Conferência Ethos discute objetivos da ONU e coloca empresas como ativistas
A Conferência Ethos 360° reuniu na terça (20) e quarta-feira (21) empresários, especialistas e líderes de institutos e organizações do terceiro setor para tratar dos compromissos da agenda 2030 da ONU com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Durante esses dois dias, os painéis trouxeram especialistas em economia, sustentabilidade, equidade de gênero, discriminação racial, refugiados, corrupção, entre outros temas de destaque da agenda sustentável.
"Os ODS colocam a empresa com um papel de ativista", afirmou Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos. "Eles chegam em um momento saudável. Há uma consciência sobre o esgotamento do modelo atual da economia."
Um dos reflexos é a crise de refugiados, que chega também ao Brasil. O país contabiliza 8.863 refugiados reconhecidos, de acordo com o Conare (Comitê Nacional para os Refugiado), um percentual pequeno dos quase 20 milhões do mundo, mas que traz desafios também para o país.
Na mesa "Empresas, sociedade e governo: nosso papel na proteção e inclusão do migrante e refugiado", Ana Paula Caffeu, coordenadora da Missão Paz, Nina Best, gerente de programas do Instituto C&A, Vanessa Tarantini, coordenadora de parcerias e engajamento da Rede Brasileira do Pacto Global, e Jonathan Berezovsky, fundador da Migraflix, debateram o assunto.
Vanessa Tarantini apontou as atitudes que as empresas podem tomar, como contratar os refugiados, oferecer acesso a programas sociais, educacionais e culturais e desenvolver produtos e serviços específicos para este público.
A importância da contratação de refugiados também foi tratada por Ana Paula Caffeu, que falou das dificuldades enfrentadas. "O olhar do [setor de] RH [Recursos Humanos] é que vai fazer dar certo", disse. "Eles precisam saber que aquele pedaço de papel [registro concedido a refugiados] é um documento."
O empoderamento desses migrantes também foi abordado no painel oferecido pelo Instituto Lojas Renner, que contou com a presença de Beatriz Martins Carneiro, secretária executiva da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Para ela, a empresa tem papel fundamental para a independência dos refugiados. "Existe um desconhecimento das empresas dos direitos dessas pessoas. A contratação traz diversidade e igualdade de gênero."
PESSOA JURÍDICA E ATIVISTA
O ativismo das empresas incluiu os setores de sustentabilidade de grandes instituições nas mesas de discussão, como o do Banco Santander. Linda Murasawa, superintendente executiva da área na instituição, tratou do assunto em um painel sobre inovação e sustentabilidade nas PMEs (Pequenas e Médias Empresas).
"Um grande banco, como o Santander, tem uma estrutura que apoia", explicou sobre a diferença entre grandes e pequenas empresas. "O pequeno empresário quer fazer [a sustentabilidade], mas tem dificuldade em começar."
A saída, para Linda Murasawa, estaria no compartilhamento de práticas, pois a "informação existe". "É preciso capacitar o empresário e os funcionários. Podem ser mudanças comportamentais que levem à eficiência, sem necessidade de gerar custos."