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21/08/2002 - 16h06

Sabatina Alckmin: leia a 1ª parte das perguntas dos jornalistas

da Folha Online

Leia abaixo a íntegra da parte da sabatina da Folha com o governador Geraldo Alckmin, que acontece hoje em São Paulo.

Nesse trecho, o primeiro da parte em que é questionado por jornalistas, o governador fala sobre a avaliação do eleitorado sobre seu governo, da disputa com Paulo Maluf e dos apoios que vem recebendo. Comenta também as dificuldades da campanha de José Serra.

Participam da sabatina Fernando Canzian, secretário de Redação da Folha, Fernando de Barros e Silva, editor de Brasil, Nilson de Oliveira, editor de Cotidiano, e pelo editor do Painel, Rogério Gentile.

Fernando Canzian: Governador, numa recente entrevista à Folha, o senhor disse que confia no julgamento popular. Chegou a dizer que o povo erra muito menos do que as elites. Segundo a última pesquisa Datafolha, que a Folha publicou na segunda-feira, a avaliação que o senhor tem hoje, o senhor carrega a pior avaliação do seu governo, está com uma taxa de 32% entre os eleitores, é uma queda de 7 pontos em relação a avaliação anterior. De 0 a 10, os paulistas dão nota 5,5 para o senhor. Insegurança, desemprego etc. afligem aí todos os paulistas. Como é o que o que senhor explica essa avaliação ruim que o senhor tem hoje. Não chegou a hora de jogar a toalha?
Geraldo Alckmin: A avaliação não é ruim. Você não leu a pesquisa Datafolha adequadamente. Primeiro, a nossa, o nosso, é muito raro um governador de São Paulo ter ruim e péssimo, 15%, 15% de ruim e péssimo.
Fernando Canzian: É a menor taxa do seu governo, 32% a avaliação de ótimo e bom, uma queda de 7 pontos.
Geraldo Alckmin: Eu tenho a metade da rejeição de um dos candidatos e a menor, sendo governador do Estado, eu tenho a menor taxa de rejeição de todos os candidatos, sendo governador do Estado. Eu sou sozinho para defender o governo e tem todos os outros candidatos, até porque querem ser governador, batendo no governo e ainda tem a mídia, as más notícias estampam aí a cada momento. Então o governo tem a sua avaliação que eu acho muito positiva, muito positiva. E acho que nós vamos ter agora a oportunidade, através do tempo do rádio e da televisão, de expor o que o governo está fazendo, a revolução que foi feita aqui em São Paulo. O Estado de São Paulo estava falido, quebrado. O déficit público superior a 20%, capacidade de investimento negativa, todas as obras paradas, 12 hospitais parados, 3 linhas de metrô paradas, todas as estradas, Marechal Rondon, tudo paralisado. Então nós vamos mostrar, concordamos que falta muito. Acho que falta muito.
Fernando Canzian: O senhor acha que 8 anos não foram suficientes para resolver esses problemas ou pelo menos para indicar um retorno de aspectos positivos que melhorassem essa avaliação que o senhor tem?
Geraldo Alckmin: Todos os ítens do governo melhoraram.
Fernando Canzian: Mas a avaliação está em queda?
Geraldo Alckmin: Não, não está em queda, ela praticamente está estável, veja bem, o ruim e péssimo passou de 14 para 15%, isso não indica...
Rogério Gentile: Governador, hoje começa o horário eleitoral para o senhor, na prática. O senhor entrou numa situação muito mais desconfortável do que o governador (Mário Covas) entrou em 98. Ele então perdia por uma diferença de 7 pontos para o Maluf. O senhor está 16 pontos atrás. 24 a 40. E o governador Covas só conseguiu passar o Maluf na última semana do segundo turno. Eu vou um pouco nessa linha, não há uma exaustão, o eleitor não sente um cansaço depois de 8 anos de....
