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22/11/2002 - 10h08

Mãe contou a Pedrinho, em carta, que iria denunciar Vilma

da Folha Online

Maria Auxiliadora Braule Pinto, mãe biológica de Osvaldo Borges Júnior, o Pedrinho, disse que enviou uma carta ao filho contando a ele que iria denunciar a mãe de criação, Vilma Martins Costa. Maria Auxiliadora disse à polícia que Vilma foi a responsável por sequestrar Pedrinho de um hospital em Brasília, em 21 de janeiro de 1986, apenas 12 horas após seu nascimento.

No último dia 18, os pais biológicos assumiram publicamente que reconheceram Vilma como a pessoa que retirou o garoto do hospital.

"Escrevi uma carta antes, explicando que eu era obrigada a fazer isso, porque não podíamos mais conviver com a mentira. Disse: foi Vilma que entrou no quarto, no hospital, e levou você", afirmou Maria Auxiliadora, em entrevista nesta manhã ao programa "Mais Você", da Rede Globo.

No início do mês, um parente de Pedrinho denunciou a semelhança entre o adolescente e o pai biológico, Jayro Tapajós. No último dia 7, um exame de DNA confirmou que o garoto era filho de Maria Auxiliadora.

Três dias depois, a polícia promoveu um encontro entre Pedrinho e os pais biológicos, em Goiânia. Vilma esteve presente. Os pais biológicos moram em Brasília e a mãe de criação, em Goiânia.

Maria Auxiliadora afirmou que sabia, desde o primeiro momento, que Vilma era a responsável pelo sequestro. No entanto, ela disse que não havia feito a revelação anteriormente porque temia a reação do adolescente.

"Eu já sabia que era ela [Vilma]. Tinha assistido à TV, visto imagens dela e sabia que já havia me deparado com aquela pessoa. Comentei com minha família: não tenho dúvida", disse a mãe biológica.

"Eu não esperava que ela participasse do encontro, achava que fosse reservado. Foi um encontro tão idealizado e frustrado. Não tive a liberdade de me aproximar dele como planejei, de abraçar. Foi uma coisa formal e dolorosa, porque sabia que aquela mulher tinha me tirado ele e tinha certeza que ela sabia quem era eu."

Maria Auxiliadora afirmou que não era o momento oportuno para revelar que havia reconhecido Vilma. "Passou muita coisa pela minha cabeça. Foram dias de pensar muito, orar, e vi que não podia conviver com a mentira", disse.

"Tinha combinado um encontro para a semana seguinte, mas pensei que ele poderia trazer a Vilma junto e eu não saberia conviver com essa situação. A melhor coisa era fazer a revelação, dar meu depoimento e falar a verdade, por mais dolorosa que ela poderia ser para o Pedro. Queria ser honesta", disse.

"A vida toda dele foi construída em cima de mentiras. Foi uma decisão difícil, tomada com segurança, mas com muito medo, porque corria o risco de afastá-lo de mim e ele não me querer mais."

Após o encontro, surgiram suspeitas de que Vilma seria a sequestradora. Maria Auxiliadora afirmou que a mãe de criação passou a proibir o encontro entre Pedrinho e ela.

"Vilma condicionou a vinda dele enquanto ela estivesse sob suspeita", afirmou.

Dias depois, Maria Auxiliadora denunciou Vilma. Policiais já afirmavam que tinham certeza da participação da mãe de criação no crime.

Denúncia
Na noite de ontem, a promotora Ana Cláudia Guimarães encaminhou à Justiça denúncia contra Vilma por sequestro qualificado e registro falso de nascimento. Se condenada, ela pode pegar de 4 a 11 anos de prisão.

No entendimento do Ministério Público de Brasília, o prazo para prescrição do crime de sequestro só começou a contar a partir do dia 7 de novembro, quando exame de DNA mostrou que Pedrinho era filho de Maria Auxiliadora e de Jayro Tapajós.

A promotoria fundamentou o pedido com o conceito de 'cessão de permanência do crime'. Ou seja, o sequestro é um crime permanente, que ocorre enquanto a vítima está em cativeiro.

Maria Auxiliadora disse que não teve contato com Pedrinho ontem, após a decisão da promotoria.

"Ainda não falamos com Pedrinho. Temo que essas coisas cheguem até ele, não por nós. Temo que não teremos a chance de explicar. Não sou eu que estou condenando, é a Justiça", disse.

Maria Auxiliadora afirmou que Pedrinho mantém contato por telefone com Jayro. No entanto, segundo o pai biológico, o adolescente "não comenta o fato em si".

O caso: veja como ocorreu o sequestro

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