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31/01/2003 - 11h18

Reconstituição de crime de cirurgião deve ocorrer no domingo

da Folha Online

A Polícia Civil deve realizar a reconstituição do assassinato da dona-de-casa Maria do Carmo Alves, 46, no próximo domingo. O cirurgião plástico Farah Jorge Farah, 53, que confessou o crime, pode se recusar a participar.

Rubens Cavallari/FI

Cirurgião durante depoimento à polícia
A polícia continua hoje a colher depoimentos de testemunhas. Devem ser ouvidos o irmão do médico e secretárias que trabalharam para ele. A polícia não acredita que o cirurgião tenha agido com o apoio de uma segunda pessoa. O inquérito deve ser concluído na próxima semana.

Ontem prestaram depoimento os pais do cirurgião. A mãe, Amália Farah, disse à polícia que foi chamada ao consultório do filho no último sábado. Ao chegar ao local, encontrou ele chorando, mas o cirurgião não disse o motivo.

Os pais disseram que só souberam do crime no domingo, após Farah avisar uma irmã sobre o assassinato. O crime ocorreu na última sexta-feira, e o corpo foi encontrado pela polícia na madrugada de segunda-feira.

Farah confessou o assassinato, mas disse que teve um lapso de memória e não soube dizer à polícia como matou a paciente, nem o motivo.

Assédio

Também estiveram na delegacia três pacientes que denunciaram supostos assédios sexuais cometidos pelo médico.

Uma delas, a telefonista Sandra Maria Pinto Sampaio, 40, disse que fez uma cirurgia para redução de mama em 1993 com Farah.

A telefonista afirmou que, durante a operação, foi beijada no rosto pelo médico. Sandra não denunciou o caso anteriormente pois não sabia se estava delirando por estar dopada. As denúncias deverão ser apuradas em outro inquérito.

Conversa

Uma conversa gravada pelo próprio médico, revelada ontem pela polícia, indica que Farah e Maria do Carmo mantinham uma relação íntima. Na gravação, o médico reclama que Maria do Carmo teria ligado para ele durante a madrugada.

Em um dos trechos, o médico faz ameaça a uma mulher que, segundo Maria do Carmo, estaria sendo assediada por ele.

Segundo a polícia, Farah gravava suas conversas telefônicas porque queria ter provas de que recebia ameaças supostamente feitas por Maria do Carmo.

Veja trechos do diálogo:

"Farah - Você que me ligou às 2h30 da madrugada?

Maria do Carmo - Não, quem te ligou às 2h30?

Farah - Você me ligou às 2h30.

Maria do Carmo - Não. Eu liguei mais cedo. Olha bem o horário. Eu não vou te ligar de madrugada. Você me chama de louca, mas eu não sou tão louca assim.

Farah - Eu não te chamo de louca. Não dê bola para quem fala da gente. A pior coisa do mundo é quando uma pessoa fica ouvindo o que a outra fala. E você sabe muito bem que tem gente que adora ver briga de outras pessoas. O que te falarem entra por um ouvido e sai pelo outro. Até agora, há três anos, estou tendo paciência para aguentar uma pessoa. A partir desse mês não vou ter mais. Eu vou virar o barco e essa pessoa que está te ferrando vai se ferrar de vez.

Maria - A gente tem que fazer o feitiço virar contra o feiticeiro. Tem gente que faz a gente brigar por qualquer coisa.

Farah - Então a gente faz. Eu volto te ligar amanhã, domingo ou segunda no seu celular.

Maria - Eu queria que um dia viesse aqui em casa, mesmo se o João [marido de Maria do Carmo] estiver aqui. Você fala com o João. Se você vier aqui, ele não vai fazer nada. Ele gosta de você.

Farah - Eu também gosto dele.

Maria - Todo mundo gosta dele. Ele é uma pessoa muito boa. Pode vir tranquilo. Ele não pode falar nada porque ele só paga o aluguel. Ele só mora aqui. Eu não tenho nada com ele. Então nós vamos hoje?

Farah - Espere que eu te ligo. Eu tenho um serviço para fazer. Se não conseguir terminar o serviço cedo...

Maria - Você é tão misterioso...Você está me achando gorda?

Farah - Eu não acho que você está muito gorda. Eu vou fazer uma conta. Sua altura?

Maria - 1,52 m, 1,53 m,...1,52 m e meio.

Farah - Quanto você pesa?

Maria - 66 quilos.

Farah - Seu máximo é 58. Tem que perder oito quilos. Mas tem que perder devagar porque pode virar pelanca caída."


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