Geraldo Alckmin: Novamente não estão lendo a pesquisa direito, no tempo do governador Mário Covas tinha 4 candidatos muito competitivos, equilibrados, Maluf, (Francisco) Rossi, a dona Marta (Suplicy) e o governador Mário Covas. Então eram 4 candidatos disputando ali próximo. Hoje nós temos 2, tem um terceiro candidato mais atrás. Então é diferente. Na realidade, se for analisar, o governador Mário Covas, nesse momento, ele tinha 15%, eu começo o horário eleitoral com 24%. O governador Mário Covas tinha 15, chegou a ter 14%.
Rogério Gentile: O Maluf tem 40 agora.
Geraldo Alckmin: Tinha 43, está caindo. Maluf é sempre bom de pesquisa, engraçado isso, porque não ganha a eleição. Na realidade, o que acontece? O que é importante? Você começar um horário eleitoral com 24%, 25%, é um nível bom. O governador Mário Covas, ele ficava em terceiro ou quarto lugar. E ganhou a eleição. Às vezes as propostas populistas, demagógicas, sem compromisso com a verdade, de querer agradar, elas têm um primeiro momento alguma efeito no indivíduo. Mas para isso tem a campanha eleitoral.
Rogério Gentile: Covas teve no segundo turno o apoio do PT, e nessa eleição, pelo que se percebe, o PT está bem mais em cima do muro. Quer dizer, a aliança branca com Maluf e alguns setores...
Geraldo Alckmin: Eu não vou avaliar segundo turno porque eu acho que é deselegante com os demais candidatos. Todo mundo quer ir para o segundo turno. Vai trabalhar para ir para o segundo turno.
Fernando de Barros e Silva: Governador, deixa eu falar, o senhor fez questão de frisar na sua apresentação que o candidato do senhor à Presidência é o José Serra. No entanto, o senhor acaba de receber o apoio de dezenas de prefeitos da frente trabalhista, PTB e PPS, para nominar. Como acomodar essa contradição? Eu sei que a eleição presidencial tem uma lógica, a eleição estadual tem outra lógica. Mas não podemos esquecer o fato de que estamos no maior Estado do país. No maior colégio eleitoral do país. O senhor não estaria colaborando para a cristianização da candidatura Serra, que já não está numa situação, digamos assim, confortável para dizer o mínimo?
Geraldo Alckmin: Eu só tenho um candidato, o senador José Serra. Confio na sua eleição, acho que ele tem todas as condições para ir para o segundo turno. Agora é que está começando a eleição. Veja bem, nós estamos tendo aqui um primeiro debate. Agora que a população começa, aliás, já estava comentando, no trajeto de vinda para cá, já comecei a conversar, veja como as pessoas já começam a reagir mais. Pára o carro, dá um tchauzinho, faz positivo, torce, se manifesta. Agora há um entusiasmo maior. Você tem o quadro pluripartidário, acho que a reforma política é importante exatamente para que isso não ocorra. Quantos candidatos a governador tem o Estado de São Paulo? Quantos são? 17 candidatos a Governador.
Fernando de Barros e Silva: 15.
Geraldo Alckmin: Alguém desistiu, eram 17.
Fernando de Barros e Silva: São 15.
Geraldo Alckmin: Vê se é possível ter 15 ideologias. Você não tem 15 ideologias. Então, é natural que você tenha alguém de outro partido que nos apóie e não apóie o Serra e vice-versa. Qual é o meu comportamento? Eu fui a porta de fábrica anteontem de madrugada, lá em Santo Amaro. Tinham lá vários sindicalistas e o sindicalista na porta da fábrica falou: o meu candidato a presidente da República é Ciro Gomes, e o candidato a governador é Geraldo Alckmin. Na minha vez de falar eu quis deixar claro que temos uma divergência, o meu candidato a presidente da República é o melhor candidato, o José Serra. Faz parte do regime democrático. Então você tem... na reunião de prefeitos estava presente a Rita Camata, que é a vice do Serra, fez um belíssimo pronunciamento. O Marco Maciel, que é do PFL, reafirmou o compromisso com o Serra. A maioria daqueles prefeitos, todos apóiam o Serra...
