Publicidade
Publicidade
13/04/2004
-
20h35
da Folha Online
O secretário da Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, entregou nesta terça-feira ao secretário Nacional de Segurança Pública, Luís Fernando Corrêa, documento no qual o governo do Estado aceita ajuda militar no combate à violência. O secretário Nacional de Segurança Pública foi ao Rio por determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Garotinho pediu o envio de 4.000 homens das Forças Armadas para atuarem no cerco e no controle de áreas em conflito. Corrêa disse não ser necessário o envio de tropas para ajudar no combate à criminalidade no Rio, mas afirmou que encaminhará o pedido de Garotinho às autoridades responsáveis.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, criticou a forma como o governo estadual fez o pedido de envio das Forças Armadas. Segundo o ministro, é preciso obedecer requisitos legais dos quais o principal é a insuficiência ou a ausência das forças "normais" --polícias Federal, Militar e Civil-- na região.
"Isso não se faz assim: olha me manda 3.000 homens ou me manda 500 homens. Não. Isso se faz com planejamento global e com a assunção das Forças Armadas no comando da segurança da região", afirmou.
Leia a íntegra do documento enviado pelo governo do Rio:
"Senhor Ministro:
Considerando que o município do Rio de Janeiro, como as demais metrópoles brasileiras, com suas mais de 600 favelas, vem concentrando a atenção de todas as autoridades policiais, pelas proporções que atingiu o crime organizado --tráfico de drogas e armas de fogo;
Considerando que a peculiar topografia do Rio de Janeiro --com os morros debruçados sobre o mar-- e a irresponsável ausência de políticas urbanas capazes de ordenar a ocupação do solo vêm favorecendo, há décadas, a ação criminosa dos traficantes e suas facções;
Considerando que os morros e as favelas constituem-se nas bases operacionais dos traficantes, os quais, com o dinheiro conseguido com a venda de drogas, compram armas de guerra, em sua maioria, contrabandeadas, e disputam os territórios;
Considerando que o tráfico de drogas vem gerando intranqüilidade e insegurança no seio da população brasileira, violando os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, constituindo-se na gênese de diversas outras ações criminosas, com reflexos danosos na economia e na imagem nacional e internacional do Rio de Janeiro;
Considerando que a ousadia dos traficantes tem sua origem na quantidade e na qualidade de armamento de uso restrito e proibido, cujo controle e fiscalização são atribuições da União;
Considerando a tendência mundial em países democráticos de participação das Forças Armadas no apoio, seja operacional e nas áreas da logística e da inteligência, no combate à criminalidade e na manutenção da ordem pública;
Considerando que as instituições fluminenses estão funcionando na plenitude das suas atribuições e as polícias estão coibindo as ações criminosas e ocupando as áreas em conflito --Rocinha e Vidigal;
Considerando, finalmente, que os traficantes de drogas estão recrutando marginais e armas em outras áreas:
O governo do Estado do Rio de Janeiro decide aceitar a oferta de apoio da União, na cessão de parcela de suas forças militares, como forma de dividir responsabilidades no âmbito da segurança pública estadual, resguardando o princípio federativo.
Tal apoio deverá ser utilizado para o cerco e o controle das áreas em conflito, conjunturalmente selecionadas pelo governo do Estado. Atualmente, atendidas as prioridades de segurança, as áreas, conforme mapa em anexo, são as seguintes:
- Borel;
- Complexo do Alemão;
- Complexo de São Carlos;
- Dendê;
- Jacarezinho;
- Mangueira;
- Complexo da Maré; e
- Metral
O governo do Estado estima que, para esse apoio, seja necessária uma quantidade mínima de 4.000 homens, a serem selecionados dentre os mais qualificados das tropas federais, tais como pára-quedistas, forças especiais e fuzileiros navais.
Estima, também, que esse apoio seja mantido até que o Estado do Rio de Janeiro incorpore semelhante contingente às suas forças policiais, cujo processo de recrutamento e seleção já está em curso. O governo do Estado deixa a critério da União sugerir as formas pelas quais, no limite de suas atribuições constitucionais, exercerá esse apoio.
Esta decisão do governo do Estado do Rio de Janeiro, de caráter imediato e conjuntural, está longe de se constituir numa solução definitiva. Ao contrário, o governo confia que a União efetivamente implemente sua política de segurança pública, coibindo os tráficos de drogas e armas, resguardando suas fronteiras e fornecendo os recursos financeiros prometidos.
Rio de Janeiro, 13 de abril de 2004.
