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25/07/2004
-
07h46
da Folha de S.Paulo
"Preservar as áreas de mananciais deveria ser uma prioridade para o poder público tão grande quanto combater a violência, afinal a água é indispensável à vida e às atividades produtivas."
A afirmação de Samuel Barrêto, coordenador do Programa Água para a Vida do WWF Brasil, pode até parecer ingênua, mas resume o que ambientalistas e especialistas em recursos hídricos disseram à Folha ao avaliar o aumento nos custos de tratamento da água na Grande São Paulo mesmo depois de se terem investido milhões no Programa Guarapiranga.
"Não adianta mais o poder público fingir que protege, a população fingir que acredita e a água ficar cada vez mais cara e pior", afirma Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica.
Para ele, são os governos os principais indutores das ocupações ilegais nos mananciais porque tomam decisões que não levam em consideração a necessidade de proteger as fontes de água. A opinião é compartilhada por Barrêto. "Falta o olhar integrado da administração e do planejamento. Estamos sempre remediando. Tratamento é isso."
"Historicamente sempre existiu conivência entre políticos locais e grileiros de terras nas áreas de mananciais. A corrupção e o clientelismo são cardápios suculentos para a degradação ambiental", diz Pedro Roberto Jacobi, vice-presidente do Procam (Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental) da USP.
"Os grandes beneficiados com as invasões estão, em anos como este, com placas e faixas por todos os bairros", afirma, fazendo uma alusão aos candidatos a vereador.
Para Jacobi, o poder público foi muito paternalista em relação a ocupações e precisa mudar de postura. "Houve, sim, paternalismo, mas é difícil medir o quanto isso levou à ocupação e o quanto foi necessidade mesmo por falta de uma política de habitação", rebate Ricardo Araújo, da Sabesp.
"Tecnicamente é possível recuperar represas degradadas. Isso foi feito em lagos nos Estados Unidos, mas a um custo altíssimo, que não precisamos pagar", diz Mônica Porto, professora de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP.
Ela diz que se deve "acenar com a cenoura" para os municípios se motivarem a preservar as áreas de mananciais. Uma forma seria dar uma compensação financeira, nos moldes do ICMS ecológico.
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"Preservar as áreas de mananciais deveria ser uma prioridade para o poder público tão grande quanto combater a violência, afinal a água é indispensável à vida e às atividades produtivas."
A afirmação de Samuel Barrêto, coordenador do Programa Água para a Vida do WWF Brasil, pode até parecer ingênua, mas resume o que ambientalistas e especialistas em recursos hídricos disseram à Folha ao avaliar o aumento nos custos de tratamento da água na Grande São Paulo mesmo depois de se terem investido milhões no Programa Guarapiranga.
"Não adianta mais o poder público fingir que protege, a população fingir que acredita e a água ficar cada vez mais cara e pior", afirma Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica.
Para ele, são os governos os principais indutores das ocupações ilegais nos mananciais porque tomam decisões que não levam em consideração a necessidade de proteger as fontes de água. A opinião é compartilhada por Barrêto. "Falta o olhar integrado da administração e do planejamento. Estamos sempre remediando. Tratamento é isso."
"Historicamente sempre existiu conivência entre políticos locais e grileiros de terras nas áreas de mananciais. A corrupção e o clientelismo são cardápios suculentos para a degradação ambiental", diz Pedro Roberto Jacobi, vice-presidente do Procam (Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental) da USP.
"Os grandes beneficiados com as invasões estão, em anos como este, com placas e faixas por todos os bairros", afirma, fazendo uma alusão aos candidatos a vereador.
Para Jacobi, o poder público foi muito paternalista em relação a ocupações e precisa mudar de postura. "Houve, sim, paternalismo, mas é difícil medir o quanto isso levou à ocupação e o quanto foi necessidade mesmo por falta de uma política de habitação", rebate Ricardo Araújo, da Sabesp.
"Tecnicamente é possível recuperar represas degradadas. Isso foi feito em lagos nos Estados Unidos, mas a um custo altíssimo, que não precisamos pagar", diz Mônica Porto, professora de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP.
Ela diz que se deve "acenar com a cenoura" para os municípios se motivarem a preservar as áreas de mananciais. Uma forma seria dar uma compensação financeira, nos moldes do ICMS ecológico.
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