Jovem conta como mudou sua vida profissional por meio do voluntariado
RESUMO A jornalista paulistana Belisa Rotondi, 28, percebeu na profissão que no Brasil existem diferentes "mundos". Foi à procura de ajudar o próximo por meio do trabalho voluntário. Ficou perdida e sem direção em meio a milhões de sites da internet. Mas foi no Atados que encontrou o que procurava: uma plataforma didática e com ONGs de referência. Um ano depois, progrediu no voluntariado, mudou o foco de seus estudos e trabalho e se diz transformada com as lições de vida diárias.
Na Lata | ||
Belisa Rotondi, 28, conheceu "novos mundos" depois de conhecer o trabalho voluntário |
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Sempre tive muito gosto em ajudar as pessoas. Há seis anos, quando não existia tanto acesso à informação, uma leitora me disse que minha reportagem havia lhe ajudado. Ali percebi que o mundo era outro além do meu.
Resolvi estudar, fiz um curso de capacitação em negócios sociais e conheci muitos projetos. Isso mexeu muito comigo, comecei a me cobrar mais depois de ver como os negócios sociais podem ter impacto e lucro ao mesmo tempo.
Depois disso, eu e uma amiga queríamos buscar um trabalho voluntário, mas estávamos perdidas. Procurava na internet e não achava. Foi no meio dessas pesquisas que caí no site Atados, entrei e fiz meu perfil. Vi o projeto Carta e Livro, uma iniciativa da ONG Morungaba, que ajuda crianças que vivem em abrigos a aprenderem a ler e a escrever por meio da ajuda de voluntários.
No site, escolhi a opção de voluntário presencial. Na inscrição, tive que justificar o por que queria o trabalho e o que tinha a ver com esse projeto. Sei escrever e ler, sempre gostei disso. Não tenho a didática, mas poderia me virar.
Mandei um e-mail para o Atados, a Morungaba me respondeu dizendo que eu havia passado na seleção e para estar na primeira reunião para conhecer a ONG. No segundo encontro, conheci voluntários e suas experiências com o projeto de cartas. É apaixonante.
No Atados, eles já tinham informado que teriam datas e compromissos obrigatórios. No final, me disseram para pensar, sem nenhuma obrigação e só voltar se tivesse interesse e comprometimento. Achei isso sensacional, porque eu não me senti pressionada em continuar.
Os voluntários correspondentes escrevem e enviam cartas para as crianças e o presencial vai toda semana ao abrigo. Cada uma recebe uma carta e tem de ler e responder. A ONG precisava de voluntários para as duas atividades e eu peguei as duas.
O desafio do correspondente é a fazer as crianças contarem suas histórias por meio das cartas, é difícil porque elas estão saindo da situação de vulnerabilidade social, têm baixa autoestima. Já o do presencial é ajudar a escrever, elas têm dificuldade, pois muitas nunca foram à escola.
Tive chances, livros e elas não tiveram tantas oportunidades assim. Acho isso injusto. Elas não têm sonho, acham que aquilo não é para elas.
Antes, tinha muitos preconceitos e as crianças me mudaram, são muito interessadas em aprender. Foi uma visão que transformou a forma como enxergo o mundo.
Acabei agregando outras atividades, além desse trabalho, toda segunda faço um relatório sobre o comportamento das crianças e mando para a psicóloga do abrigo.
Ainda acho que faço pouco. Vir aqui uma vez por semana e ficar duas horas, às vezes, é nada. Mas estou conseguindo trazer boas referências para eles e para mim. Meus problemas são grandes, mas olha, o que eles fazem com os deles... dão a volta, vão atrás.
Essa é a relação que quero ter com o mundo e com as pessoas. As crianças entregam o que tem para mim e esperam que eu entregue o que tenho. O voluntariado me ajudou a ser mais leve com a vida.
Indico o Atados para todos os meus amigos, porque me ajudou a colocar em praticar o que só tinha em ideia. Sentia falta de um lugar assim.
Vejo pessoas que não sabiam que existe um site assim, algumas vêm me procurar para saber sobre o voluntariado. Digo que é o projeto que mudou minha vida. Essa indicação faz muita diferença. Talvez, se não tivesse visto meus amigos na página do Atados, quando loguei com o Facebook, não teria me interessado e não saberia se a ONG é de confiança.
Gostaria de ter tido essa ideia. Porque ela resolveu um problema que é de muita gente: não encontrar o que fazer e não saber por onde começar. Eles fazem uma coisa muito importante: mostram por onde começar.
Sem o Atados, provavelmente não estaria aqui e nem como estou hoje, e não teria mudado minha vida como mudei. Eles são os responsáveis por essa minha transformação pessoal e profissional. Vale abrir o coração e se envolver como voluntário.
Antes, nunca tinha pensando em adotar um filho, agora penso. Isso é uma construção semanal. Também mudei o meu foco profissional, comecei a fazer pós-graduação em educomunicação.
Essa transformação é a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.