Anthony Garotinho
Secretário de Estado de Segurança Pública"
Leia mais
Ministro da Justiça critica forma como Rio pediu apoio federal
Rio pede 4.000 homens das Forças Armadas para combater violência
PMs reclamam da falta de equipamentos para trabalhar na Rocinha
Governadora diz que violência na Rocinha é fato isolado
Especial
Veja mais sobre o tráfico no Rio
Leia íntegra do documento enviado pelo Rio ao ministro da Justiça
Publicidade
O secretário da Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, entregou nesta terça-feira ao secretário Nacional de Segurança Pública, Luís Fernando Corrêa, documento no qual o governo do Estado aceita ajuda militar no combate à violência. O secretário Nacional de Segurança Pública foi ao Rio por determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Garotinho pediu o envio de 4.000 homens das Forças Armadas para atuarem no cerco e no controle de áreas em conflito. Corrêa disse não ser necessário o envio de tropas para ajudar no combate à criminalidade no Rio, mas afirmou que encaminhará o pedido de Garotinho às autoridades responsáveis.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, criticou a forma como o governo estadual fez o pedido de envio das Forças Armadas. Segundo o ministro, é preciso obedecer requisitos legais dos quais o principal é a insuficiência ou a ausência das forças "normais" --polícias Federal, Militar e Civil-- na região.
"Isso não se faz assim: olha me manda 3.000 homens ou me manda 500 homens. Não. Isso se faz com planejamento global e com a assunção das Forças Armadas no comando da segurança da região", afirmou.
Leia a íntegra do documento enviado pelo governo do Rio:
"Senhor Ministro:
Considerando que o município do Rio de Janeiro, como as demais metrópoles brasileiras, com suas mais de 600 favelas, vem concentrando a atenção de todas as autoridades policiais, pelas proporções que atingiu o crime organizado --tráfico de drogas e armas de fogo;
Considerando que a peculiar topografia do Rio de Janeiro --com os morros debruçados sobre o mar-- e a irresponsável ausência de políticas urbanas capazes de ordenar a ocupação do solo vêm favorecendo, há décadas, a ação criminosa dos traficantes e suas facções;
Considerando que os morros e as favelas constituem-se nas bases operacionais dos traficantes, os quais, com o dinheiro conseguido com a venda de drogas, compram armas de guerra, em sua maioria, contrabandeadas, e disputam os territórios;
Considerando que o tráfico de drogas vem gerando intranqüilidade e insegurança no seio da população brasileira, violando os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, constituindo-se na gênese de diversas outras ações criminosas, com reflexos danosos na economia e na imagem nacional e internacional do Rio de Janeiro;
Considerando que a ousadia dos traficantes tem sua origem na quantidade e na qualidade de armamento de uso restrito e proibido, cujo controle e fiscalização são atribuições da União;
Considerando a tendência mundial em países democráticos de participação das Forças Armadas no apoio, seja operacional e nas áreas da logística e da inteligência, no combate à criminalidade e na manutenção da ordem pública;
Considerando que as instituições fluminenses estão funcionando na plenitude das suas atribuições e as polícias estão coibindo as ações criminosas e ocupando as áreas em conflito --Rocinha e Vidigal;
Considerando, finalmente, que os traficantes de drogas estão recrutando marginais e armas em outras áreas:
O governo do Estado do Rio de Janeiro decide aceitar a oferta de apoio da União, na cessão de parcela de suas forças militares, como forma de dividir responsabilidades no âmbito da segurança pública estadual, resguardando o princípio federativo.
Tal apoio deverá ser utilizado para o cerco e o controle das áreas em conflito, conjunturalmente selecionadas pelo governo do Estado. Atualmente, atendidas as prioridades de segurança, as áreas, conforme mapa em anexo, são as seguintes:
- Borel;
- Complexo do Alemão;
- Complexo de São Carlos;
- Dendê;
- Jacarezinho;
- Mangueira;
- Complexo da Maré; e
- Metral
O governo do Estado estima que, para esse apoio, seja necessária uma quantidade mínima de 4.000 homens, a serem selecionados dentre os mais qualificados das tropas federais, tais como pára-quedistas, forças especiais e fuzileiros navais.
Estima, também, que esse apoio seja mantido até que o Estado do Rio de Janeiro incorpore semelhante contingente às suas forças policiais, cujo processo de recrutamento e seleção já está em curso. O governo do Estado deixa a critério da União sugerir as formas pelas quais, no limite de suas atribuições constitucionais, exercerá esse apoio.
Esta decisão do governo do Estado do Rio de Janeiro, de caráter imediato e conjuntural, está longe de se constituir numa solução definitiva. Ao contrário, o governo confia que a União efetivamente implemente sua política de segurança pública, coibindo os tráficos de drogas e armas, resguardando suas fronteiras e fornecendo os recursos financeiros prometidos.
Rio de Janeiro, 13 de abril de 2004.
Anthony Garotinho
Secretário de Estado de Segurança Pública"
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice