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"Herói" McCain foi moldado pelos anos na Marinha
da Folha Online
John McCain já foi descrito de inúmeras formas: como um herói de guerra, como um "maverick" (termo em inglês usado para descrever uma pessoa com postura independente, um inconformista ou rebelde) e como uma pessoa que gosta de falar sem rodeios.
Veterano do Vietnã, o republicano passou anos como prisioneiro de guerra. De volta a seu país, galgou os degraus da política americana e hoje é um das vozes mais conhecidas em Washington quando o assunto é política externa ou temas militares.
Brian Snyder /Reuters |
O presidenciável republicano, John McCain, que combateu no Vietnã |
Se ele tiver sucesso nesta sua campanha, concebida como uma expressão de um conservadorismo com bom senso, o senador pelo Estado do Arizona será o mais velho presidente a ser empossado em seu primeiro mandato, aos 72 anos. Até aqui, foi uma longa trajetória, marcada, entre outras coisas, pela relação por vezes tensa com o atual presidente, George W. Bush --para quem perdeu a indicação republicana para disputar a Casa Branca em 2000.
McCain apoiou a ofensiva de Bush no Iraque e a decisão de aumentar as tropas americanas no país em 2007 --decisão a que analistas atribuem a redução no número de soldados americanos mortos em missão em território iraquiano.
O senador em várias outras situações se mostrou em desacordo com Bush. Criticou duramente a forma como o presidente conduziu o conflito no Iraque e certa vez descreveu Donald Rumsfeld --um fiel aliado de Bush e um dos idealizadores da ofensiva no país do Oriente Médio-- como sendo "um dos piores secretários de Defesa da história".
Ele também se opôs publicamente à prática de levar suspeitos de terrorismo a prisões secretas em países com regras menos rígidas para interrogatório, estratégia aplicada durante o governo do atual presidente.
Mas não é só nessa área que McCain e Bush não mostraram uma frente unida. O senador inicialmente criticou o plano do presidente de realizar grandes cortes nos impostos, afirmando no plenário do Senado que ele "não poderia, em sã consciência, apoiar um corte de impostos no qual tantos benefícios irão para os mais afortunados em detrimento dos americanos de classe média".
Disputando com Bush a indicação republicana à Casa Branca em 2000, McCain teve sucesso no início das prévias com seu estilo direto e acabou tendo uma vitória surpreendente na primária de New Hampshire. Mas o senador foi vítima de vários ataques na seqüência, enfrentou a oposição da direita religiosa, e acabou sendo derrotado, declarando apoio a Bush. Neste ano, os papéis se inverteram.
"Moderado"
McCain diz ser um conservador em termos fiscais, a favor de um orçamento equilibrado. Mas ele defende várias idéias no campo social que o distanciam dos setores mais conservadores do seu partido. Ele é considerado relativamente moderado, por exemplo, em relação a temas como a união civil de homossexuais, aborto e reforma migratória.
Em relação ao meio ambiente, ele já disse que assinaria um tratado para reduzir as emissões de carbono desde que Índia e China também o fizessem. Bush vem se recusando a assinar um pacto nesse sentido.
Durante seus anos no Congresso, o candidato republicano à Casa Branca também não se mostrou tímido na hora de trabalhar em conjunto com os democratas pela aprovação de algum projeto.
Em 2007, ele participou da elaboração um projeto de lei bipartidário para reforma das leis de imigração que, se tivesse sido aprovado, teria oferecido a alguns imigrantes ilegais uma forma de anistia, ao mesmo tempo em que aumentaria os controles nas fronteiras. Ele também foi autor de projetos com democratas para estabelecer limites para emissões de dióxido de carbono e reduzir a influência de lobistas nas eleições americanas.
Em combate
Muitos eleitores sentem simpatia por McCain por causa de sua personalidade, que foi moldada pelos seus anos na Marinha americana.
Filho de um almirante, McCain se formou na Academia Naval dos Estados Unidos em 1958 e então iniciou uma carreira de 22 anos na Marinha. Enviado ao Vietnã, ele escapou por pouco da morte em julho de 1967 quando, prestes a decolar de um porta-aviões para uma ofensiva, um míssil atingiu um tanque de combustível, causando um incêndio que matou 134 pessoas.
Três meses depois, o avião dele foi derrubado no norte do Vietnã. Como o pai de McCain era um importante comandante americano, o governo do Vietnã do Norte viu a captura do piloto como uma boa oportunidade de propaganda e ofereceu a McCain que fosse libertado. Mas McCain rejeitou a proposta e ficou preso por cinco anos, dois deles na solitária, sendo submetido a freqüentes agressões e torturas.
Os ferimentos que sofreu no Vietnã limitam até hoje os movimentos de seus braços.
De volta aos Estados Unidos, McCain continuou na Marinha até ir para a reserva em 1981 e se mudar para o Estado do Arizona. Em 1982, ele iniciou a carreira na política, conquistando uma cadeira na Câmara dos Representantes. Quatro anos depois, assumiu uma cadeira no Senado. Depois de perder para Bush a candidatura republicana à Casa Branca em 2000, ele voltou ao Senado, ocupando uma cadeira no Comitê de Assuntos Armados.
McCain é casado com Cindy Hensley McCain, herdeira de uma das maiores distribuidoras de bebidas dos Estados Unidos, e tem sete filhos três deles adotados.
2008
Neste ano, McCain teve uma trajetória mais tranqüila para garantir a indicação republicana do que seu adversário, o democrata Barack Obama. Depois de um início de campanha difícil, marcado pela falta de dinheiro, McCain começou a ganhar terreno após a vitória (como em 2000) na primária de New Hampshire.
Durante a campanha, McCain procurou lucrar com a batalha entre Obama e Hillary Clinton pela indicação democrata e tentou trazer para si o voto de simpatizantes de Hillary frustrados com a derrota dela. Ele também procurou se distanciar do impopular Bush e atacar Obama, acusando-o de se ser inexperiente demais e não ter conteúdo.
Por sua vez, o democrata tentou associar McCain a Bush, afirmando que sua eleição seria como um terceiro mandato para o atual presidente.
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Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
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