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Ribeirão Preto
Sobrevivente relata momentos de tensão em soterramento de Lins (SP)
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(...) Depoimento a
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A LINS
O operador de máquinas Renato Basilio da Silva, 31, e outros três operários conseguiram sobreviver a um soterramento que matou outros cinco colegas.
O acidente aconteceu na última segunda-feira, em Lins, no interior de São Paulo, em uma obra para tubulação para a usina Lins, pertencente à usina Batatais. Silva ficou sob a terra por uma hora até ser resgatado.
Leia abaixo depoimento de Silva sobre o acidente.
-
Eu cheguei já na troca do turno, eram 15h, quando o buraco já estava grande, uns cinco ou seis metros de profundidade, acho. Devia faltar só mais uma hora para terminar o serviço.
O pessoal estava desde o começo da manhã na obra, colocando a tubulação para drenar a água da chuva.
Silva Junior/Folhapress | ||
O operador de máquinas Renato Basilio da Silva, que foi um dos sobreviventes após soterramento na usina Lins |
Já tinham feito uns dez metros [de extensão] de tubulação. Sou operador de máquinas e estávamos em duas máquinas, uma escavando, mesmo, e eu pegando o excesso.
Da equipe, fui o último a chegar na obra. Lá na valeta estavam dois operários.
São eles que nivelam a terra para depois descer a tubulação de ferro com a máquina. Aí, em seguida, viria o caldeireiro, para alinhar a tubulação no chão. Depois, viriam os soldadores e, assim, continuaria.
De repente, veio o primeiro desmoronamento. Dos dois que estavam no buraco, um ainda conseguiu fugir, mas o outro ficou preso. Todo mundo então desceu para ajudar a tirá-lo.
O Mário André [que coordenava o serviço naquele momento, de acordo com a usina, e que morreu] se desesperou. Ele foi um dos primeiros a pular no buraco para salvar o funcionário.
Deixei a máquina e desci também. Quando desci, o outro operador que estava na máquina gritou lá do alto: "Ó, vai cair de novo!".
Tentei correr, mas não consegui. Essa parte toda do ombro direito para baixo ficou presa. Olhei para cima e estava vindo mais terra.
Eu estava, acho, que a cerca de dois metros da altura do barranco. Eu era um dos que estavam mais na parte de cima [da obra].
O resto a terra cobriu tudo. Os únicos descobertos foram eu e o outro, que foi o primeiro a sair, porque a terra estava só até a altura do joelho.
Eu pensava somente em sobreviver e rezar a Deus para que meus colegas de trabalho também saíssem vivos.
O desespero era grande, você não podendo fazer nada naquela situação.
Ah, nessa hora você pensa em sobreviver, na família, [pensa] muita coisa.
Ao mesmo tempo, dá uma tristeza de perder os amigos, porque depois fiquei sabendo [da morte] deles.
Não dava para ouvir, porque muita gente veio chegando e falando alto, não dava para ouvir.
Eu cheguei mais no final, na troca do turno. Quando cheguei, o buraco já estava grande.
PROBLEMAS
Acho que faltou calçar o barranco, não tinha nada. Não havia escoramento, e acho que tinha de ter numa valeta daquela.
Não havia tábuas comprimindo o barranco ou alguns caibros protegendo --caso desmoronasse, teria algo protegendo a gente.
Depois que eu fui socorrido, não vi o restante do resgate. Pediram para que eu saísse de lá. Entrei na usina e depois pedi ao encarregado para ir embora.
Meu sogro e minha mulher estavam me esperando e me levaram para o hospital. Lá na usina ainda colocaram uma faixa no meu braço. Quando cheguei ao hospital, o imobilizaram.
Ah, ver minha mulher e depois minha filha foi só felicidade. Minha filha [Layla, 6] não desgruda de mim agora, depois do acidente.
Deus me protegeu, caso contrário eu não as veria de novo. Deus me deu outra oportunidade.
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