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28/12/2002
-
09h02
Severino Antinori, ginecologista italiano que anunciou para o começo do ano que vem o nascimento de um clone:
"[A notícia] me faz rir e ao mesmo tempo me desconcerta, porque cria confusão entre as pessoas que querem fazer pesquisa científica séria e as que não querem. Nós continuamos o nosso trabalho científico, sem fazer anúncios. Eu não participo dessa... corrida".
Volnei Garrafa, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética:
"Acho isso de uma irresponsabilidade total. Se eles conseguiram um clone, o que eu duvido, porque a tecnologia não está suficientemente desenvolvida, o que fizeram com os embriões em excesso e os [fetos] aberrantes? Não consigo entender, a não ser por sensacionalismo, qual é a utilidade da clonagem reprodutiva, quando ainda há muito o que avançar no campo da fertilização 'in vitro'. Isso fere todo e qualquer aspecto ético da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico".
Isaias Raw, bioquímico, presidente da Fundação Butantan:
"Se é verdade, ia acontecer mesmo. Se era viável na [ovelha] Dolly, é viável no homem. Mas qual é a consequência dos monstros que eventualmente vamos criar? Há problemas como o envelhecimento precoce, por exemplo. Você não tem como saber a curto prazo, porque algumas doenças hereditárias só aparecem depois de uma certa idade".
Lygia da Veiga Pereira, geneticista, professora do Instituto de Biociências da USP:
"O mais assustador é que pode ser verdade. Qualquer clínica de fertilização 'in vitro' bem equipada está capacitada para fazer isso. A questão é o preço biológico da clonagem: quantos fetos malformados, quantos abortos em estágio avançado. Nós aprendemos que a clonagem é um fracasso em mamíferos, e até hoje ninguém conseguiu clonar um primata. Você tem de acreditar na palavra dessa gente, que faz as coisas absolutamente à revelia da comunidade científica internacional".
Crodowaldo Pavan, geneticista, ex-presidente do CNPq:
"É uma irresponsabilidade. Um absurdo. Essas pessoas estão fugindo da crítica do resto da comunidade científica. Não sou contra a clonagem humana, mas estão fazendo como se fosse farra de fim de ano. Daqui a pouco vamos ter 'paraísos clonais', como existem os paraísos fiscais. Ninguém demonstrou que isso pode ser feito com segurança".
Glenn McGee, bioeticista da Universidade da Pensilvânia, EUA:
"É uma bobagem. Acho muito, muito improvável que tenham feito um clone. Estão roubando dinheiro de vítimas inocentes. Os problemas técnicos com macacos são tão grandes que ninguém conseguiu cloná-los. E eles são primatas, como nós. Boisselier não disse nada sobre quantas falhas aconteceram em estágios iniciais do processo. Não disse como obteve o consentimento esclarecido das voluntárias. E trouxe um jornalista de quem ninguém nunca ouviu falar para comprovar o feito. No mínimo, esse anúncio traz um problema enorme para o debate sobre células-tronco e clonagem terapêutica".
Levi Corrêa de Araújo, pastor da 1ª Igreja Batista de Santo André:
"Não há por que se assustar com a clonagem. Ela não impede a minha fé. O desenvolvimento da ciência é algo absolutamente oriundo da capacidade que Deus deu ao ser humano. E quem dá o sopro da vida não é o cientista, e sim Deus. O clone é outro ser".
Eduardo Rodrigues da Cruz, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC de São Paulo:
"Do ponto de vista da moral, não só da igreja, clones humanos são inadmissíveis. Então, a Igreja Católica condenaria e tentaria evitar que essa experiência se repetisse. Mas, se um clone nascesse, ele teria o estatuto de qualquer ser humano. A condenação aos pais não é extensível à criança".
Douglas Johnson, >diretor legislativo do NRLC (Comitê Nacional de Direito à Vida), dos EUA:
"O NRLC não tem como avaliar a validade das afirmações de que um bebê humano clonado nasceu e de que outras mulheres estão carregando clones humanos. Mas o que se sabe é isso: vários laboratórios nos EUA estão trabalhando na criação maciça de embriões humanos clonados para uso em pesquisas que irão matá-los. Para evitar esses cultivos de embriões humanos e os outros horrores da clonagem humana que se seguirão, o Senado [dos EUA] precisa agir rapidamente para aprovar o banimento da clonagem."
