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08/11/2002
-
18h35
LÍVIA MARRA
da Folha Online
Apesar da prisão dos três acusados de envolvimento no assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, a polícia ainda deverá realizar novas diligências com o objetivo de localizar o material usado para no crime, ocorrido na casa onde viviam, no Brooklin, zona sul de São Paulo.
Os corpos foram descobertos na madrugada de 31 de outubro. Nesta sexta-feira, após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.
A Justiça decretou a prisão temporária dos acusados por 10 dias. Antes de pedir a prisão preventiva, a polícia quer encontrar os bastões de ferro revestidos com madeira -confeccionados para o crime- e as luvas cirúrgicas e as meias-calças usadas pelos acusados na ocasião do assassinato -para não deixar cair pêlos pela casa.
Segundo Domingos Paula Neto, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Suzane, 19, filha do casal, seu namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, planejaram e executaram o assassinato.
A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal.
"Eles confessaram [a participação] com riquezas de detalhes", disse o diretor do DHPP.
Suzane afirmou que planejou a morte dos pais "por amor" ao namorado.
Conforme a polícia, Daniel e Cristian assassinaram o casal. Suzane também estava na casa no momento do crime e teria demonstrado arrependimento enquanto os irmãos matavam seus pais.
Ainda segundo o DHPP, os acusados são usuários de droga e disseram ter consumido maconha antes do assassinato.
Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou as pessoas próximas ao casal e utilizou grampos telefônicos.
Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.
Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".
Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.
Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.
O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada desta sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.
Segundo a polícia, o crime foi planejado por aproximadamente dois meses. Os três acusados, conforme o DHPP, são usuários de maconha.
Crime
O casal foi assassinado com pancadas na região da cabeça. Os corpos do engenheiro Manfred, naturalizado brasileiro e diretor da Dersa, e da mulher, a psiquiatra Marísia, foram encontrados na cama.
O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto. Marísia estava com um saco plástico na cabeça. Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.
A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.
Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.
Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.
Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.
A cena do crime foi montada. Os corpos estavam na cama e um revólver do engenheiro estava no chão, mas, segundo a polícia não foi usado.
Os acusados disseram à polícia que entraram na casa por volta da meia-noite, quando o casal dormia. Suzane acendeu a luz do corredor para facilitar o acesso dos irmãos, que surpreenderam Manfred e Marísia. Eles tentaram se defender, mas logo foram assassinados.
Na cadeia
Suzane vai ficar detida em uma delegacia com carceragem feminina na zona oeste de São Paulo. Já Daniel e Cristian vão ficar em uma delegacia na região central da cidade.
Eles ficarão em celas normais. Suzane, que não tem o curso universitário completo, também não terá benefícios.
A garota cursava o primeiro ano de direito na PUC. Os colegas de classe não assistiram as aulas nesta sexta-feira. Eles se reuniram no centro acadêmico para acompanhar pela televisão uma coletiva de imprensa sobre o esclarecimento do crime. Muitos expressavam surpresa.
Leia mais:
Acusada de planejar assassinato dos pais estudava direito em SP
Polícia Civil "grampeou" acusados de assassinar casal Richthofen
Acusados de assassinar casal usaram drogas, diz polícia
Filha diz que planejou morte dos pais "por amor" ao namorado
Engenheiro assassinado no Brooklin era quieto e tinha perfil técnico
Filha confessa participação em assassinato dos pais, diz polícia
Uso de dólar em compra de moto levou polícia à investigação
Polícia quer encontrar material usado para matar casal Richthofen
MILENA BUOSILÍVIA MARRA
da Folha Online
Apesar da prisão dos três acusados de envolvimento no assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, a polícia ainda deverá realizar novas diligências com o objetivo de localizar o material usado para no crime, ocorrido na casa onde viviam, no Brooklin, zona sul de São Paulo.
Os corpos foram descobertos na madrugada de 31 de outubro. Nesta sexta-feira, após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.
A Justiça decretou a prisão temporária dos acusados por 10 dias. Antes de pedir a prisão preventiva, a polícia quer encontrar os bastões de ferro revestidos com madeira -confeccionados para o crime- e as luvas cirúrgicas e as meias-calças usadas pelos acusados na ocasião do assassinato -para não deixar cair pêlos pela casa.
Segundo Domingos Paula Neto, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Suzane, 19, filha do casal, seu namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, planejaram e executaram o assassinato.
A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal.
"Eles confessaram [a participação] com riquezas de detalhes", disse o diretor do DHPP.
Suzane afirmou que planejou a morte dos pais "por amor" ao namorado.
Conforme a polícia, Daniel e Cristian assassinaram o casal. Suzane também estava na casa no momento do crime e teria demonstrado arrependimento enquanto os irmãos matavam seus pais.
Ainda segundo o DHPP, os acusados são usuários de droga e disseram ter consumido maconha antes do assassinato.
Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou as pessoas próximas ao casal e utilizou grampos telefônicos.
Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.
Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".
Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.
Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.
O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada desta sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.
Segundo a polícia, o crime foi planejado por aproximadamente dois meses. Os três acusados, conforme o DHPP, são usuários de maconha.
Crime
O casal foi assassinado com pancadas na região da cabeça. Os corpos do engenheiro Manfred, naturalizado brasileiro e diretor da Dersa, e da mulher, a psiquiatra Marísia, foram encontrados na cama.
O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto. Marísia estava com um saco plástico na cabeça. Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.
A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.
Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.
Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.
Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.
A cena do crime foi montada. Os corpos estavam na cama e um revólver do engenheiro estava no chão, mas, segundo a polícia não foi usado.
Os acusados disseram à polícia que entraram na casa por volta da meia-noite, quando o casal dormia. Suzane acendeu a luz do corredor para facilitar o acesso dos irmãos, que surpreenderam Manfred e Marísia. Eles tentaram se defender, mas logo foram assassinados.
Na cadeia
Suzane vai ficar detida em uma delegacia com carceragem feminina na zona oeste de São Paulo. Já Daniel e Cristian vão ficar em uma delegacia na região central da cidade.
Eles ficarão em celas normais. Suzane, que não tem o curso universitário completo, também não terá benefícios.
A garota cursava o primeiro ano de direito na PUC. Os colegas de classe não assistiram as aulas nesta sexta-feira. Eles se reuniram no centro acadêmico para acompanhar pela televisão uma coletiva de imprensa sobre o esclarecimento do crime. Muitos expressavam surpresa.
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