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31/08/2006
-
09h36
CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
A economia brasileira registrou uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses deste ano, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Trata-se do pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2005, quando houve recuo de 1,2%. O resultado fraco foi puxado pela indústria. No primeiro trimestre, o PIB teve avanço de 1,4%.
No primeiro semestre, houve um crescimento de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado e o crescimento anualizado foi de 1,7%.
Segundo analistas ouvidos pela Folha Online, o crescimento fraco divulgado hoje põe em risco a meta mais modesta já divulgada por integrantes do governo Lula para a expansão econômica deste ano, de 4%.
Na média, analistas de mercado esperam um crescimento de apenas 3,5% neste ano, segundo o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central a partir de consultas a mais de cem analistas de mercado. A Folha Online ouviu expectativas que variam entre 3,3% e 3,8%.
Quando ainda era ministro da Fazenda, Antonio Palocci prometia para este ano um crescimento semelhante ao de 2004 (4,9%). O ministro Guido Mantega assumiu o ministério com a promessa de crescimento de 4,5%. Depois passou a falar em algo entre 4% e 4,5%, assim como seu colega Paulo Bernardo (Planejamento). Já a meta do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é de 4%.
Diversos representantes do governo atribuíram a queda na atividade industrial e no comércio a fatores pontuais no segundo trimestre ao número menor de dias úteis e a paralisações em razão de jogos da Copa do Mundo e de greves.
Analistas afirmaram, entretanto, que apesar da continuidade do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic), que ontem caiu para 14,25%, a menor em dez anos, a economia brasileira ainda carece de mudanças estruturais, como aumento de investimentos e implementação de reformas tributária e política.
Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos produtivos do país, caiu 2,2% sobre os três primeiros meses, o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2003 (-3%).
Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento, a taxa de investimentos aquém da necessária ainda é o principal fator a inibir um crescimento econômico mais vigoroso no país.
'Faltam motivos mais enfáticos para que o empresariado retome os investimentos. Falta um estímulo adicional do ponto de vista estrutural para que as empresas se comprometam a investimentos de mais longo prazo.'
Estevão Kopschitz, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), considera 'impossível' chegar a um crescimento de 4% no ano e prefere falar em 'erro de avaliação' ao comentar a estimativa do governo.
'Isso talvez diminua o senso de urgência da continuidade das reformas para pensar que o Brasil precisa crescer mais, em vez de só esperar que os juros caiam', disse.
Além disso, Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, lembra do efeito da apreciação cambial sobre as empresas exportadoras.
'Há que se reconhecer o papel desempenhado pela forte apreciação cambial no primeiro semestre (15% sobre o mesmo período do ano passado), tendo em vista que tal situação tem influenciado negativamente o faturamento das firmas exportadoras, provocado maior substituição de produção doméstica por produtos importados e diminuído a capacidade de investimento dessas empresas.'
Indústria
O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2006, a expansão acumulada é de 2,2% e, nos últimos 12 meses, de 1,7%.
A indústria teve o pior desempenho entre os setores que compõem o PIB, com queda de 0,3% no período abril-junho em relação ao primeiro trimestre. A agropecuária subiu 0,8% e colheu o melhor resultado. Já os serviços tiveram avanço de 0,6.
Já o consumo do governo apresentou crescimento de 0,8% no segundo trimestre e o consumo das famílias, de 1,2%.
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da Folha Online, no Rio
A economia brasileira registrou uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses deste ano, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Trata-se do pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2005, quando houve recuo de 1,2%. O resultado fraco foi puxado pela indústria. No primeiro trimestre, o PIB teve avanço de 1,4%.
No primeiro semestre, houve um crescimento de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado e o crescimento anualizado foi de 1,7%.
Segundo analistas ouvidos pela Folha Online, o crescimento fraco divulgado hoje põe em risco a meta mais modesta já divulgada por integrantes do governo Lula para a expansão econômica deste ano, de 4%.
Na média, analistas de mercado esperam um crescimento de apenas 3,5% neste ano, segundo o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central a partir de consultas a mais de cem analistas de mercado. A Folha Online ouviu expectativas que variam entre 3,3% e 3,8%.
Quando ainda era ministro da Fazenda, Antonio Palocci prometia para este ano um crescimento semelhante ao de 2004 (4,9%). O ministro Guido Mantega assumiu o ministério com a promessa de crescimento de 4,5%. Depois passou a falar em algo entre 4% e 4,5%, assim como seu colega Paulo Bernardo (Planejamento). Já a meta do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é de 4%.
Diversos representantes do governo atribuíram a queda na atividade industrial e no comércio a fatores pontuais no segundo trimestre ao número menor de dias úteis e a paralisações em razão de jogos da Copa do Mundo e de greves.
Analistas afirmaram, entretanto, que apesar da continuidade do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic), que ontem caiu para 14,25%, a menor em dez anos, a economia brasileira ainda carece de mudanças estruturais, como aumento de investimentos e implementação de reformas tributária e política.
Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos produtivos do país, caiu 2,2% sobre os três primeiros meses, o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2003 (-3%).
Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento, a taxa de investimentos aquém da necessária ainda é o principal fator a inibir um crescimento econômico mais vigoroso no país.
'Faltam motivos mais enfáticos para que o empresariado retome os investimentos. Falta um estímulo adicional do ponto de vista estrutural para que as empresas se comprometam a investimentos de mais longo prazo.'
Estevão Kopschitz, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), considera 'impossível' chegar a um crescimento de 4% no ano e prefere falar em 'erro de avaliação' ao comentar a estimativa do governo.
'Isso talvez diminua o senso de urgência da continuidade das reformas para pensar que o Brasil precisa crescer mais, em vez de só esperar que os juros caiam', disse.
Além disso, Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, lembra do efeito da apreciação cambial sobre as empresas exportadoras.
'Há que se reconhecer o papel desempenhado pela forte apreciação cambial no primeiro semestre (15% sobre o mesmo período do ano passado), tendo em vista que tal situação tem influenciado negativamente o faturamento das firmas exportadoras, provocado maior substituição de produção doméstica por produtos importados e diminuído a capacidade de investimento dessas empresas.'
Indústria
O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2006, a expansão acumulada é de 2,2% e, nos últimos 12 meses, de 1,7%.
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