Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/04/2007 - 09h07

Conselho do Bird conclui reunião sem decidir sobre Wolfwitz

Publicidade

da Efe, em Washington

O Conselho Executivo do Bird (Banco Mundial) concluiu a sua reunião desta quarta-feira sem tomar uma decisão sobre o futuro do presidente da instituição, Paul Wolfowitz, que sofre fortes pressões para renunciar.

O conselho, integrado por 24 diretores executivos que representam os 185 países do Bird, procura determinar que medidas adotar num caso sem precedentes. O escândalo foi provocado pela promoção e pelo aumento de salário que Wolfowitz decretou para Shaha Ali Riza, sua namorada e funcionária do órgão.

A exaustiva reunião mostrou uma grande divisão no Conselho. Estados Unidos, Japão, Canadá e vários países africanos apóiam um debilitado Wolfowitz. Europa, com o Reino Unido, Alemanha e Holanda à frente, temem que a polêmica provoque um dano irreparável à credibilidade do Banco.

Howard Burditt/Reuters
Paul Wolfowitz é acusado de nepotismo ao promover namorada
Paul Wolfowitz é acusado de nepotismo ao promover namorada
A bola está no campo dos EUA, maiores acionistas do Banco. O país tem 16,4% dos votos no Conselho, seguido pelo Japão, com 7,9%.

Para a aprovação de uma decisão importante, é necessária uma maioria de 85%. Assim, os EUA têm controle suficiente para bloquear qualquer medida de peso.

EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França são os únicos países que contam com cadeiras próprias no Conselho. Os outros 19 diretores representam blocos de Estados-membros.

Os pedidos para que Wolfowitz renuncie já vêm de membros do mais alto escalão do Bird. Na quarta-feira, 18, Graeme Wheeler, um dos dois diretores-gerentes do banco, pediu a Wolfowitz que abandone suas funções, "pelo bem da organização". O cargo de diretor-gerente é o mais alto da instituição financeira, logo abaixo do ocupado por Wolfowitz.

O outro diretor-gerente é o ex-ministro de Fazenda salvadorenho Juan José Daboub. Ambos foram escolhidos para seus respectivos cargos pelo próprio Wolfowitz, em abril de 2006.

Analistas renomados e figuras do mundo acadêmico também disseram à Efe que reprovam a permanência de Wolfowitz à frente do Bird.

Os pedidos de renúncia começaram após a descoberta de que Wolfowitz havia ordenado pessoalmente uma promoção e um considerável aumento de salário para sua namorada, Shaha Ali Riza, uma britânica de origem árabe, que foi transferida ao Departamento de Estado após a chegada de Wolfowitz ao Bird.

As regras do Banco proíbem que os casais se supervisionem, ou tenham o mesmo nível de autoridade.

Desculpas

Na semana passada, Wolfowitz reconheceu ter cometido um "erro", e pediu perdão publicamente. Ele explicou que adotou a medida depois que o próprio Conselho Executivo rejeitou seu pedido para ficar alheio ao processo.

No entanto, Colin Bradford, um analista do centro de estudos Brookings Institution, e assessor para temas de desenvolvimento durante a Presidência de Bill Clinton, acredita que o deslize de Wolfowitz "não tem justificativa".

"Suas ações falam mais alto que suas palavras", afirmou Bradford, que considera "absolutamente necessário" que Wolfowitz renuncie, lembrando que ele chegou ao banco com a proposta de combater a corrupção.

O analista acredita que tanto Wolfowitz como sua namorada tiveram a possibilidade de escolher e o fizeram.

Bradford defende que o presidente do Bird deveria ter se recusado a tomar a medida. Sustentou, ainda, que o ex-subsecretário de Defesa colocou seus interesses privados na frente dos da instituição financeira.

Tanto Bradford como outros analistas consideram que a permanência de Wolfowitz ameaça a credibilidade e o próprio futuro do Bird.

"Wolfowitz já chegou ao banco em uma posição moral frágil, como um dos arquitetos da Guerra do Iraque, mas sua posição agora é simplesmente insustentável", disse Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard.

Segundo Rogoff, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Wolfowitz prejudicará a instituição, caso decida permanecer no poder.

Os analistas acham que, enquanto o governo americano apoiar Wolfowitz, será difícil forçar seu afastamento.

Casa Branca

A Casa Branca voltou a anunciar na quinta-feira seu apoio a Wolfowitz. Segundo diferentes fontes, ele teria proposto uma melhora na equipe de gestão e uma suavização no seu estilo de liderança, tentando assim manter seu cargo.

Roberto Dañino, ex-primeiro-ministro peruano e ex-assessor legal do Banco, disse numa entrevista à revista peruana "Caretas" que foi afastado por Wolfowitz do caso Riza. Ele havia afirmado que as propostas do presidente não se ajustavam aos padrões do BM. Dañino renunciou em setembro de 2005.

A ministra de Desenvolvimento alemã, Heidemarie Wieczorek-Zeul, disse, durante a Assembléia semestral conjunta do Bird e do FMI, que "ele (Paul Wolfwitz) é que precisa decidir, por si mesmo, se pode desempenhar suas obrigações com credibilidade".

Wolfowitz cancelou a sua participação numa conferência sobre saúde organizada pelo braço privado do BM, a Corporação Financeira Internacional (IFC).

Leia mais
  • Wolfowitz deveria renunciar ao Banco Mundial, diz "NY Times"
  • Bush diz confiar no presidente do Bird acusado de favorecer namorada
  • Wolfowitz elevou salário da namorada sem qualquer consulta, diz Bird
  • Funcionários do Banco Mundial pedem renúncia de Wolfowitz
  • Salário da namorada do líder do Banco Mundial sofre investigação

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Paul Wolfowitz
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página