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13/01/2007 - 21h17

Casa afetada por desabamento será demolida; família registra sumiço de mulher

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da Folha Online

O desabamento ocorrido sexta-feira (12) nas obras da futura estação Pinheiros do metrô, na zona oeste de São Paulo, causou a interdição de 55 casas, de acordo com novo balanço da Defesa Civil. Um dos imóveis, perto da cratera deixada pelo acidente, foi condenado e será demolido. Sete pessoas são consideradas desaparecidas. Neste sábado, familiares denunciaram o desaparecimento de uma advogada que estava na região no momento do acidente. Com isso, o número de vítimas pode aumentar.

O local que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis --um segue por baixo do rio Pinheiros e o outro vai para o centro. Foi a partir desse segundo túnel --inaugurado há cerca de um ano-- que a estrutura começou a desabar, segundo informações do governo do Estado.
Raimundo Pacco/Folha Imagem
Equipes trabalham neste sábado no local do desabamento de canteiro de obras do metrô
Equipes trabalham neste sábado no local do desabamento de canteiro de obras do metrô


Inicialmente, a estrutura que ruiu tinha cerca de 40 metros de diâmetro. Depois do acidente, o solo continuou cedendo por ao menos cinco horas, até o diâmetro do buraco alcançar aproximadamente 80 metros de extensão. São cerca de 30 metros de profundidade.

A cratera engoliu veículos, interditou casas e ruas próximas e congestionou o trânsito na pista sentido Castello Branco da marginal Pinheiros. As sete pessoas consideradas desaparecidas e que podem ter sido soterradas são o ocupante de um caminhão, quatro ocupantes de uma lotação, uma idosa e um outro homem que estava nas proximidades. Os parentes da advogada Valéria Alves procuraram o 14ºDP (Pinheiros) para informar seu desaparecimento. Ela estaria nas proximidades das obras do metrô no momento do desabamento.

O governador do Estado, José Serra (PSDB), esteve no local neste sábado e afirmou que as buscas às vítimas serão feitas por cima, pois não há mais possibilidade de avançar pelo túnel, sob riscos. As paredes do túnel que passa sob a marginal serão reforçadas com concreto.

O governador afirmou que dois veículos já retirados dos escombros estavam "inteiramente compactados". Ele disse que ambos estavam vazios.

A casa condenada deverá ser demolida à medida em que ocorrerem as escavações. A demolição teria sido acertada entre os proprietários da casa e representantes da prefeitura e os responsáveis pela construção da linha 4-Amarela do metrô. As famílias desalojadas foram levadas para hotéis ou preferiram ficar em casas de parentes.

Investigação

O Metrô contratou o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para apurar as causas do desabamento. Em nota enviada à imprensa na tarde deste sábado, o Metrô informou que os esforços ainda são concentrados na verificação, "com o possível resgate", de vítimas, e a maior preocupação é "garantir a segurança da população da região". Não há previsão para a divulgação do laudo do IPT.

O Consórcio Via Amarela, contratado pelo Metrô para construir a linha 4-amarela, culpou a chuva pelo acidente. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Werther Santana/Folha Imagem
Familiares de desaparecidos acompanham buscas por van no local do desmoronamento
Familiares de desaparecidos acompanham buscas por van no local do desmoronamento


Em nota remetida à imprensa na tarde deste sábado, o consórcio afirma que "as fortes chuvas das últimas semanas, que assolaram a capital paulista com grande intensidade e duração, levam a indícios de que teriam causado uma reação anômala e inesperada no maciço de terra em que se encontra a obra, provocando o seu repentino colapso e conseqüente desmoronamento."

As empresas ressaltaram que o acidente "não é indicativo de falha ou negligência" e que as causas do desmoronamento "estão sendo analisadas por empresas projetistas do mais alto reconhecimento técnico e experiência internacional".

Trânsito

A marginal Pinheiros foi interditada no sentido Castello Branco, na região do acidente. Caso a via permaneça bloqueada na segunda-feira, a prefeitura poderá retomar o rodízio de veículos. A operação foi suspensa em dezembro passado e só deveria voltar a vigorar no próximo dia 29.

"Aguardamos manifestação dos órgãos da Secretaria de Transportes, em especial o Metrô, informando os resultados dos laudos que estão sendo elaborados para explicar o acidente. A prefeitura já está preparada para retomar o rodízio de veículos a partir desta segunda feira, caso as marginais permaneçam interrompidas para o tráfego de veículos em decorrência desse acidente", disse neste sábado o prefeito Gilberto Kassab (PFL).

Acidente

Segundo a assessoria de imprensa da Odebrecht, o acidente ocorreu durante a escavação da metade inferior da estação, cujo formato é o de um cilindro de dez metros de diâmetro. Seis operários escavam a área com uma retroescavadeira, a aproximadamente 30 metros de profundidade, quando perceberam que uma das paredes estava ruindo. Houve tempo hábil para os seis operários deixarem o local, e nenhum deles ficou ferido.

Os moradores das ruas próximas foram retirados às pressas de suas casas. Neste sábado, tiveram acesso aos imóveis para a retirada de objetos pessoais. Todos foram escoltados por técnicos da Defesa Civil que permaneciam atentos a sinais de desmoronamento.

Segundo a Defesa Civil, os imóveis só serão liberados depois da retirada de um guindaste de aproximadamente 32 metros de altura e 120 toneladas que está na margem da cratera aberta no acidente e ainda ameaça cair. O risco é que a eventual queda do equipamento promova novos deslizamentos de terra e aumente ainda mais o buraco, que tem 80 metros de diâmetro.

O guindaste foi amarrado a um contrapeso e estabilizado por meio de concreto injetado, ainda na noite de sexta. Equipes, agora, trabalham na desmontagem do equipamento. O trabalho, segundo a Defesa Civil, durará ao menos mais 48 horas.

Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e GABRIELA MANZINI, da Folha Online

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