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17/07/2006
-
14h20
da Folha Online
Após quatro anos, começou por volta das 14h15 desta segunda-feira o julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). Os três são réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado os pais dela --Manfred e Marísia--, em 2002.
O júri deveria ter ocorrido em junho, mas manobras dos advogados de defesa adiaram a sessão. A previsão é que o julgamento dure, no mínimo, quatro dias.
Nesta segunda, o julgamento começa com a expectativa sobre os procedimentos adotados pelas defesas de Suzane e dos irmãos.
Mauro Nacif, um dos advogados da jovem, disse aos jornalistas que pedirá a anulação do julgamento. Ele afirma que perderá meia hora do tempo destinado à apresentação dos argumentos da defesa, em razão de a Justiça ter mantido o júri de Suzane ao lado de Daniel e Cristian Cravinhos.
Se Suzane fosse a júri sozinha, seus advogados falariam durante duas horas e meia. Porém, como serão julgados os irmãos também, o tempo de argumentação é de duas horas para cada uma das defesas.
Já o advogado Geraldo Jabur, que defende os irmãos, disse que quer evitar o adiamento do júri. Em entrevista na entrada do fórum, ele afastou a possibilidade de alegar cerceamento de defesa e suspender a sessão, como ocorreu no mês passado.
Para evitar novo adiamento, o juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, cercou-se de alguns cuidados. No fim do mês passado, por exemplo, ele autorizou o advogado Geraldo Jabur a encontrar-se com os irmãos Cravinhos em uma sala reservada, no fórum da Barra Funda. O advogado reclamava das condições impostas pela diretoria do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros (zona oeste de São Paulo) para o encontro com seus clientes.
Outra estratégia adotada pelo juiz ainda na primeira tentativa de realizar o júri foi a de nomear um defensor público para assumir a defesa dos irmãos Cravinhos, caso Jabur falte novamente. Por precaução, ele chegou a nomear um defensor público substituto, caso o primeiro esteja impossibilitado.
Réus
Suzane, atualmente presa no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo), chegou ao fórum com escolta policial por volta das 9h30.
Os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos deixaram o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros e chegaram ao fórum por volta das 11h20.
Os três chegaram ao fórum vestindo o uniforme do sistema prisional, mas trocaram de roupas e entraram no plenário com roupas comuns, como queriam os advogados. Os réus permanecem algemados.
Júri
O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo.
Em junho, a sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.
Já os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.
Defesa e acusação
Para a Promotoria, os três cometeram o crime para ficar com o patrimônio da família Richthofen.
A defesa de Suzane deve acusar o então namorado dela, Daniel Cravinhos, e comprovar que ele a dominava por meio do uso freqüente de drogas e do vínculo mantido pelo sexo.
O advogado Mauro Nacif classifica sua tese como "coação moral irresistível", ou seja, de que Suzane foi pressionada por Daniel para participar do crime, sob pena de perdê-lo.
Na última sexta-feira (14), os advogados de Suzane disseram que ela abriu mão de sua parte na herança dos pais. Se absolvida, vai apenas administrar a parte do irmão, Andreas, sem cobrar nada, só porque ele faz faculdade de farmácia e estágio, e não tem tempo de cuidar do dinheiro.
"Ela abriu mão de tudo desde o início. Disse que não queria nada, com a condição de que o irmão não movesse um processo de exclusão de herança contra ela. Queria evitar uma atitude "feia" dele, mas não conseguiu o acordo. Mesmo assim, porque gosta muito do Andreas, quer administrar a herança", disse o advogado Mauro Nacif. O espólio do inventário soma cerca de R$ 2 milhões.
A acusação deve pedir penas idênticas para os réus, que podem chegar a 50 anos. No Brasil, o condenado fica preso por, no máximo, 30 anos.
Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barra de ferro em 30 de outubro de 2002, enquanto dormiam. Atualmente, a casa da família está coberta de pichações de ataque aos assassinos.
Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados (acusados formalmente) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e GABRIELA MANZINI, da Folha Online
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Após quase quatro anos, começa júri do caso Richthofen
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Após quatro anos, começou por volta das 14h15 desta segunda-feira o julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). Os três são réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado os pais dela --Manfred e Marísia--, em 2002.
