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28/04/2003 - 21h30

Imigrantes anuncia nova onda migratória para o litoral paulista

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Embora especialistas apontem Praia Grande e Bertioga como alvos principais da propalada onda migratória para o litoral paulista em razão da segunda pista da rodovia dos Imigrantes, Santos projeta um inchaço populacional de quase 20% nos próximos dez anos.

Flávio Florido/Folha Imagem

Vista aérea das pistas sul e norte da rodovia dos Imigrantes
Na maior e mais densamente povoada cidade da Baixada Santista, a prefeitura prevê um incremento de 80 mil novos moradores até 2013.

Se a previsão se concretizar, haverá pouco espaço para tanta gente, e a já explosiva densidade demográfica de 10,5 mil habitantes por km² na área insular do município _39,4 km² que abrigam 99,5% da população_ saltará para 13 mil por km².

"O município pode ser comparado a um frasco, e a via rodoviária a um copo com água sendo despejado. De repente, a via se torna um jarro. Se o frasco não for ampliado, aquilo vai transbordar", afirmou Alberto Augusto Eichman Jakob, 32, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor da recém-concluída tese de doutorado "Análise Sócio-Demográfica da Constituição do Espaço Urbano da Baixada Santista".

Mas, seja qual for o município pelo qual optarem paulistanos em busca de melhor qualidade de vida, o aguardado "boom" populacional deverá requisitar inicialmente os milhares de imóveis de temporada mantidos vazios na maior parte do ano na região.

"Caso nossa previsão se confirme, os domicílios de uso ocasional [21 mil dos 170,5 mil de Santos, segundo o Censo 2000] deverão ser os primeiros a serem ocupados, até porque a construção civil leva um tempo para atender a uma demanda como essa", disse o engenheiro João Paulo Tavares Papa, vice-prefeito e secretário municipal de Planejamento.

Cidades

A demógrafa Rute Godinho, da Fundação Seade, órgão de pesquisa e estatística do governo estadual, também aponta os imóveis de temporada como o abrigo inicial da classe média migrante entusiasmada com as facilidades de acesso ao litoral proporcionadas pela nova estrada.

Para ela, entretanto, não será Santos o lugar prioritário para onde as futuras levas de novos moradores irão acorrer. "Se acontecer essa migração para o litoral, é bem provável que outros municípios sejam mais invadidos. Santos e São Vicente já são cidades de população consolidada com pessoal residente", disse.

Ela se baseia na reduzida taxa anual de migração entre 1991 e 2000 nos dois municípios (0,91 migrante por mil habitantes em São Vicente e -5,26 por mil em Santos) e no tamanho do lote de imóveis vagos em Praia Grande (58,2% do total de moradias) e Bertioga (60%), além de Mongaguá, no litoral sul (63,9%).

"Muito provavelmente, essas cidades vão sofrer um crescimento [populacional] maior [que Santos]. Tanto é que fizemos um trabalho para a Sabesp alertando para a probabilidade de um consumo maior de água nesses municípios", declarou.

Além disso, as populações de Bertioga e Praia Grande experimentaram na última década crescimento a taxas exponenciais _superiores a 10% ao ano no caso da primeira.

Para o pesquisador Alberto Jakob, isso também revela uma movimentação de moradores de Santos em direção a outras cidades da região. "Em Santos, a fragmentação das famílias mais antigas produz uma migração intrametropolitana que vem ganhando peso no decorrer do tempo. Por causa do custo do solo, os filhos dessas famílias acabam indo para municípios vizinhos", disse.


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