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28/07/2008 - 14h43

Prossegue o caos aéreo por atrasos das Aerolíneas Argentinas

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da France Presse, em Buenos Aires

Novos atrasos de vôos continuavam prejudicando o trânsito milhares de passageiros nesta segunda-feira, em Buenos Aires, numa situação que teve início neste fim de semana em função de um overbooking por parte do grupo espanhol Marsans, atual gestor das Aerolíneas Argentinas (AA) e sua subsidiária Austral (AU).

Passageiros impacientes, pais resignados com seus filhos no colo, turistas e empresários visivelmente ansiosos formavam longas filas diante do balcão das duas companhias na esperança de poder embarcar.

"Já paguei por quatro dias de férias e agora não sei o que vai acontecer. Estou na fila desde a madrugada e não obtenho respostas", reclamou um passageiro de nome Miguel, cujo vôo para Mendoza (1.000 km a oeste) das 6H40 local foi adiado pouco antes do horário marcado.

A situação afeta os estrangeiros que se encontram no país em férias e dependentes das conexões domésticas. Os vôos para o Brasil e a Europa são os mais prejudicados pelos atrasos e cancelamentos.

Além do overbooking, todo esse caos é atribuído aos problemas de manutenção por parte da transferência de controle da companhia pela Marsans ao Estado Nacional.

"Houve uma excessiva venda de passagens ante a escassez de aviões disponíveis para a temporada de inverno", informou neste domingo o novo presidente das Aerolíneas Argentinas-Austral, Julio Alak, designado na semana passada pelo governo de Cristina Kirchner.

Segundo ele, o sábado foi o dia mais difícil em termos de overbooking, mas que a situação seria normalizada paulatinamente.

Entre os passageiros retidos no aeroporto de Ezeiza estão muitos turistas brasileiros, que se queixam da falta de informação e, principalmente, das dificuldades de acomodação e alimentação.

O ministro do Planejamento, Julio de Vido, acusou a Marsans de querer fazer caixa vendendo passagens além do número de aviões e tripulação de bordo disponíveis.

"Foram vendidas passagens como se os aviões estivessem funcionando em pleno vapor e só está voando pouco mais da metade da frota, ou seja, 29 aeronaves, enquanto que as outras 25 estão paradas por falta de manutenção", explicou, por sua parte, Edgardo Llano, secretário-geral do sindicato Associação do Pessoal Aeronáutico.

Os vôos domésticos também sofrem com o caos generalizado e que atinge também o aeroparque "Jorge Newbery". O início do recesso escolar de inverno faz com que muitas famílias aproveitem para viajar para centros de esqui.

Os problemas que alteraram o programa dos vôos começaram em meados da semana passada, apesar de, num primeiro momento, terem sido atribuídos à neblina e a certas interferências de radioemissoras clandestinas nas comunicações entre a torre de controle e as aeronaves.

O Governo argentino assinou na segunda-feira passada o acordo de reestatização das companhias Aerolíneas Argentinas (AA) e Austral, em crise depois de sete anos em poder do grupo espanhol, com um passivo de 890 milhões de dólares.

A iniciativa de voltar a estatizar soma-se às empreendidas durante o governo do presidente peronista social-democrata Néstor Kirchner (2003-2007), com as empresas de água potável, correios e estradas de ferro, entre outras.

A privatização das AA e Austral havia sido uma das mais polêmicas dos anos 90, quando o presidente peronista liberal Carlos Menem (1989-1999) as cedeu à espanhola Iberia, apesar de um aluvião de denúncias judiciais por corrupção presumível.

A Ibéria se retirou do negócio em 2001 e deixou um passivo de 700 milhões de dólares, quantia com a qual teve que arcar o erário público argentino para transferir a posse ao grupo espanhol Marsans que, por sua vez, pagou um preço simbólico de um euro.

Durante o ano, o gerenciamento da Marsans fracassou e o Estado teve que pagar os 9.000 assalariados das empresas.

Ambas controlam 80% do mercado de cabotagem, paralelamente às rotas internacionais administradas pela AA.

Apenas 32 dos 56 aviões da frota total de ambas as companhias estão em condições de voar, segundo o sindicato da Associação de Pilotos, que denunciou um processo de esvaziamento.

 

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