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22/03/2011 - 01h34

40 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de água

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RACHEL AÑÓN
DE SÃO PAULO

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para conscientizar a população para o uso sustentável de um dos bens mais preciosos para a vida no planeta. O dia 22 de março entrou na agenda seguindo as recomendações da Eco-92 --a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente-- que aconteceu no Rio de Janeiro há quase 20 anos.

Próximos da conferência Rio+20 e com mais da metade da população mundial vivendo hoje em cidades --fato inédito na história-- o tema escolhido para este ano é "Água para Cidades: Respondendo ao Desafio Urbano". O debate passa pelas incertezas provocadas pelas mudanças climáticas, catástrofes naturais e contaminação dos sistemas de abastecimento.

Professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo e consultor em saneamento ambiental, Gesner de Oliveira, 53, presidiu a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e conhece de perto os problemas enfrentados pelas cidades. Por e-mail, ele conversou com a Folha sobre os principais desafios e as iniciativas que podem fazer a diferença na qualidade de vida da população dos municípios brasileiros.

Folha - Quais são os principais problemas relacionados à questão da água nas cidades, principalmente nas megalópoles?

Gesner de Oliveira - A maioria das grandes manchas urbanas de países em desenvolvimento não tem universalização de abastecimento. Várias áreas são irregulares e não têm abastecimento seguro. Isso provoca sérios riscos de contaminação e desperdício de água. Mais da metade da população brasileira não tem acesso a esgoto. Mais de 40 milhões não têm acesso à rede de água e 8 milhões não têm banheiro.

Folha - No Brasil, temos 77% da população vivendo em núcleos urbanos, um dos maiores índices do mundo. Quais são os principais desafios do país?

Oliveira - Há cinco desafios principais: a) universalizar o serviço de água e esgotamento sanitário, especialmente neste último que está muito atrasado; b) recuperar mananciais e cursos d'água que estão poluídos; c) universalizar e regularizar o serviço de coleta e tratamento de resíduos sólidos; d) investir pesadamente em drenagem e infraestrutura urbana para ajudar no combate às enchentes; e) promover modernização da gestão das empresas de saneamento visando o aumento de eficiência, especialmente a redução das perdas de água que em média chegam a 40% no Brasil.

Folha - No que tange aos recursos hídricos, o que tem sido feito em termos de políticas públicas?

Oliveira - Existem avanços na organização dos comitês de bacias e na maior consciência em relação à necessidade de preservação dos recursos hídricos. Mas o problema ainda é muito grave. Falta planejamento e coordenação entre as diferentes esferas de governo e bacias importantes estão fortemente poluídas.

Folha - Quais iniciativas de organizações sociais que se destacam nessa questão com impacto positivo na comunidade?

Oliveira - Há várias ações importantes. A SOS Mata Atlântica tem tido papel central na mobilização para despoluição do rio Tietê. A adoção do programa de uso racional de água em um conjunto de 1.817 escolas em São Paulo reduziu em 30% o consumo. Várias organizações têm se mobilizado para retirar o óleo de fritura na rede, eliminando um foco de poluição da água. Lembre-se que apenas um litro de óleo pode poluir até 25 mil litros de água.

Folha - No seu ponto de vista, onde faltam bons projetos em gestão de água? É possível investir?

Oliveira - Praticamente não há instrumentos de política nacional para induzir maior eficiência na produção e distribuição de água. É por isso que as perdas no Brasil são tão elevadas. É preciso haver linhas específicas de financiamento para melhoria de gestão nas empresas de água e para obtenção de melhores índices de eficiência. Para se ter uma ideia dos benefícios que podem ser alcançados, a redução de perdas da Sabesp de 32% em 2007 para 26% em 2010 permitiu o abastecimento para quase 2 milhões de pessoas adicionais.


 
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