Fernando de Barros e Silva: No Ceará, com a formalização do Tasso retirando o apoio ao Serra por questões regionais, diz ele, ele evidentemente está engajado na campanha do Ciro Gomes como todos nós sabemos. O Aécio Neves abriu o palanque para o Ciro, também criou uma situação delicada e o senhor, vocês são as três lideranças maiores do PSDB em Estados-chave. O Tasso nem tanto pelo Estado, mas pela projeção que tem dentro do partido e projeção nacional que ele tem. Então, se cria uma situação de dubiedade que fragiliza... A gente não está falando do apoio de qualquer candidato para o senhor, mas é do Ciro Gomes, que coloca a relação com o Serra em termos de santo guerreiro e o dragão da maldade. A gente está falando de uma disputa muito polarizada e cria uma saía justa que eu gostaria que o senhor abordasse melhor.
Geraldo Alckmin: Olha, eu estou convencido do seguinte, que os apoios são importantes, são necessários, são importantes, o arco de aliança. Mas para eleição majoritária é olho no olho, ou você no horário eleitoral do rádio e da televisão criando empatia com o eleitor. Isso vale para mim, não estou falando para os outros, não. Estou falando da minha candidatura, ou você cria uma relação: olha, dá para confiar nesse cara, é por aqui.
A responsabilidade de São Paulo é minha, total, pelos resultados positivos ou não. Eleição majoritária, esse é uma eleição onde o eleitor é muito livre. O eleitor não é comandado.Claro que liderança apóia aqui, indica aqui, há um referencial, mas há uma liberdade dos eleitores muito grande.
Rogério Gentile: Como homem de partido, como o senhor vê a atitude do Tasso Jereissati?
Geraldo Alckmin: Eu lamento, agora acho que política a gente não briga, a gente conquista. Política se conquista, não se obriga.
Rogério Gentile: Governador, uma outra questão, o senhor, em entrevistas, se referiu ao ex-prefeito Paulo Maluf dizendo que ele representa o atraso, uma política que tem o olho no retrovisor. Um populismo debochado e irresponsável. O senhor tem um vice, o professor Cláudio Lembo, que é de um partido, o PFL, que apoiou Maluf em 98 contra o governador Mário Covas. Quer dizer, a impressão é que o PFL não vê grandes diferenças entre o PPB, o PSDB, entre Maluf e Alckmin. O senhor não se sente constrangido com isso?
Geraldo Alckmin: O professor Cláudio Lembro tem uma folha de serviço prestado a São Paulo, ao país, na realidade a sua identidade política sempre foi com o dr. Olavo Setúbal. Foi como o prefeito Olavo Setúbal que ele foi levado à Prefeitura de São Paulo, entrou e saiu junto com o prefeito Olavo Setúbal, com o prefeito Jânio Quadros e com o vice-presidente da República, Marco Maciel, a quem serviu no Ministério da Educação. Com Maluf ficou um período muito curto, pediu demissão e foi embora. Então não tem nenhuma identidade. E eu quero reafirmar aqui mesmo. Nós estamos vivendo aqui um momento histórico, um momento histórico. Há um grande encontro de águas entre uma nova política de olhar nos olhos das pessoas, da seriedade, do respeito ao dinheiro público e compromisso ético, de eficiência, e de outro lado uma política atrasada, que promete tudo, não tem o menor compromisso com a verdade, o menor compromisso, uma política de quebrar o governo, que quebrou a Prefeitura de São Paulo, quebrou o governo do Estado. E acho que é a obrigação, inclusive nossa e dos meios de comunicação, levar essas informações para a sociedade. Olha o risco que está se correndo de por a perder um governo sério, um trabalho sério que foi feito aqui no Estado de São Paulo.

Leia a íntegra da sabatina com Geraldo Alckmin:
  • 2° Parte- Pergunta Jornalistas

  • 3° Parte- Pergunta Jornalistas

  • 1° Parte- Perguntas Platéia

  • 2° Parte- Perguntas Platéia

  • 3° Parte- Perguntas Platéia e Encerramento


  • Veja também o especial Eleições 2002
     

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