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Anúncio de nascimento do clone humano repercute em vários setores
da Folha de S.PauloSeverino Antinori, ginecologista italiano que anunciou para o começo do ano que vem o nascimento de um clone:
"[A notícia] me faz rir e ao mesmo tempo me desconcerta, porque cria confusão entre as pessoas que querem fazer pesquisa científica séria e as que não querem. Nós continuamos o nosso trabalho científico, sem fazer anúncios. Eu não participo dessa... corrida".
Volnei Garrafa, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética:
"Acho isso de uma irresponsabilidade total. Se eles conseguiram um clone, o que eu duvido, porque a tecnologia não está suficientemente desenvolvida, o que fizeram com os embriões em excesso e os [fetos] aberrantes? Não consigo entender, a não ser por sensacionalismo, qual é a utilidade da clonagem reprodutiva, quando ainda há muito o que avançar no campo da fertilização 'in vitro'. Isso fere todo e qualquer aspecto ético da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico".
Isaias Raw, bioquímico, presidente da Fundação Butantan:
"Se é verdade, ia acontecer mesmo. Se era viável na [ovelha] Dolly, é viável no homem. Mas qual é a consequência dos monstros que eventualmente vamos criar? Há problemas como o envelhecimento precoce, por exemplo. Você não tem como saber a curto prazo, porque algumas doenças hereditárias só aparecem depois de uma certa idade".
Lygia da Veiga Pereira, geneticista, professora do Instituto de Biociências da USP:
"O mais assustador é que pode ser verdade. Qualquer clínica de fertilização 'in vitro' bem equipada está capacitada para fazer isso. A questão é o preço biológico da clonagem: quantos fetos malformados, quantos abortos em estágio avançado. Nós aprendemos que a clonagem é um fracasso em mamíferos, e até hoje ninguém conseguiu clonar um primata. Você tem de acreditar na palavra dessa gente, que faz as coisas absolutamente à revelia da comunidade científica internacional".
Crodowaldo Pavan, geneticista, ex-presidente do CNPq:
"É uma irresponsabilidade. Um absurdo. Essas pessoas estão fugindo da crítica do resto da comunidade científica. Não sou contra a clonagem humana, mas estão fazendo como se fosse farra de fim de ano. Daqui a pouco vamos ter 'paraísos clonais', como existem os paraísos fiscais. Ninguém demonstrou que isso pode ser feito com segurança".
Glenn McGee, bioeticista da Universidade da Pensilvânia, EUA:
"É uma bobagem. Acho muito, muito improvável que tenham feito um clone. Estão roubando dinheiro de vítimas inocentes. Os problemas técnicos com macacos são tão grandes que ninguém conseguiu cloná-los. E eles são primatas, como nós. Boisselier não disse nada sobre quantas falhas aconteceram em estágios iniciais do processo. Não disse como obteve o consentimento esclarecido das voluntárias. E trouxe um jornalista de quem ninguém nunca ouviu falar para comprovar o feito. No mínimo, esse anúncio traz um problema enorme para o debate sobre células-tronco e clonagem terapêutica".
Levi Corrêa de Araújo, pastor da 1ª Igreja Batista de Santo André:
"Não há por que se assustar com a clonagem. Ela não impede a minha fé. O desenvolvimento da ciência é algo absolutamente oriundo da capacidade que Deus deu ao ser humano. E quem dá o sopro da vida não é o cientista, e sim Deus. O clone é outro ser".
Eduardo Rodrigues da Cruz, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC de São Paulo:
"Do ponto de vista da moral, não só da igreja, clones humanos são inadmissíveis. Então, a Igreja Católica condenaria e tentaria evitar que essa experiência se repetisse. Mas, se um clone nascesse, ele teria o estatuto de qualquer ser humano. A condenação aos pais não é extensível à criança".
Douglas Johnson, >diretor legislativo do NRLC (Comitê Nacional de Direito à Vida), dos EUA:
"O NRLC não tem como avaliar a validade das afirmações de que um bebê humano clonado nasceu e de que outras mulheres estão carregando clones humanos. Mas o que se sabe é isso: vários laboratórios nos EUA estão trabalhando na criação maciça de embriões humanos clonados para uso em pesquisas que irão matá-los. Para evitar esses cultivos de embriões humanos e os outros horrores da clonagem humana que se seguirão, o Senado [dos EUA] precisa agir rapidamente para aprovar o banimento da clonagem."
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