Exposição sobre tráfico de pessoas pretende conscientizar jovens
O Brasil é um dos países do mundo que mais sofre com tráfico de pessoas. Somente de 2005 a 2011, foram 475 casos oficiais de pessoas traficadas em situações de exploração sexual, trabalho escravo e outras formas desconhecidas, de acordo com a Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça.
As mulheres e as meninas representam 76% de todas as pessoas traficadas no mundo, enquanto homens e meninos somam 24%, apontou relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 2012.
Pensando em conscientizar e alertar a sociedade, especialmente os jovens, sobre esse problema social, a artista holandesa Marina van der Zwaan traz ao Brasil, a partir de hoje, a exposição educativa "Projeto Labirinto: High Heel Passenger", que tem como objetivo combater o tráfico humano.
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Memorial da América Latina abre hoje exposição sobre tráfico de pessoas |
A intenção da exposição é promover e divulgar os direitos das pessoas que vivem sob essa forma de escravidão e mostrar ao público a angústia daqueles que buscam uma saída. O labirinto possuí 250 m² e um peso de aproximadamente 300 quilos de cimento.
Ao percorrer o espaço, o visitante se deparará com cenas e histórias reais de pessoas que passaram por essa situação e será desafiado a sair do local. "Quero que eles sintam angústia de quem está preso. Não é para ser um ambiente agradável", explica a artista.
Além de São Paulo, o projeto acontece simultaneamente em mais cinco cidades pelo mundo: Luanda (Angola), Berna (Suiça), Joanesburgo (África do Sul), Acra (Gana) e Lisboa (Portugal).
Hoje, dia da inauguração, data que também se comemora o Dia Europeu do Tráfico de Seres Humanos, os seis labirintos estarão conectados via "Live Streaming" com a proposta de desenvolver um debate simultâneo sobre o tema.
A holandesa também desenvolveu um plano educacional para alunos de 15 a 18 anos com base em uma pesquisa que fez com 40 estudantes, na qual perguntou o que eles queriam saber sobre tráfico humano. Posteriormente, essas questões foram enviadas à Organização Internacional do Imigrante e para a Agência da ONU para Refugiados, onde foram respondidas.
"O jogo é um labirinto com perguntas e respostas, que, para sair dele, os alunos respondem sobre o tema", explica.
Futuramente a holandesa, que vive há 20 anos em Portugal, pretende enviar o plano educacional, incluindo um jogo de perguntas e respostas, que pode ser "[baixado]": https://www.dropbox.com/s/txw9k4lvo9dpxr5/HighHeelPassenger.apk por qualquer dispositivo e os professores possam dar aula sobre o tema.
"Não há nada pior no mundo do que tirar a liberdade das pessoas. Temos que começar a conscientizar pelo ensino", considera.
A artista desenvolveu a ideia há dois anos, quando começou a trabalhar em um abrigo de acolhimento português para garotas de programas traficadas. Ela viajou por muitos países para conhecer esse drama de perto. Teve passagens pelo Brasil e pela África, onde encontrou situações extremas de pais que vendem seus filhos para adoção por US$ 1.000 para terem o que comer.
O "Projeto Labirinto: High Heel Passenger" não teve dinheiro físico envolvido. Segundo a autora, as pessoas trocaram mão de obra e material por publicidade. Quem comparecer à exposição também poderá deixar pinturas e fotografias nas paredes do labirinto.
Projeto Labirinto: High Heel Passenger
Onde: Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina; àv. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo
Quando: de 18 de outubro a 18 de novembro (terça a domingo), das 9h às 18h
Quanto: entrada grátis