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16/08/2008 - 08h33

Relação EUA-Rússia é marcada por desconfiança, dizem analistas

BRUNO GARCEZ
da BBC, em Washington

A relação entre Estados Unidos e Rússia tende a ser marcada por desconfiança mútua e uma constante guerra retórica, após a ação militar russa em território georgiano, seguida do apoio americano à Geórgia.

É o que pensam analistas internacionais ouvidos pela BBC. O conflito entre Rússia e Geórgia teve início depois que tropas georgianas invadiram, no último dia 7, a república autônoma da Ossétia do Sul, um enclave de maioria russa situado dentro da Geórgia. A operação gerou uma violenta ação militar por parte da Rússia.

Arte/Folha Online
mapa ossétia

"As crescentes declarações negativas e o uso da mídia por ambas as partes tornarão a atmosfera mais difícil para se chegar a discussões e negociações normais em uma série de temas", afirma James Collins, diretor do programa de Rússia e Eurásia do instituto de pesquisas Carnegie Endowment for International Peace.

Collins, que foi embaixador americano na Rússia entre 1997 e 2001, acredita que mesmo em meio às tensões entre os dois países, é preciso buscar o diálogo e o consenso em determinados temas.

"A minha carreira diplomática me ensinou que você não vai muito longe se resolve não falar com quem discorda de você. É melhor ter um diálogo para descobrir quais os pontos em comum e quais as diferenças", afirma.

Fim de mandato

Mas o ex-embaixador acredita que o momento não é dos mais propícios, por conta de o governo de George W. Bush estar chegando ao fim e ter pouco poder de fogo.

"Temos de ser realistas. É improvável que muitas iniciativas sejam tomadas por uma administração que está chegando ao fim."

Para o analista político russo Andrey Piontkovsky, pesquisador do Hudson Institute, de Washington, e diretor-executivo do Centro de Estudos Estratégicos, de Moscou, o governo russo agiu de forma apropriada no início de sua operação militar, mas terminou pecando pelo excesso.

"A percepção por parte da administração americana é de que o governo Putin cruzou o sinal vermelho. Em minha visão, o Kremlin cometeu um sério erro. A Rússia estava certa ao reagir a um ataque inaceitável por parte de Saakashvili [o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili]."

Naquela ocasião, argumenta o analista, "nossas forças de paz estavam agindo de forma justa. Quando o governo russo decidiu ampliar a operação para além da Ossétia do Sul e para a Geórgia propriamente, essa percepção de que se estava agindo com justiça foi se esvaindo a cada dia".

Retórica e ações

Para Gary Schmitt, diretor de programas estratégicos do American Enterprise Institute, os Estados Unidos precisam conciliar a dura retórica com ações da mesma natureza em relação aos russos, já que este tem sido o procedimento por parte de Moscou.

"Nos últimos anos, a retórica vinda de Moscou tem sido bem agressiva e seguida de ações igualmente virulentas. A incapacidade de ter levado essa retórica a sério passou o recado errado aos russos. Por isso, é importante passar a mensagem de que eles cruzaram a linha e precisam recuar."

Para Schmitt, entre as possíveis ações que as potências ocidentais poderiam tomar contra os russos figuram negar a eles a pretendida adesão à Organização Mundial de Comércio e expulsá-los do G8. Ambas propostas defendidas também pelo virtual candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain.

Sanções econômicas

O analista acredita que outra medida retaliatória eficaz seria a de adotar sanções contra empresas russas. "Há inúmeras companhias russas envolvidas em atividades ilícitas e estas poderiam ser almejadas."

"Este é um regime russo que se gaba de conseguir acumular o máximo possível de dólares e euros. É preciso atingi-lo em seu ponto fraco", afirma Schmitt.

Para o diretor do American Enterprise Institute, a fim de não ficar refém da Rússia, a Europa, atualmente muito dependente do gás proveniente do país, precisa buscar a autonomia energética.

Caso os europeus se encaminhem nessa direção, a Rússia sofrerá os efeitos, diz ele. "A Rússia só irá recuar se sofrer um castigo pesado. O governo do país é uma autocracia que só sabe reagir à dor."

Para Schmitt, a operação militar russa selou de vez a relação de desconfiança que o Ocidente mantinha com Moscou. "Creio que ninguém no governo americano e seguramente ninguém na Europa vê a Rússia como um aliado, mas sim como um mal necessário."

Comentários dos leitores
J. R. (1000) 07/10/2009 09h20
J. R. (1000) 07/10/2009 09h20
Marcel Guazzelli () 04/03/2009 08h56 - Revisando, Sr. Marcel, as nossa informações se complementam. Eu apenas preferiria que Stalin não ficasse no poder, porém sem ele não sei se a Rússia teria vencido. Enfim, as tropas alemãs foram todas dizimadas pelos russos nos Balcãs. sem opinião
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Marcel Guazzelli (4) 04/03/2009 08h56
Marcel Guazzelli (4) 04/03/2009 08h56
Sr JR, as maiores baixas foram russas, as melhores tropas alemãs estavam no flanco oriental ... só pra citar alguma coisa.... não vou aqui abrir a wikipédia e pegar um monte de números para justificar a minha posição, o que sería muito fácil... Mas atacar velhos e menores de idade, flanco ocidental, tenho absolutamente certeza que foi bem mais fácil 4 opiniões
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J. R. (1000) 27/02/2009 16h08
J. R. (1000) 27/02/2009 16h08
O Ocidente informava a posição das tropas alemãs e enviava suprimentos e combustíveis para as linhas russas, ó Marcel Guazzelli (2) 04/10/2008 09h21
quando diz "Sr. J.R. , quem mais ajudou para a derrocada alemã foram os russos e não os aliados. Leia mais, por favor... ". Desculpe Sr. Guazzelli, procuro me aprofundar no que leio, portanto não leio pasquins ...
33 opiniões
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