Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/02/2007 - 09h00

Laudo vê riscos na estação Fradique Coutinho do metrô

Publicidade

da Folha de S.Paulo

Laudo técnico encomendado pelo Consórcio Via Amarela apontou problemas no canteiro de obras da estação Fradique Coutinho da linha 4-amarela do metrô de São Paulo que poderiam "ocasionar acidentes de proporções imprevisíveis".
O documento, revelado ontem pelo "Jornal Nacional", foi produzido a partir de vistoria no dia 27 de janeiro para testar a qualidade das soldas na estrutura metálica que sustenta as paredes da futura estação.

Elaborado pelo especialista em soldagem Nelson Augusto Damasio, o documento recomenda, segundo a TV Globo, a suspensão das obras no local até que as soldas sejam refeitas --medida não acatada pelas construtoras, que já refizeram, por enquanto, 20% do total.

A Fradique Coutinho pertence à mesma linha da estação Pinheiros, onde morreram sete pessoas em 12 de janeiro depois da abertura de uma cratera.

Problemas antigos

Na semana passada a Folha revelou a existência de um relatório com 46 irregularidades, incluindo materiais de qualidade questionável, encontradas pela equipe de fiscalização do Metrô em toda a linha 4, entre maio de 2005 e dezembro de 2006. Esses problemas ainda não teriam sido solucionados.

Dois dos 46 itens do documento também eram relativos à estação Fradique Coutinho: existência de trincas com infiltrações "na face inferior da laje do teto" e problemas de impermeabilização "na laje do fundo" --com surgimento de bolhas e de furos na manta.

Um dos relatos se refere à da futura estação Faria Lima, onde os fiscais flagraram os funcionários do consórcio fazendo "gambiarras" na implantação do encanamento --prática semelhante à da solda.

"Os tubos e conexões, de aparente qualidade questionável, não foram fornecidos pelo mesmo fabricante. Tendo sido usado o procedimento de aquecimento do tubo para ligação com as conexões. Este procedimento é condenável em todos os manuais de fabricantes", afirma trecho do documento divulgado pela Folha.

O Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4, é integrado pelas construtoras Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

O modelo adotado pelo Metrô paulista para a contratação do consórcio é conhecido como "turn key" --vire a chave, em tradução literal, ou chave nas mãos, numa versão livre.

Ele é alvo de críticas de diversos especialistas sob a alegação de que concede autonomia excessiva à iniciativa privada, inclusive para a fiscalização dos trabalhos, e fragiliza os controles do governo estadual.

Material inadequado

O laudo divulgado pelo "Jornal Nacional" cita 15 problemas, como a utilização de métodos e materiais inadequados na soldagem de uma estrutura metálica de sustentação das paredes da futura estação.

Essa estrutura, de caráter provisório, será removida quando as lajes estiverem prontas, mas têm a função de, durante a obra, impedir que as paredes sejam rompidas.

Um dos métodos inadequados citados pelo documento é conhecido como "bacalhau" --artifício utilizado para preencher os espaços entre os estroncas com a injeção de objetos, em vez do uso da solda.

Um outro laudo contratada pelo consórcio também reprovou as soldas por ter constatado "porosidade e trincas".

O próprio Consórcio Via Amarela contratou a vistoria em diversos pontos da linha 4 depois do acidente na estação Pinheiros. Ele afirma, por meio da assessoria de imprensa, que todas as providências foram tomadas --tanto para a contratação do laudo como para a correção dos problemas citados.

Outro lado

O Metrô informou não considerar graves os problemas relatados no laudo sobre a estação Fradique Coutinho porque estariam sendo solucionados pelo consórcio e, também, porque não se referem à estrutura da obra.

As estroncas serviriam para sustentação das paredes da vala e serão descartadas quando a obra ficar pronta.

O Consórcio Via Amarela também negou haver risco de acidentes e afirmou que ele mesmo contratou a vistoria e tomou as providências para correção "como parte de seu um rigoroso controle de qualidade em todas as operações". "A recomendação [do laudo] foi prontamente acatada. Uma empresa especializada está realizando trabalhos de soldagem na obra", informou por nota.

O consórcio disse ainda que a "contratação de consultores e especialistas em todas as fases da obra é um procedimento de rotina".

A assessoria do consórcio diz que as obras na estação não foram interrompidas porque os inspetores tinham competência para avaliar a situação das soldas, e não da segurança da construção.

Ela informou ainda que monitorava a movimentação do solo desde que as soldas da estrutura começaram, há um ano, e que não houve situações de anormalidade.

Leia mais
  • PT entrega pedido para instalar CPI do Metrô na Assembléia de São Paulo
  • Após um mês, vizinho da cratera do metrô não sabe quando volta
  • Laudo sobre acidente em obra do metrô de SP só sai em agosto
  • Desalojados após acidente em obra do metrô fecham primeiros acordos
  • Fiscais citam 46 problemas na linha 4 do metrô de São Paulo

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre desabamentos
  • Leia a cobertura completa sobre o desabamento na obra do metrô

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página