O júri deveria ter ocorrido em junho, mas manobras dos advogados de defesa adiaram a sessão. A previsão é que o julgamento dure, no mínimo, quatro dias.
Nesta segunda, o julgamento começa com a expectativa sobre os procedimentos adotados pelas defesas de Suzane e dos irmãos.
Ayrton Vignola/Folha Imagem |
Pais dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos chegam no fórum da Barra Funda, em SP |
Mauro Nacif, um dos advogados da jovem, disse aos jornalistas que pedirá a anulação do julgamento. Ele afirma que perderá meia hora do tempo destinado à apresentação dos argumentos da defesa, em razão de a Justiça ter mantido o júri de Suzane ao lado de Daniel e Cristian Cravinhos.
Se Suzane fosse a júri sozinha, seus advogados falariam durante duas horas e meia. Porém, como serão julgados os irmãos também, o tempo de argumentação é de duas horas para cada uma das defesas.
Já o advogado Geraldo Jabur, que defende os irmãos, disse que quer evitar o adiamento do júri. Em entrevista na entrada do fórum, ele afastou a possibilidade de alegar cerceamento de defesa e suspender a sessão, como ocorreu no mês passado.
Para evitar novo adiamento, o juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, cercou-se de alguns cuidados. No fim do mês passado, por exemplo, ele autorizou o advogado Geraldo Jabur a encontrar-se com os irmãos Cravinhos em uma sala reservada, no fórum da Barra Funda. O advogado reclamava das condições impostas pela diretoria do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros (zona oeste de São Paulo) para o encontro com seus clientes.
Outra estratégia adotada pelo juiz ainda na primeira tentativa de realizar o júri foi a de nomear um defensor público para assumir a defesa dos irmãos Cravinhos, caso Jabur falte novamente. Por precaução, ele chegou a nomear um defensor público substituto, caso o primeiro esteja impossibilitado.
Réus
Suzane, atualmente presa no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo), chegou ao fórum com escolta policial por volta das 9h30.
17.jul.2006/Folha Imagem |
Fachada do Centro de Ressocialização Feminino, onde Suzane aguarda sentença |
Os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos deixaram o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros e chegaram ao fórum por volta das 11h20.
Os três chegaram ao fórum vestindo o uniforme do sistema prisional, mas trocaram de roupas e entraram no plenário com roupas comuns, como queriam os advogados. Os réus permanecem algemados.
Júri
O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo.
Em junho, a sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.
Já os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.
Defesa e acusação
Para a Promotoria, os três cometeram o crime para ficar com o patrimônio da família Richthofen.
A defesa de Suzane deve acusar o então namorado dela, Daniel Cravinhos, e comprovar que ele a dominava por meio do uso freqüente de drogas e do vínculo mantido pelo sexo.
O advogado Mauro Nacif classifica sua tese como "coação moral irresistível", ou seja, de que Suzane foi pressionada por Daniel para participar do crime, sob pena de perdê-lo.
Na última sexta-feira (14), os advogados de Suzane disseram que ela abriu mão de sua parte na herança dos pais. Se absolvida, vai apenas administrar a parte do irmão, Andreas, sem cobrar nada, só porque ele faz faculdade de farmácia e estágio, e não tem tempo de cuidar do dinheiro.
"Ela abriu mão de tudo desde o início. Disse que não queria nada, com a condição de que o irmão não movesse um processo de exclusão de herança contra ela. Queria evitar uma atitude "feia" dele, mas não conseguiu o acordo. Mesmo assim, porque gosta muito do Andreas, quer administrar a herança", disse o advogado Mauro Nacif. O espólio do inventário soma cerca de R$ 2 milhões.
A acusação deve pedir penas idênticas para os réus, que podem chegar a 50 anos. No Brasil, o condenado fica preso por, no máximo, 30 anos.
Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barra de ferro em 30 de outubro de 2002, enquanto dormiam. Atualmente, a casa da família está coberta de pichações de ataque aos assassinos.
Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados (acusados formalmente) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e GABRIELA MANZINI, da Folha Online
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