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11/12/2007 - 07h16

Sem-terra protestam contra multinacional em cinco Estados

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da Agência Folha

Militantes sem-terra promoveram ontem invasões e protestos em ao menos cinco Estados (SP, ES, CE, SE e PB) contra a presença da multinacional suíça Syngenta Seeds no Brasil.

Pela manhã, agricultores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) invadiram uma unidade da Syngenta em Aracati (150 km de Fortaleza), derrubaram cercas, quebraram estufas, laboratórios de pesquisas e parte da portaria e da recepção.

Segundo os sem-terra, 500 militantes participaram da ação --para a empresa, eram cem. Não houve confronto, mas funcionários foram impedidos de entrar. Ninguém foi preso.

Em Paulínia (126 km de SP), integrantes do MST e da Via Campesina, movimento internacional de trabalhadores rurais, invadiram uma unidade de fabricação de agrotóxicos da multinacional. Segundo os organizadores, 400 pessoas participaram do protesto --para a empresa, foram 80 militantes.

Os militantes chegaram durante a troca de turno dos servidores, às 7h30. Quebraram um portão da unidade, e entraram com um carro de som.

Eles também picharam a fachada e paredes internas da multinacional com frases como "Syngenta assassina", "Fora Syngenta" e "Keno Vive" --referência a Valmir Mota de Oliveira, 34, morto durante invasão dos movimentos, em outubro, à unidade da Syngenta em Santa Tereza do Oeste (PR). Um segurança particular também morreu no confronto.

Os sem-terra deixaram o local às 16h, em cinco ônibus, duas vans e seis carros. Ninguém se feriu.

Em nota, a Syngenta informou que a saída coincidiu com a obtenção de liminar (decisão provisória) na Justiça para retirada dos militantes. Afirmou ainda que os funcionários foram obrigados a se retirar durante a invasão e que fará inspeção para avaliar os danos. Também negou participação na morte de Keno.

"Soberania alimentar"

Para os sem-terra, que organizaram as ações no Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado ontem, a manifestação contra a empresa foi pela "soberania alimentar". "A Syngenta assassinou com sua milícia armada um trabalhador rural, deixou mais seis feridos [no PR] e continua ameaçando a nossa biodiversidade", disse Roberto Baggio, da coordenação nacional da Via Campesina.

No Nordeste, os atos foram marcados por protestos contra a transposição do rio São Francisco e em solidariedade à greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio.

Na Paraíba, houve protestos em João Pessoa, Campina Grande e Patos. No município de Sapé, 500 pessoas fecharam a BR-230. Um sargento aposentado da PM tentou furar o bloqueio e teve o carro amassado pelos manifestantes, segundo a Polícia Civil.

Em Sergipe, protesto com 1.500 trabalhadores rurais, segundo a Via Campesina, parou o trânsito na ponte que liga Alagoas a Sergipe, entre Porto Real do Colégio (AL) e Propriá (SE), em solidariedade à greve de fome do bispo e contra a transposição do Rio São Francisco. A Polícia Rodoviária Federal não confirmou o número de manifestantes.

No Espírito Santo, 300 sem-terra fizeram panfletagem pela manhã num trecho da BR 101 Sul, entre entre Cachoeiro de Itapemirim e Itapemirim.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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