que é considerada a sua obra-prima, "Poema Sujo", escrito em 1976 em Buenos Aires.

"Escrever no exílio não muda a forma do fazer poético, mas muda o que o poeta vê e o que o move", disse.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página